Um living que se inspira e reflete arte, tornando-a protagonista. Essa é a premissa da Casa Vida&Arte, dedicada à plataforma voltada para cultura e entretenimento do O POVO e que ganha assinatura da arquiteta Gabriela Picanço.
Em 60m², os visitantes e convidados podem desfrutar da versátil arte cearense. Logo na fachada, o grande painel modelado de Gabriela Rodrigues. A mistura de dança, texturas e cores é também uma representação da relação da arquiteta com a dança e de como essa arte ultrapassa fronteiras e supera barreiras.
As cores da obra se misturam ao verde do paisagismo, que adentra indiretamente ao ambiente por meio da transparência dos vidros das paredes. A escolha desse tipo de estrutura serve de convite para quem passeia pela CasaCor Ceará 2025. Afinal, os visitantes são atraídos pelo conteúdo visível a quem estiver do lado de fora.
"Essas percepções se cruzam. A arte vai estar em cada momento do espaço. Se (a pessoa) estiver fora, o percebe de uma maneira. Se está dentro, vai ter outra experiência. Quis trazer um ambiente permeável, que desse vontade de entrar, de permanecer, e que a arte estivesse ali", detalha a arquiteta.
Enquanto a vida acontece, a arte atravessa o trivial, de acordo com Gabriela. O minimalismo característico do modernismo brasileiro é percebido por elementos como aberturas e vazios, deixando a travessia mais orgânica, assim como a paleta de cores neutra, inclusive do mobiliário, que permitem que a arte seja o destaque.
A sustentabilidade também se faz presente. A construção chamada de seca não utiliza concreto, o que reduz a emissão de gases poluentes. No lugar dele, estruturas modulares, produzidas no Ceará, já chegaram à Rua Tibúrcio Cavalcante, número 607, montadas, prontas para serem instaladas sobre um aterro com resíduos da edição anterior da CasaCor.
Os móveis são obras de arte assinadas por designers e artesãos. Para as conversas que acontecem no espaço, cadeiras e poltronas da BS Home. A escultura de Sérvulo Esmeraldo conversa com o sofá orgânico bordô também da BS Home. Além do projeto, Gabriela Picanço assina ainda o design do tapete, uma peça orgânica que delimita o percurso e conecta a escultura ao sofá. Mais obras são expostas na grande estante.
Ao longo dos 45 dias da mostra, a Casa Vida&Arte também será resodência de obras de diferentes tipologias, criadas por artistas como Érico Gondim, Auxi Silveira, Carlus Campos, Cadeh Juaçaba e Bianca Misino.
"A arquitetura é algo que eu acredito como filosofia. E ela precisa ser generosa, pano de fundo para que algo brilhe mais. Nesse caso, a arte é sempre a cereja do bolo, o que merece ser detacado", completa Gabriela Picanço.
Para Neuma Figueiredo, diretora-geral do evento, a Casa Vida&Arte é mais do que um ambiente. "É uma celebração da nossa cultura, das nossas raízes e da potência criativa cearense". A ideia de criar um espaço que simbolizasse encontro, permanência e movimento trouxe à memória, automaticamente, a força simbólica e editorial do Vida&Arte.
"Essa parceria surgiu com naturalidade, pois o caderno há décadas inspira leitores com jornalismo cultural sensível, diverso e comprometido com a arte em todas as suas formas", descreve. Já o convite à Gabriela Picanço foi uma escolha que traduziu em arquitetura o que o Vida&Arte faz com palavras e imagens: provocar sensações, valorizar talentos locais e estimular a convivência.
Dentre os pontos de destaque, para a diretora, está a escultura de Sérvulo Esmeraldo, um presente para os olhos e a alma e uma homenagem que ecoa o que somos e o que sonhamos ser; assim como a parceria com a CTLOC, que inova e apresenta uma solução de obra limpa e ágil.
"Acredito que a Casa Vida&Arte vai surpreender. É um ambiente que resgata o modernismo brasileiro com uma linguagem contemporânea e sustentável. Uma verdadeira experiência sensorial e afetiva", completa Neuma.
Imagem que transborda
Além do mesmo nome e da formação, a artista Gabriela Rodrigues divide com Gabriela Picanço o amor pela dança. A temática que tanto inspira as duas deu origem a um painel que comunica e celebra a linguagem, a partir de um ensaio que foi gravado de improviso com amigos dançarinos. "Falei um pouco sobre o que eu queria nessa arte, quase uma ciranda, dançando e se conectando. É uma arte original desde a concepção, com bailarinos reais", descreve a autora da obra.
O vídeo, então, foi ponto de partida para Gabriela Rodrigues criar uma ilustração, transformada em um painel de 8,4m x 1,33m que estampa a parte externa da Casa Vida&Arte. As tonalidades presentes em itens como estofados e tapetes também estão visíveis para quem está do lado de fora do ambiente. A ideia, ela explica, era unificar e conectar o externo com o interno.
Após passar pela porta de entrada, o visitante tem a oportunidade de conhecer outro elemento forte do trabalho da artista. O painel modelado, que virou a sua marca há cerca de um ano, é aplicado diretamente na parede interna, de 5,7m x 1,33m. De gesso esculpido, representa o verso da arte externa, em relevo e todo off white. "A ideia é que essa parte de dentro converse com o ambiente, com as cores e materiais presentes".
Um mestre por outro mestre
Os traços de Carlus Campos já são conhecidos pelos leitores do O POVO. Suas obras compõem reportagens, ilustram matérias e dão um toque especial a efemérides e publicações editoriais.
O convite para criar
uma arte para a CasaCor Ceará veio para homenagear e ser homenageado. O briefing foi objetivo:
criar uma peça que remetesse ao Mestre Espedito Seleiro.
"A obra é uma releitura dos grafismos do mestre e uma interpretação livre do seu rosto através da xilogravura. O processo da construção começou com a escolha da madeira. Definido o formato, as goivas entraram em ação cortando, definindo o desenho com muita improvisação", descreve Carlus.
Esse estilo de obra, explica o artista, leva cerca de cinco dias para ser concluída, da escolha da madeira à conclusão da arte em si. Para Carlão - como é conhecido na Redação do O POVO - sua relação com Espedito e com suas criações é de admiração. "Meu trabalho carrega muito de influência da arte popular de uma forma geral", completa.
A peça está mantida sob sigilo até a abertura do evento, na próxima terça-feira, 30 - mas ficará disponível para apreciação na Casa Vida&Arte durante os 45 dias de evento.