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O dia mais tranquilo de uma mãe
Vida & Arte

O dia mais tranquilo de uma mãe

Edição Impressa
Tipo Crônica Por
Noah Trindade, 
2 anos, é filho de Sarah Costa e Wanderson Trindade, jornalistas do O POVO (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal Noah Trindade, 2 anos, é filho de Sarah Costa e Wanderson Trindade, jornalistas do O POVO

Dando um susto na rotina, buscamos as crias na escola mais cedo para eternizar mais um Dia das Crianças - só que agora nas páginas do O POVO. Outras mães e eu fomos convidadas a levar os pequenos para uma sessão de fotos na Biblioteca Pública Estadual do Ceará (Bece)

A cabeça já começou a calcular a logística para fazer todas as horas se encaixarem com maestria. Começar o expediente mais cedo, separar roupa, lanche, fralda, brinquedos, tirar o intervalo, ir buscar o menino e voltar para Redação. "Vai dar certo. Respira e vai", falei para mim mesma.

A correria não brinca quando se trabalha com hora marcada — foi um corre-corre danado para finalizar as demandas e ainda driblar o trânsito de Fortaleza. Mas arrumamos a rota e ajustamos o relógio para viver o puro suco da alegria mais sincera que alguém poderia ter em plena tarde de uma terça-feira.

Tudo bem, tivemos alguns desafios. Você já tentou pentear o cabelo de uma criança de dois anos? O que eles querem é sempre uma surpresa para todos os envolvidos, inclusive para eles mesmos. Esse foi, sem dúvida, um obstáculo no nosso dia. Mas superamos. Ufa!

Entre conversas para "explicar" sobre o que iam brincar, não demorou para os sorrisos gaiatos começarem a se entreolhar. Noah e Elisa estavam tramando algo.

Só nós, os pais, ainda não sabíamos, até porque, claro, não faríamos parte daquela estripulia.

Não demorou muito para as gargalhadas contagiarem o ambiente como um sopro de alegria. Só conseguíamos encontrá-los pelo som das risadas que ecoavam pelos corredores das estantes de livros baixinhas.

Dois olhinhos apareciam por cima da mesa e, num segundo, desapareciam.

_ "Noah, cadê você?", foram as palavras que eu mais repetia. E a resposta vinha em forma de risada, mas nada do menino aparecer.

Quando finalmente a gente se reencontrava, a dupla imbatível passava correndo, decidida a se esconder debaixo das mesas, atrás das estantes e onde mais pudessem se enfiar. Acho que confiaram fortemente que ninguém estava vendo e aproveitaram para recuperar as energias ali mesmo.

Um novo desafio surgiu: reunir as crianças para uma foto em grupo. Cada uma segurava um livro em cima da barriga e abria um sorriso. "Vamos lá: A-ba-ca-xiiiiiii!", pedíamos. Espera, não deu certo, vamos tentar de novo. "Tira o livro do rosto, pessoal!", "Em cima da barriga!", "O livro fica na barriga!", "Deixa assim mesmo...". Deu certo? Deu do jeito que tinha que dar — e a foto saiu como deu também. O tio Samuel, repórter fotográfico do O POVO, lutou bravamente por cada clique e o resultado foi a perfeição em forma de imagem.

Foi uma canseira das boas. Um dia atípico na nossa rotina, que rendeu memórias felizes e, quem sabe, também uma lembrança de um dia feliz no trabalho da mamãe.

O último desafio foi o mais difícil: separar a dupla que se entregou naquela amizade tão sincera (era a terceira vez que se viam). Eles foram felizes. E se eu pudesse medir, tenho certeza de que uma dose altíssima de endorfina foi liberada. Na volta para casa, os olhinhos já coçando, perguntei se ele estava com sono. E, pasmem na resposta: "Não, mamãe".

Claro que não queria dormir. Por que iria querer que aquele dia acabasse?

No fim, bastaram dez minutos e a história do "Lobo e os três porquinhos" para encerrar, com um pouco de calmaria, o nosso dia.

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