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XV Bienal Internacional do Livro de Pernambuco reforça conexão com o Ceará
Vida & Arte

XV Bienal Internacional do Livro de Pernambuco reforça conexão com o Ceará

Com foco em nordestinos, Bienal do Livro de Pernambuco celebra 30 anos com caravana de escritores cearenses independentes, estande da Fundação Demócrito Rocha e cobertura do O POVO
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FORTALEZA-CE, BRASIL, 18-09-2025: 10 autores cearenses irão participar da comitiva que irá integrar a Bienal do Livro de Pernambucano . (Foto: Fernanda Barros/ O Povo) (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS FORTALEZA-CE, BRASIL, 18-09-2025: 10 autores cearenses irão participar da comitiva que irá integrar a Bienal do Livro de Pernambucano . (Foto: Fernanda Barros/ O Povo)

No gramado do jardim do O POVO, sete autores e autoras cearenses independentes se reúnem com seus livros. Consigo, trazem ideias, risos, reflexões e, acima de tudo, expectativas. As obras que seguram em suas mãos são "apenas" o produto final de dias e noites de trabalho em torno da escrita. Histórias diferentes, mas um sonho em comum: expandir os horizontes de alcance.

Enquanto são registrados em imagens pela repórter fotográfica Fernanda Barros, trocam "figurinhas" sobre detalhes logísticos a respeito da viagem que em breve farão. O destino? Centro de Convenções de Pernambuco. O motivo? A XV Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, a ser realizada entre 3 e 12 de outubro.

Com diferentes gêneros literários (do horror à fantasia) e estilos diversos de escrita, os profissionais integram um grupo de dez autores independentes cearenses que se mobilizaram para participar desta edição da Bienal de Pernambuco. O coletivo ocupará um estande próprio no evento e permanecerá na feira ao longo dos dez dias para autografar e expor livros autopublicados.

Os escritores também participarão da programação em rodas de conversa temáticas e contações de histórias, compartilhando experiências no ambiente literário. Apesar de não serem os únicos cearenses na Bienal (nomes como Ana Márcia Diógenes, Alexandre Almeida, Mailson Furtado e Socorro Acioli também estão previstos), esses autores chamam a atenção pelo movimento coletivo em torno da literatura independente.

A lista inclui autoras como Kelly Cortez, Moacir Fio, Vera Marques, Well Morais, Victor Sousa, Liduina Vidal e Wilson Júnior. Autor de "Trama Ancestral", Wilson participa da roda de conversa "O Trabalho de Autores Independentes" no sábado, 11. O debate abre espaço para expor dificuldades enfrentadas por esses profissionais.

O interesse do grupo em ir à Bienal de Pernambuco englobou combinação de fatores, como oportunidades financeiras, o desejo de alcançar novos públicos, descentralizar a literatura nacional e diminuir custos (como traslados dos livros, hospedagem e alimentação). Algumas das características que chamaram a atenção para a ida à Bienal foram a grande adesão de público ao evento e sua "excelente programação", o que garantia circulação de potenciais leitores.

Além disso, o fato de nomes de peso e grandes editoras participarem atrai ainda mais o público, na avaliação de Wilson Júnior. No estande de 50m², todos venderão seus livros - e até de outros escritores que não poderão ir ao evento. A "caravana" também precisou de apoios institucionais externos. Segundo Wilson, receberam apoio do Banco do Nordeste, da Prefeitura de Eusébio, da Secretaria Municipal de Educação de Fortaleza (SME) e da vereadora Adriana Almeida (PT).

Ele destaca as expectativas para a Bienal: "É um momento que temos para entrar em contato com outros autores, colegas que estão espalhados pelo Brasil, e o evento nos concentra em um mesmo lugar. Temos a oportunidade de trocas, de ver lançamentos, compartilhar trabalhos… A Bienal é sempre um lugar de muito trabalho, mas também de trocas com outros escritores".

Considerando esse contexto e o esforço empreendido para a viagem, qual a relevância de ter, em um evento desse porte, a abertura na programação para que autores independentes também exponham seus livros ao público? Para Wilson Júnior, é algo "fundamental".

Ele aponta um cenário no qual as livrarias de rua estão "desaparecendo" e a distribuição em grandes redes é difícil para autores independentes. Assim, a Bienal se transforma em uma das melhores formas de chegar diretamente ao público.

"Quando as bienais abrem espaço para a discussão da literatura independente, ganhamos espaço para nos comunicarmos com o público, falarmos sobre nossas questões e dificuldades. É importante compreender que há uma mudança muito expressiva na literatura nacional: o autor independente não é mais uma exceção, é uma regra. Há um grande volume de escritores publicados por editoras pequenas, independentes ou que não tem grande estrutura de distribuição e de marketing", exclama.

No leque de autores independentes do Ceará que irão à Bienal de Pernambuco há espaço também para a fantasia, representada pelas escritoras Lara T. Vainstok e Anna Andrade. Ambas participarão de rodas de conversa na programação. Enquanto Lara integra, com Wilson Jr., o momento "O Trabalho de Autores Independentes" no sábado, 11, Anna é escalada para o debate "Nossas Raízes São Fantásticas - Um papo com quem produz fantasia no Nordeste".

A conversa é realizada no dia 3 e conta também com as autoras Fernanda Castro e Laís Lacet, com mediação de Maria Anna Martins. Escritora de fantasia e ficção científica com representatividade racial e LGBTQIA , Anna Andrade leva à feira literária seis títulos e planeja produzir conteúdos "inesquecíveis" com influenciadores e leitores.

Um dos livros é "Entre Fogo e Raposas", fantasia urbana LGBT e juvenil que mistura elementos da cultura coreana em Fortaleza. "É uma história sobre família, tem aventura e conta sobre a jornada de Dan ao tentar salvar a mãe com a ajuda dos irmãos e do vizinho", contextualiza a autora.

Questionada sobre como analisa o segmento da literatura fantástica na produção brasileira, a cearense aponta um aumento crescente do gênero, especialmente dentro da "romantasia" (romance fantasia). "Fico contente em ver cada vez mais diversidade na fantasia brasileira. Aos poucos o Nordeste LGBT também está conquistando seu espaço", avalia.

"Conquistar espaço", por sinal, se entrelaça com um dos propósitos de Denilson Vieira, que vê na Bienal de Pernambuco a oportunidade de ampliar os horizontes da literatura cearense. O autor também integra a caravana independente e afirma que, além de marcada pela difusão da literatura feita no Ceará, sua participação será marcada pela "valorização das culturas, expressões e religiões afro-brasileiras".

Uma das obras apresentadas pelo escritor na Bienal é "No Caminho da Fé - A História de Seu Zé", que resgata a caminhada espiritual e simbólica de uma entidade tão importante na umbanda, "revelando ensinamentos de fé, resiliência e esperança". Outro livro é "Umbanda não tem preço! Tem Valores", que aborda a história e os fundamentos dessa religião.

Denilson participa da roda de conversa "Literatura sobre culturas Afro-brasileiras" no dia 9. O tema atravessa profundamente sua trajetória literária, pois grande parte do que escreve "nasce do compromisso em dar voz às tradições, histórias e religiosidades afro-brasileiras", segundo Denilson.

"A roda de conversa será um espaço para discutir como a literatura pode ser instrumento de resistência, valorização e preservação cultural, além de refletir sobre os desafios enfrentados por essas expressões no cenário literário. Pretendo trazer para o debate a importância da representatividade, do respeito às diferenças e da literatura como ponte de compreensão e acolhimento", explica.

Beco dos Artistas

A Bienal do Livro de Pernambuco também reserva espaço para a exposição de artes no chamado Artist's Alley (Beco dos Artistas). O espaço é uma das grandes atrações do evento e proporciona contato direto entre artistas de quadrinhos e seu público a partir da venda de revistas, produtos e artes originais.

Uma das ilustradoras selecionadas para esta edição é a cearense Luana Dantas (Art's Moon). "Minhas artes são bem coloridas, gosto de fazer uma arte que deixe as pessoas felizes quando olham e sempre coloco muito amor no meu trabalho", caracteriza. Entre suas produções estão principalmente produtos relacionados a K-Pop.

Grupos como Stray Kids, BTS, TxT e Enhypen são contemplados, além de seu quadrinho sobre como colecionar photocards. "Também levo comigo produtos de séries, animes, filmes e jogos que gosto bastante, como 'Five Nights At Freddy' e 'Club Penguin', jogos que tenho bastante carinho", informa a ilustradora.

"Participar desse evento é ter a oportunidade de levar minha arte para mais um estado do Brasil e, além disso, estar no meio de editoras grandes e um público novo. Estou super animada", diz.

Hugo Melo

Desde 2017, Hugo Melo atua como artista e ilustrador. Natural de Petrolina, em Pernambuco, utiliza elementos característicos do Nordeste - com paisagens, música, tradições religiosas e outras expressões - em suas produções visuais. As imagens que estampam a edição especial do Vida&Arte neste domingo, 28, são uma coletânea de elementos feitos por Hugo.

Saiba mais sobre o artista no Instagram @ateliehugomelo

Caravana cearense

  • Anna Andrade (@annaandradeautora)
  • Denilson Vieira (@nocaminhodefeofc)
  • Kelly Cortez (@kellycortezescritora)
  • Lara T. Vainstok (@laratvainstok)
  • Liduina Vidal (@liduinabvidal)
  • Moacir Fio (@moacirfio)
  • Vera Marques (@vera_marques02)
  • Victor Sousa (@autorvictorsousa)
  • Well Morais (@wellmoraisescritor)
  • Wilson Júnior (@wilsonjr.999)

Instagram do grupo: @independentesce

Entrelaços literários

No jardim do O POVO, sete autores cearenses independentes se reúnem com seus livros. Consigo, trazem ideias, risos, reflexões e, acima de tudo, expectativas. As obras que seguram em suas mãos são "apenas" o produto de dias e noites de trabalho em torno da escrita. Histórias diferentes, mas um sonho em comum: expandir os horizontes.

Enquanto são registrados em imagens, trocam "figurinhas" sobre detalhes logísticos a respeito da viagem que em breve farão. O destino? Centro de Convenções de Pernambuco. O motivo? A XV Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, a ser realizada entre 3 e 12 de outubro.

Com diferentes gêneros literários (do horror à fantasia) e estilos diversos de escrita, os profissionais integram um grupo de dez autores independentes cearenses que se mobilizaram para participar desta edição da Bienal de Pernambuco. O coletivo ocupará um estande próprio no evento e permanecerá na feira ao longo dos dez dias para autografar e expor livros autopublicados.

Os escritores também participarão de rodas de conversa temáticas e contações de histórias, compartilhando experiências no ambiente literário. Apesar de não serem os únicos cearenses na Bienal (nomes como Ana Márcia Diógenes, Alexandre Almeida, Mailson Furtado e Socorro Acioli também estão previstos), esses autores chamam a atenção pelo movimento coletivo em torno da literatura independente.

A lista inclui autores como Kelly Cortez, Moacir Fio, Vera Marques, Well Morais, Victor Sousa, Liduina Vidal e Wilson Júnior. Autor de "Trama Ancestral", Wilson participa da roda de conversa "O Trabalho de Autores Independentes" no sábado, 11. O debate expõe as dificuldades enfrentadas por esses profissionais.

O interesse do grupo em ir à Bienal de Pernambuco combinou fatores como oportunidades financeiras, desejo de alcançar novos públicos, descentralizar a literatura nacional e diminuir custos (traslados dos livros, hospedagem e alimentação). Algumas das características que chamaram a atenção para a ida à Bienal foram a grande adesão de público ao evento e sua "excelente programação", o que garantia circulação de potenciais leitores.

Além disso, o fato de nomes de peso e grandes editoras participarem atrai ainda mais o público, na avaliação de Wilson Júnior. No estande de 50m², todos venderão seus livros - e até de outros escritores que não poderão ir ao evento. A caravana também precisou de apoios institucionais externos. Segundo Wilson, receberam apoio do Banco do Nordeste, da Prefeitura de Eusébio, da Secretaria Municipal de Educação de Fortaleza (SME) e da vereadora Adriana Almeida (PT).

Ele destaca as expectativas para a Bienal: "É um momento que temos para entrar em contato com outros autores, colegas que estão espalhados pelo Brasil, e o evento nos concentra em um mesmo lugar. Temos a oportunidade de trocas, de ver lançamentos, compartilhar trabalhos… A Bienal é sempre um lugar de muito trabalho, mas também de trocas com outros escritores".

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