 
            Sushi de tomate seco, hot roll gigantes e hossomaki de banana são alguns dos títulos encontrados nos cardápios ao se falar da criatividade brasileira para traduzir uma tradição milenar.
Amplamente difundido, o sushi chegou ao Brasil em 1908, quando o navio Kasato-Maru aportou no litoral de São Paulo com cerca de 800 imigrantes japoneses a bordo, que trouxeram para o território o costume alimentar.
Antes de se espalhar pelos continentes, a iguaria teve suas origens em uma técnica de conservação do peixe realizada na baía de Edo, território que hoje recebe o nome de Tóquio. O formato deu origem ao edomae sushi, combinação de peixe fresco cru e arroz cozido temperado com vinagre.
200 anos depois, no Brasil, de acordo com o Panorama do Mercado de Sushi no Brasil (1º semestre de 2025), o país soma cerca de 16,7 mil restaurantes especializados em culinária japonesa, representando 2,3% do mercado gastronômico e com uma movimentação de R$ 12,8 bilhões ao ano.
Além de difundido, para muitos brasileiros, o sushi se tornou um símbolo de desejo coletivo que, por seu elevado valor comercial, é o que muitos desejam pedir ao fim de um dia cansativo.
Para o chef João Roberto Nepomuceno, pós-graduado em Gastronomia e Cozinha Autoral pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, esse crescimento no consumo nacional tem reflexo no aumento de novos estabelecimentos em Fortaleza.
Além da viralização do alimento nas redes, ele lista a melhora na cadeia de importação, o acesso a peixes de qualidade, o turismo em alta e a adaptabilidade ao cenário fortalezense como fatores que impulsionam o consumo.
Entre diversas experimentações que surgiram no mercado, ele explica:
"Para mim, inovação acontece quando os pilares ficam intactos: shari no centro, corte, sazonalidade e respeito ao animal. A partir daí, o diálogo com nosso território é possível."
Ao olhar para o mercado de sushis na Capital, ele antecipa três tendências que devem surgir como diferencial em breve: "O uso de peixes locais, como sirigado, pargo e robalo, com sazonalidade real, e experiências de balcão ou omakase, em que o preparo é feito pelo chef na frente do cliente", pontua.
Às vésperas do Dia Internacional do Sushi, comemorado neste sábado, 31, o Vida & Arte adentrou os balcões de novos estabelecimentos em Fortaleza, a fim de descobrir o que eles aportam para a tradução da culinária japonesa na Capital.
 
 
                  
                    Umê Sushi
Termo em japonês usado para descrever a ameixeira, flora tradicional do país, a palavra “Umê” também simboliza resiliência por ser a única árvore que sempre dá frutos, inclusive no inverno.
Embasados nesse princípio, nasceu, em abril de 2025, o Umê Sushi. Em uma visita a São Paulo, Júnior Nogueira, um dos sócios do grupo Le Cuisinier, vislumbrou a possibilidade de trazer para o mercado cearense um restaurante que se voltasse para a proposta do sushi tradicional, o mais próximo do formato edomae.
Para a façanha, os sócios Júnior, Luiz Carlos Dantas e Danilo Barros convidaram o chef paulista William Votisch, que, com passagem por diversas casas tradicionais japonesas, trouxe para o empreendimento o equilíbrio entre a busca por modernidade, tradição e a fusão com outros tipos de culinária.
Com atum, salmão, enguia e maioneses entre os ingredientes mais utilizados pelo chef, ele destaca os pratos mais pedidos da casa: “Salmão butter, ebi mayo, jou de atum com patê foie e o centolla, famoso king crab, que, apesar de não ser um sushi, é um item sazonal que sai muito”, conta.
Umê Sushi
 
                      
                  
                    Kamibaa Oriental
Reinaugurado em setembro de 2025, o Kamibaa Oriental agora ocupa o número 996 da rua Torres Câmara. Ao adentrar o espaço, que conta com área externa, lounges, salão interno e um jardim, é possível ver uma série de pinturas que conectam os ambientes, através dos Kamis, as chamadas divindades da natureza para a cultura japonesa.
A conexão com os valores orientais se transmuta para o cardápio da casa, comandada por Ricardo Facchini e Heyner Fortunato, que recentemente promoveram uma reestruturação no restaurante existente desde 2009.
Antes focado na produção de temakis, o novo estabelecimento tem hoje como carro-chefe o combinado de 30 peças, que reúne sashimis, niguiris e gunkans, além da sequência japonesa, servida no almoço, de terça a domingo, e no jantar, de domingo a quinta.
Com uma segunda unidade no bairro Edson Queiroz, para o sócio Ricardo Facchini, o diferencial da casa está na tradição de quem está há 16 anos no mercado, na qualidade da matéria-prima e no preço justo. "A gente sempre prioriza o sushi tradicional e de qualidade, sem aquelas grandes invenções que misturam sabores. Nossos insumos são o grande ponto forte, como o atum, que é pescado de manhã na 
 nossa costa".
Yoto Cozinha Nikkei
Yoto significa utilidade: uma nova possibilidade, um novo resultado. Foi sob esse mote que o Yoto Cozinha Nikkei surgiu, em fevereiro de 2024, trazendo o estilo que mistura técnicas e ingredientes japoneses com sabores locais para Fortaleza.
Fugindo da linhagem tradicional do sushi, o restaurante preza por pescados frescos advindos da costa cearense, como robalo, pargo e serra, brincando com finalizações que levam ovas de peixe e foie gras.
Nos mais pedidos, o chef Gleisson Martins lista o “Tiradito de Anchova Negra Defumada”, que conta com fatias finas de peixe defumado com molho ponzu, inspirado no Peru, e o “Salmão Braseado”, com tiras de salmão sobre pedra de sal, com molho de trufas, braseado na hora com carvão vegetal.
Yoto Cozinha Nikkei