Trinta anos em estado de poesia. Três décadas de história. Quinze edições em que cada palavra é tocada, escutada, apreciada e, principalmente, compartilhada. Escritores, editoras, público e estados brasileiros se unem na festa literária que movimenta não só a economia, mas a cultura e — por que não? — o sonho.
A partir de sexta-feira, 3 de outubro, é realizada a XV Bienal Internacional do Livro de Pernambuco. Sob o tema "Ler é sentir cada palavra", o evento visa ampliar a valorização da leitura enquanto experiência sensorial e acessível. Além disso, deseja colocar o Nordeste em foco, promovendo encontros com outros estados.
O Ceará é um deles. De nomes premiados (como Mailson Furtado) a "caravana" de autores independentes que se mobilizaram para ir ao evento, a Bienal acolhe diferentes propostas, mostrando conexões literárias que ultrapassam fronteiras.
O Grupo de Comunicação O POVO se faz presente no evento. Com destaque para a homenagem ao dramaturgo pernambucano Luiz Marinho, a Fundação Demócrito Rocha (FDR) e O POVO contam com estande na feira. Além disso, O POVO faz cobertura multiplataforma, com publicações no jornal impresso, portal, redes sociais e informações no O POVO News.
Declarada Patrimônio Cultural Imaterial do Recife, a feira segue até 12 de outubro. Neste ano, a Bienal também é a grande homenageada, em um movimento de celebrar o legado construído. Entre confirmados estão autores como Mia Couto, Itamar Vieira Junior, Pedro Rhuas, Daniel Munduruku e Socorro Acioli.
Acioli, aliás, é citada pelo crítico literário Schneider Carpeggiani como autora incluída no "celeiro de best-sellers" do Nordeste. Curador desta edição, o crítico ressalta sua fala em um contexto "no qual o Nordeste volta a ter centralidade na literatura brasileira", tanto por números de livros mais vendidos quanto pela safra de autores
que têm surgido.
Assim, a Bienal chega aos 30 anos "em um momento especial", com preocupação de "colocar em foco os nossos autores nordestinos", segundo Carpeggiani. "É importante que os eventos literários nordestinos olhem para o que está sendo feito ao seu redor. Se os curadores nordestinos não se preocuparem com isso, a literatura dos autores nordestinos será silenciada", atesta.
Nesse sentido, critica o "projeto sistemático de silenciamento ou de olhar a região como algo exótico" visto em feiras literárias em outras regiões. Por isso, considera a perspectiva regional uma das características desta Bienal. "Pensando nisso também, a Bienal tem como homenageado não um autor ou autora, mas a poesia pernambucana. E esse é o momento, por exemplo, que o último destaque de literatura da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) foi para um livro de uma poeta pernambucana, a Adelaide Ivánova, com o seu 'Asma', um livro que fala muito das lutas do Nordeste contra o apagamento que o Sudeste/Sul sempre tentou fazer em relação a ele", pontua.
Com esses pensamentos é aberta a janela para os ecos do Nordeste serem escutados — e suas palavras, sentidas.
XV Bienal Internacional do Livro de Pernambuco
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