"Odete Roitman sempre volta!", assim terminou o remake de "Vale Tudo" no capítulo desta sexta-feira, 17, causando ora tédio e ora surpresa para quem acompanhou a trama. O episódio, com mais de 1h30min, foi intercalado por dezenas de publicidades e só realmente causou empolgação nos minutos finais do desfecho, ainda que sem razão lógica.
Se antes a dúvida era quem matou Odete Roitman, agora a pergunta que fica é: como ela ressuscitou? Até mesmo os telespectadores mais conspiracionistas acharam que a bilionária teria uma justifica melhor para escapar da morte, como um colete de bala. Afinal, quem não andaria com esse acessório no Copacabana Palace?
Um dos comentários que repercutiu no X (antigo Twitter) após o fim da novela dizia "esse capítulo poderia ter sido um e-mail". De fato, o remake de "Vale Tudo" encerrou exatamente do jeito que foi construído: confuso, vagaroso, bagunçado e cheio de publicidades. Débora Bloch estrelou mais campanhas comerciais como Odete ao longo da última semana do que Ivete Sangalo fez de tintura de cabelo.
O desfecho começou tediosamente com longos diálogos entre personagens secundários e desinteressantes. Acompanhamos, por exemplo, um interminável debate acerca da ética e moral no Brasil em uma cena estrelada por Ivan (Renato Goés) e Bartolomeu (Luis Melo), que gerou uma sensação de que a trama precisava lembrar qual era o tema antes de acabar. Mas ninguém se importou.
Outro estranhamento de roteiro foi o casamento de Laís (Lorena Lima) e Cecília (Maeve Jinkings): elas já não eram casadas? Por que em nenhum momento anterior o assunto desse matrimônio veio a tona? As personagens estavam tão esquecidas na história que dar visibilidade ao casal no fim da novela pareceu uma tentativa de reparar o erro.
Assim como elas, Tiago (Pedro Waddington) também tentou sua redenção e bateu recorde de tempo de tela no final de "Vale Tudo", pois em quase todas as cenas sua figuração estava presente. Provavelmente, o ator matou a saudade do Projac nos últimos dias.
Apesar de tudo, "Vale Tudo" teve bons encerramentos também. Fátima, de Bella Campos, não teria como terminar presa ou pobre porque sempre foi a mais esforçada da novela, mesmo que por caminhos tortuosos. Sem apego a maternidade, mal esperou a alta hospitalar para entregar seu filho a adoção e arranjar outro homem rico para se aproveitar. A novela, mesmo com erros, não caiu na ingenuidade de dar um ultimato negativo a uma golpista profissional. Fora da ficção, ela jamais terminaria mal.
Marco Aurélio (Alexandre Nero) também não terminou mal. Ele e Leila (Carolina Dieckmmann) quase fugiram do Brasil, mas precisaram ser pegos pela polícia para fazer a melhor paródia da realidade feita em toda novela. O casal foi condenado à prisão domiciliar, dentro de sua mansão e com todos os luxos da alta sociedade. No caso da loira, ela ainda comprou uma bolsinha sob medida para seu novo aparelho digital. E foram felizes para sempre.
Raquel (Taís Araújo) casou e assumiu a guarda do filho de Fátima. Nada mais que isso. Uma despedida fofa e sem graça da personagem, que, ao longo de toda novela, foi exatamente dessa mesma forma: desprestigiada. Ademais, Freitas (Luis Lobianco) conseguiu comprar sua pousada no Nordeste. Finalizamos a trama sem saber onde exatamente, mas pareceu um bom lugar. Espero que seja no Ceará.
Remake ou reboot?
Quando um sucesso do passado tem uma nova versão anunciada, é normal dividir opiniões entre o público saudosista e os que gostam de "pagar para ver". No caso de "Vale Tudo", uma das mais marcantes produções brasileiras, a divulgação de um remake mexeu com os ânimos até de quem não assistiu à versão de 1988 — todos queriam saber quem seria a próxima impiedosa Odete Roitman e se ela ainda teria o mesmo tom preconceituoso da concepção original.
Para o desespero de alguns e curiosidade de outros, a nova novela se apresentou muito mais como um "reboot" do que como um "remake", devida a quantidade de mudanças e novas histórias na novela original. Muito mais do que adaptações para se encaixar na realidade de 2025, a autora Manuela Dias inseriu memes da internet nos núcleos cômicos do folhetim, um acerto para viralizar fora das telas da TV.
Além da mudança em relação ao assassino da vilã, houve mudança de protagonismo: a antagonista Maria de Fátima ganhou destaque na tela, enquanto a mocinha Raquel nem passou de poucos minutos em algumas semanas de exibição. Pior que ela, só mesmo Tiago Roitman, filho de Heleninha, cujo único enredo próprio na trama foi vestir uma saia para desagradar o pai — esse ficava semana sem aparecer.
Mas o grande acréscimo da história foi o terceiro filho de Odete Roitman, irmão gêmeo de Heleninha, que teria falecido em um acidente de carro sob direção da alcoolista. A trama desenvolve-se com a revelação que ele teria sobrevivido e estava sobre o cuidado de uma senhora, bancada pela topetuda em segredo.
Tráfico de bebês reborns, relacionamento assexual, produtora de filmes eróticos, preconceito com roupas monocromáticas e até o drama de um câncer: tudo isso foi visto no "Vale Tudo" de 2025.
O que vem por aí
Quando um grande sucesso do passado tem uma nova versão anunciada, é normal haver uma divisão de opiniões entre o público saudosista e os que gostam de “pagar para ver”. No caso de “Vale Tudo”, uma das mais marcantes produções audiovisuais brasileiras, a divulgação de um remake mexeu com os ânimos até das gerações que não assistiram à versão de 1988 — todos queriam saber quem seria a próxima impiedosa Odete Roitman e se ela ainda teria o mesmo tom preconceituoso de sua concepção original.
Para o desespero de alguns e curiosidade de outros, a nova novela se apresentou muito mais como um “reboot” do que como um “remake”, devida a quantidade de mudanças e novas histórias na novela original. Muito mais do que adaptações para se encaixar na realidade de 2025, a autora Manuela Dias inseriu memes da internet nos núcleos cômicos do folhetim, um acerto para viralizar fora das telas da TV.
Além da mudança em relação ao assassino da vilã, houve mudança de protagonismo: a antagonista Maria de Fátima ganhou destaque na tela, enquanto a mocinha Raquel nem passou de poucos minutos em algumas semanas de exibição. Pior que ela, só mesmo Tiago Roitman, filho de Heleninha, cujo único enredo próprio na trama foi vestir uma saia para desagradar o pai — esse ficava semana sem aparecer na história.
Mas o grande acréscimo da história foi a do terceiro filho de Odete Roitman, irmão gêmeo de Heleninha, que supostamente haveria falecido em um acidente de carro sob direção embriagada da alcoolista. A trama desenvolve-se com a revelação que ele teria sobrevivido e estava sobre o cuidado de uma senhora, bancada pela topetuda em segredo.
Tráfico de bebês reborns, relacionamento assexual, produtora de filmes eróticos, preconceito com roupas monocromáticas e até o drama de um câncer: tudo isso foi visto no “Vale Tudo” de 2025.