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Bate-pronto com Jafar Panahi
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Bate-pronto com Jafar Panahi

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Jafar Panahi em coletiva de imprensa após vencer a Palma de Ouro do Festival de Cannes 2025 (Foto: Kevin Payravi)
Foto: Kevin Payravi Jafar Panahi em coletiva de imprensa após vencer a Palma de Ouro do Festival de Cannes 2025

O POVO - Falando da realidade violenta do seu país, você acaba se comunicando com o mundo. Essa história também poderia ter acontecido no Brasil. Como você vê o diálogo do filme com essa perspectiva global?

Jafar Panahi - Todas as ditaduras compartilham método, e elas se assemelham. É por isso que em qualquer lugar do mundo que pude ver o filme com o público, eu percebi que as pessoas tinham uma sensação de proximidade. São os países que tiveram essas experiências ou países nos quais as pessoas têm medo de ter tais experiências no futuro. Este filme não pode ser limitado a um determinado lugar, mas pode ser aplicado a muitos lugares. Você pode ouvir os passos da ditadura em muitas partes do mundo, e há uma grande sensação de perigo por aí. Eu conheço e reconheço esses sinais, e tenho certeza que você já viu no Brasil como eu os vi no Irã. Eu sei que esses sinais todos nos aproximam.

OP - Também existe um tom de comédia no filme. Em que momento esse elemento surgiu?

Jafar - Um cineasta socialmente engajado geralmente decide e tenta estar próximo de um senso de realismo da vida real. Em qualquer lugar em que você esteja e em qualquer situação em que viva, mesmo em momentos de tristeza, haverá momentos em que você vai sorrir. Quando essa é a realidade, isso também precisa se refletir nos filmes. A verdade é que eu queria que houvesse um tom de humor no filme até os últimos 20 minutos. Nesses minutos finais, eu queria que houvesse um momento de silêncio que influenciasse e impactasse o público, de modo que, ao sair do cinema, ainda estivesse pensando sobre o filme.

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