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Gabriela Picanço: a arquiteta que reside entre a autenticidade e o propósito
Vida & Arte

Gabriela Picanço: a arquiteta que reside entre a autenticidade e o propósito

À frente da Casa Vida&Arte na CasaCor Ceará 2025, Gabriela Picanço revela como dança, funcionalidade e identidade moldam seu traço na arquitetura e no design
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FORTALEZA-CE, BRASIL, 23-09-2025:  Arquiteta Gabriela Picanço. Casa Cor Ceará 2025. (Foto: Júlio Caesar/O Povo)  (Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR FORTALEZA-CE, BRASIL, 23-09-2025: Arquiteta Gabriela Picanço. Casa Cor Ceará 2025. (Foto: Júlio Caesar/O Povo)

"É transformar um espaço em lugar. O lugar é quando seu cérebro reconhece um espaço e se apropria dele de alguma maneira", responde Gabriela Picanço, ao ser questionada sobre como enxerga a arquitetura.

Com 30 anos de idade e 5 de carreira, a cearense está à frente do escritório de Arquitetura e Interiores que leva seu nome, e, este ano, se encarrega também da Casa Vida&Arte na 27ª edição da CasaCor Ceará.

Graduada pela Universidade de Fortaleza (Unifor), com extensão em Gestão de Obra pela Universidade de Belas Artes, Gabi enxerga em cada projeto uma oportunidade de harmonizar a funcionalidade com a estética. Contra aleatoriedades e tendências vazias, que se confundem com o design de interiores, ela acredita que seu processo criativo parte diretamente da identidade de quem vai usar aquele ambiente.

"Sei que estou no caminho certo quando o cliente para de chamar de obra e passa a chamar de minha casa. Por isso, quando você vê um projeto meu, nunca a minha assinatura vai se sobressair à personalidade do cliente. Muitas vezes, ele me procura e não sabe o que quer. Então, faz parte do processo elaborar uma proposta que traduza aquela pessoa, que ajude-a a descobrir o que ela precisa", explica.

CasaCor Ceará 2025

  • Quando: visitação de quinta-feira, 2 de outubro, a domingo, 16 de novembro
  • Horário: terça-feira a sábado, das 16h às 22h; domingos, das 15h às 21 horas
  • Onde: Rua Tibúrcio Cavalcante, 607 - Meireles
  • Quanto: R$ 96 (inteira); R$ 48 (meia-entrada); e R$ 76 (valor promocional de pré-venda com 20% de desconto)
  • Ingressos: appcasacor.com.br/events/ceara-2025/tickets
  • Mais informações: no Instagram @casacorceara

Dos palcos aos tablados

Antes de se preocupar com planta baixa, topografia e estudos preliminares, a vida de Gabi girava em torno de ensaios para festivais e mostras. Dançarina em tempo integral dos 3 aos 21 anos, ela chegou a estrelar em palcos da Broadway, em Nova York, aos 15. Após pausar a carreira de bailarina por sete anos, devido ao TCC, ela retornou há três anos e afirma que, em cada cômodo, consegue ver uma cena se construindo.

"Meu jeito de fazer arquitetura vem muito dessa relação coreográfica. A dança nos ensina a achar soluções sob pressão, além de ensinar sobre disciplina, resiliência e persistência. Hoje, vejo a dança como esse lugar que meu corpo sempre irá lembrar e vai conseguir voltar", conta.

 

Identidade cearense

Em 2025, a arquiteta foi finalista do Design Tank, o maior concurso de imersão em design da América Latina. Com um intensivo de uma semana, os dez participantes têm três dias para desenvolver um produto autoral, desde a fase de embasamento do público-alvo, até a pesquisa e execução.

Única representante do Ceará, Gabriela levou o primeiro lugar na competição, que aconteceu em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, ao desenvolver um produto autêntico que aguarda a liberação do programa para ser divulgado.

"O RS é o maior polo moveleiro do Brasil, então, para eles, é o quintal de casa. Eu olhava para os demais profissionais e, para eles, era algo muito mais acessível do que para mim. Senti que havia cruzado o País, mas ainda estava muito distante. Quando fui premiada, foi uma surpresa. Fiquei feliz por poder trazer essa tradição deles, que fazem isso há gerações, para o nosso olhar de mercado, que ainda tem muito para se firmar e se desenvolver", explica.

 

Traduzir o outro

Além de projetos arquitetônicos e técnicos, Gabriela vê no design de produtos uma forma de personalizar as ideias para seus clientes e de traduzir as pessoas em espaços.

Nesse escopo, sua criação deu origem a duas cadeiras que representam sua prioridade por unir o que é autêntico à funcionalidade.

"Alguns dos nossos clientes têm móveis desenhados exclusivamente para eles, e isso fez com que eu me identificasse como designer de produtos também. A poltrona CUB, por exemplo, surgiu de uma necessidade pessoal minha, desenhei para mim, e as pessoas foram comprando com o tempo", relata.

Com estrutura metálica e minimalista, que preza por traços retos, a cadeira conta com um apoio marrom, em contraste com o acolchoamento cinza. A partir dela, a criação evoluiu para a Poltrona Iracema, em um contexto pós-pandêmico, em que Gabriela entendia que
as pessoas precisavam
ser abraçadas.

"A Iracema conta com um shape over, pois sinto que as pessoas estavam precisando desse aconchego. Ela é uma cadeira robusta, que conta com o couro, uma matéria-prima do nosso artesanato. O nome e seu design são uma homenagem à nossa identidade nordestina".

 

Para acompanhar o trabalho de Gabriela Picanço

  • Mais informações: @gabrielapicanco___

 

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