Logo O POVO+
Grupo de Teatro Espiral estreia o espetáculo Amigo Imaginário
Comentar
Vida & Arte

Grupo de Teatro Espiral estreia o espetáculo Amigo Imaginário

Com quatro sessões no Teatro Dragão do Mar, Grupo de Teatro Espiral estreia o espetáculo "Amigo Imaginário"
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Comentar
Espetáculo
Foto: TIM OLIVEIRA/Divulgação Espetáculo "Amigo Imaginário", do Grupo Teatro Espiral

Qual é a margem entre o sonho e a realidade? Diferenciar aquilo que existe na vida real do obtido no imaginário pode levar o ser humano a explorar inúmeras versões da própria existência.

Os caminhos percorridos por aqueles que perseguem os desejos do seu eu interior são vários, podendo serem exitosos ou resultar em grandes desilusões. Da idealização a conquista, da ilusão ao delírio: os limites do sonhar são tema do mais novo espetáculo do Teatro Espiral que estreia neste fim de semana no Teatro Dragão do Mar.

Com quatro apresentações realizadas nos dias 8, 9, 15 e 16 deste mês, o grupo cearense apresenta "Amigo Imaginário", peça que aborda e busca trilhar as fronteiras do sonho, as vivências e a memória, tratados a partir das relações humanas, suas vulnerabilidades e múltiplas sensações.

Espetáculo "Amigo Imaginário", do Grupo Teatro Espiral(Foto: TIM OLIVEIRA/Divulgação)
Foto: TIM OLIVEIRA/Divulgação Espetáculo "Amigo Imaginário", do Grupo Teatro Espiral

"Como a gente se liga a alguém? O que faz uma relação existir de verdade, o que mantém ela acesa, o que afrouxa, o que apaga? O espetáculo olha para isso pela fresta da comunicação, da palavra, do gesto delicado e às vezes torto de tentar alcançar o outro", argumenta Wesllen Cruz, diretor da montagem.

Conduzindo as produções do grupo desde 2020, ano em que o Teatro Espiral foi fundado, Wesllen detalha que "Amigo Imaginário" partiu de uma ideia que surgiu ainda durante a pandemia da Covid-19, ao construir e manter um "ritual" para fortalecer a proximidade e afeição com a mãe.

"Todas as manhãs, ela me contava os sonhos que tinha tido. E ali, naquele momento que parecia tão pequeno, eu comecei a ver o teatro. Não como forma, mas como pulsação. Tinha absurdo, emoção, fragilidade, invenção. Tinha verdade. Era como se, naquele ato de lembrar o sonho, ela também inventasse um jeito novo de estar próxima de mim. E eu entendi que o sonho ainda podia ser uma ponte num tempo em que tudo corre rápido demais", recorda.

Do elo materno, o Teatro Espiral desenvolveu suas características para as futuras produções que se baseiam em "explorar as percepções humanas a partir de múltiplas linguagens".

A partir de então, a companhia cearense tem na trajetória os espetáculos "Maçã Mordida" e "Guarde para o final de tudo", esse que originalmente foi exibido como websérie devido às restrições da pandemia.

"O Espiral nasce desse cruzamento entre a sala de aula, a urgência de criação e o susto do mundo parando. Carregamos até hoje muitas dramaturgias, vídeos e fragmentos desse período, porque ali entendemos que o grupo não nasceu só de um espetáculo, mas da necessidade de continuar junto mesmo quando o teatro físico não era possível, e esse início meio improvisado, meio inevitável, acabou moldando quem somos e como pensamos hoje", explica o diretor.

Nos momentos em que o que restava era sonhar, foi então concebida a peça que chega a um dos espaços artísticos e culturais de destaque da Capital a partir desta sexta-feira, 8, com apresentação marcada para às 19h30min.

"Fazer parte dessa programação [do Teatro Dragão do Mar] com destaque significa muito para a gente, não só pelo reconhecimento do trabalho, mas porque existe um afeto ali. O Dragão foi a casa do nosso primeiro espetáculo, foi onde a gente se sentiu abraçado quando tudo era novo e frágil, então voltar agora com uma estreia tão importante, com um processo que vem sendo cuidado há tanto tempo, é quase como retornar a um lugar seguro para oferecer algo novo ao público", declara.

Em um sentimento de "compartilhamento de sonho", assim como é descrito a estreia pelo artista, o espetáculo foi elaborado no decorrer de uma pesquisa a qual se propõe não apenas "representar o sonho, mas habitar a lógica dele". Wesllen reforça que, em "Amigo Imaginário", a apresentação "não tenta copiar imagens oníricas, porém 'respirar como um sonho respira', às vezes calmo, às vezes abrupto, fragmentado, afetivo, cheio de silêncios e lembranças que pulsam mais do que explicam."

E acrescenta: "Coletamos nossos próprios sonhos, sonhos de espectadores, fomos criando esse oráculo de memórias e delírios, e a cena se torna um convite para entrar nesse estado, não para entender de imediato, mas para compartilhar presença, porque aqui o sonho não é só o que se vê, é o jeito que a gente se aproxima do outro dentro dele".

A peça estrelada por Alisson Emanoel, Erik Willyam e Rayssa Torres convida o público a acompanhar três amigos que, no decorrer do processo criativo, viajam pelos sentidos, suas representações, desejos e decepções e constroem caminhos que permeiam entre aquilo que é real e o imaginário. Como Wesllen Cruz então conclui: "A gente sonha junto para lembrar como é que se olha para alguém sem pressa, sem medo, com o coração disponível".

 

Espetáculo "Amigo Imaginário"

  • Quando: sábados e domingos, 8, 9, 15 e 16 de novembro, às 19h30min
  • Onde: Teatro Dragão do Mar (rua Dragão do Mar, 81 - Praia de Iracema)
  • Quanto: R$ 10 (meia-entrada) e R$ 20 (inteira)
  • Mais informações: no Instagram @teatro_espiral

 

O que você achou desse conteúdo?