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Na Zona Rural, professor ensina que a arte é propriedade coletiva
Vida & Arte

Na Zona Rural, professor ensina que a arte é propriedade coletiva

Em Cascavel, o professor Francisco Gabriel Monteiro utiliza o barro, matéria-prima da região, como recurso pedagógico e artístico
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CASCAVEL, CEARÁ, BRASIL,13-10-2025:  Dia do Professor na EMTI VEREADOR AUGUSTO DANTAS DE SOUSA com a aula de argila e modelagem do Professor Francisco Gabriel. (Foto: Samuel Setubal/ O Povo) (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal CASCAVEL, CEARÁ, BRASIL,13-10-2025: Dia do Professor na EMTI VEREADOR AUGUSTO DANTAS DE SOUSA com a aula de argila e modelagem do Professor Francisco Gabriel. (Foto: Samuel Setubal/ O Povo)

A realidade vivenciada não é igual em todos os territórios. Em Cascavel, Região Metropolitana de Fortaleza, a experiência dos alunos é outra, mas a arte não deixa de estar presente.

Na Escola de Ensino Fundamental em Tempo Integral Vereador Augusto Dantas de Sousa, na comunidade de Moita Redonda, os alunos têm o contexto do barro como referência artística.

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A região é conhecida pelo trabalho manual de artesanato com a matéria-prima, tradição que passa de geração em geração, embora os mais recentes venham perdendo a noção da importância da prática.

O professor Francisco Gabriel Monteiro, 31 anos, é responsável por conduzir a formação artística das crianças da comunidade - marcada por vulnerabilidades múltiplas.

Ele é formado em Artes Visuais pela Universidade Estadual do Ceará (Uece) em parceria com o programa Universidade Aberta do Brasil (UAB), e cita a “urgência” em se falar de arte no Brasil.

“A gente está com um pouco da urgência de falar de arte. Considerando o contexto de mundo, da adultização das crianças, da perca da infância, da perca da subjetividade em busca das coisas pré-prontas. Todo esse contexto é necessário, é urgente se falar de arte, de sensibilizar”, elucida o docente.

Gabriel comentou ao O POVO, durante visita da reportagem ao estabelecimento de ensino, que sua função é formar pessoas “leitoras de mundos”, no contexto de letramento. Sabendo interpretar gestos, situações, corpos - o mundo na totalidade.

Imerso na zona rural, o professor cita a realidade diferente vivenciada pelos alunos, sem a “mancha urbana”, como um ponto de partida para o ensino.

Segundo o docente, pela realidade vulnerável, muitos jovens chegam à escola com uma verdadeira “aversão à arte”. E o trabalho dele é justamente desconstruir a visão que a arte é “elitista”, dando oportunidade do conhecimento para os alunos:

“Para dizer que é nosso por direito, para dizer que arte sempre teve dentro da sociedade. Ela estava dentro, mas afastaram ela, e a gente tá tentando resgatar de novo”.

Embora toda a comunidade esteja imersa na realidade do barro como expressão artística e até mesmo como sustento de muitas famílias, os jovens ainda não têm a essência intrínseca. Por razões diversas, os mais novos não entendem a importância que a produção possui para construção da identidade.

Por isso, o professor realiza, frequentemente, atividades com argila, para que, além do despertar da criatividade, as crianças possam enxergar as “raízes”, a profundidade e a dimensão que a expressão artística oferece para o território.

Para além das práticas realizadas no dia a dia, em aulas polivalentes de 50 minutos, a escola e a comunidade de Moita Redonda têm outra percepção sobre esse contexto: a vida vem do barro. A região também possui um museu da história do barro, lugar esse que Gabriel tenta sempre visitar com os alunos.

Outra iniciativa da comunidade é o Grupo Uirapuru - Orquestra de Barro, que utiliza a música, com instrumentos feitos da própria matéria-prima, para relembrar a cultura ancestral, e, através dela, guiar as pessoas em busca de um novo destino.

O professor concluiu reforçando o que sempre diz para os alunos, para que eles lembrem de sonhar: “Você pode chegar no seu sonho, você pode desejar e conseguir um caminho do coração”. 

De onde veio a comemoração do Dia do Professor?

O dia 15 de outubro ficou diretamente relacionado com a celebração da docência, no Brasil, devido ao decreto de Dom Pedro I, em 15 de outubro de 1827, quando, pela primeira vez, foi falado sobre o “Ensino Elementar”.

O monarca definiu que todas as cidades do País deveriam ter Escolas de Primeiras Letras, o atual Ensino Fundamental. A medida foi importante para o início do desenvolvimento na educação do Brasil.

Em 1947, um grupo de educadores liderados por Salomão Becker, em São Paulo, propôs um dia de descanso em meio ao calendário atarefado dos profissionais.

A iniciativa inspirou comemorações em outras cidades. Em 1963, o presidente João Goulart oficializou a data como feriado escolar, por meio do decreto federal n.º 52.682, e virou a data marcante que conhecemos, simbolo dos profissionais que moldam as gerações futuras.

  • 15 de outubro de 1827 - Lei do Ensino Elementar imposta por Dom Pedro I;
  • 15 de outubro de 1947 - Primeira iniciativa de folga escolar, organizada por Salomão Becker;
  • 15 de outubro de 1963 - Feriado escolar nacional, por meio de decreto baixado por João Goulart.
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