Surgindo como uma das grandes invenções da história da humanidade, a televisão veio a se materializar, oficialmente, nos anos 1920, com diversos experimentos sendo testados.
As primeiras transmissões de imagem foram realizadas em meio a década de 1930, na Europa e nos Estados Unidos, embora tenha atingido poucas pessoas nesse período. No Brasil, a ferramenta só apareceu em 1950, com a inauguração da TV Tupi, em São Paulo.
Em 1939 tivemos o primeiro registro de uma publicidade televisiva, com um anúncio experimental durante a transmissão de um jogo de beisebol, no EUA. Na época, a tentativa não foi considerada como propaganda, por não ter sido autorizada, oficialmente, a cobrança do modelo, mas serviu de teste para futuras inserções.
Desde sua criação do formato televisivo, foi observado a facilidade de comunicar com o publico em geral. A união do som e da imagem se mostrou favorável para programas jornalísticos e os comerciais, unindo o modelo a publicidade.
Com o passar do tempo e o avanço da tecnologia, a televisão se popularizou cada vez mais, chegando a atingir números históricos, estando presente em quase 90% dos lares brasileiros.
Hoje, o consumo de população se voltou para as plataformas de streamings, que vieram para revolucionar ou competir com os formatos tradicionais.
O Estudo do Instituto de Pesquisas Datafolha, em parceria com a Fundação Itaú, sobre Hábitos Culturais brasileiros, aponta que 9 a cada 10 entrevistados acessaram plataformas de streamings em 2025.
Ao menos 87% da amostragem consume e acessa plataformas de vídeo sob demanda, trazendo a popularidade do objeto. A pesquisa foi realizada com 2.432 pessoas no País, sendo considerado porcentagens de cada região, tendo 95% de nível e confiança e 2% mais ou menos, de margem de erro.
E a publicidade mais uma vez não demorou muito para seguir a nova tendência, indo onde o público está, e aproveitando o formato para comercializar. A forma como se anúncia nos streamings seguiu um modelo já conhecido, o da própria televisão.
"Eu acredito que as plataformas de streaming elas estão competindo pela audiência da televisão aberta. São concorrentes diretos dos canais de TV", comenta Chico Neto, professor do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Ele explica que as plataformas iniciaram uma mudança completa na forma de monetizar alterando o modelo de negócios, buscando aumentar as receitas.
Uma questão de reflexão levantada foi o sentimento de leve injustiça ao inicio de um padrão diferente. Antes se pagava por um conteúdo, sem interrupção, aproveitando de tudo por um valor. Pagando praticamente o mesmo valor hoje em dia, se tem, muitas vezes, um plano com anúncios interrompendo a programação.
"Nós fomos apresentados as plataformas de streaming, como Netflix, Prime Vídeo e Disney Plus, sem a existência dos intervalos comerciais na experiência do usuário. Uma vez que os intervalos comerciais são inseridos, há um estranhamento, é uma experiência do usuário pior", diz Chico.
Para ter acesso sem interrupções as empresas começaram a incluir um novo plano, mais caro, mas sem a questão da interrupção das propagandas. Mais pelo mesmo de antes.
"Quando os streamings começaram a aparecer, o diferencial em relação à TV, um dos grandes diferenciais era a ausência de anúncios e o fato de que você podia consumir o conteúdo que você quisesse, na hora que você quisesse, do jeito que você quisesse", relembra Soraya Madeiro, também professora do curso de Publicidade e Propaganda da UFC.
Um estudo realizado pela Hibou, empresa especializada em avaliar o comportamento dos consumidores, apontou que 64% do público admite deixar de assinar algum tipo de conteúdo por conta da publicidade -mostrando essa aversão ao formato. A pesquisa foi realizada com 2012 pessoas, em todo Brasil.
Soraya ressalta que o grande diferencial ainda é a proporção de tempo: "Na TV se tem 20, 22 minutos de conteúdo e uns 8 minutos de anúncio, bem menor é a taxa das plataformas".
Chico explica que publicidade que nós vemos nas plataformas de streaming ou no YouTube, elas não estão vinculadas ao conteúdo do vídeo. Esse ainda é uma certa diferença para a televisão, que já realiza anúncios vinculado ao conteúdo.
"Uma vez que a publicidade não ocupa esse espaço do intervalo comercial, ela vai acontecer dentro do conteúdo audiovisual, na partida de futebol, na telenovela dentro do programa", ele completa.
Ele projeta modelos de anúncio sem interrupção, dentro das telas. Mudanças sempre ocorrem, e os anúncios devem continuar acontecendo, ele fala que isso vem surgindo com testes frequentes. Talvez venha a ser introduzido um modelo menos avesso ao usuário e mais interativo.
"Acredito que vai ampliar essas possibilidades de formato", finaliza a professora.
Modelos de assinatura
Olhar nos anúncios e conversão em compra
Para quem paga para aparecer nos intervalos comerciais, o objetivo pode nem ser necessariamente a conversão, mas a visibilidade da marca. Esse modelo serve para as marcas, conta Soraya.
"O anúncio vai ser distribuído de uma forma muito segmentada, ou seja, ele vai conseguir chegar num público muito específico que ele quer", e acaba valendo a pena, ainda que cause rejeição em alguns casos. "A pessoa ali prestando atenção, achando chance de ela lembrar e reter aquela mensagem é maior".
Ela questiona se a impressão negativa do fato chegue em quem paga, ou apenas na plataforma que explora o formato.
Formatos e plataformas
O Netflix exibe até 6 min de anúncio por hora, com média de 30 a 60 segundos por anúncio, antes e durante o suas séries e filmes. Os anúncios não são puláveis. O plano com anúncios custa em torno de R$ 20,90 enquanto o sem a propaganda sai R$ 59,90 por mês. Eles ainda têm uma terceira opção, que dá mais opções, a Premium 4K, por R$ 59,90.
A MAX oferece um plano básico com anúncios, por R$ 20,90 por mês, a Standard sem as interrupções, a R$ 44,90 e a Premium 4K, a mais cara, a R$ 55,90. Já o modelo tem exibição de 4 min por hora de anúncio, antes de durante os filmes e séries.
A Disney+ apresenta também, três planos, o com anúncios, exibidos antes do início do vídeo e ao longo da reprodução e duração a depender da região, por R$ 27,99. O Padrão sem anúncios (R$ 46,90) e o Premium (R$ 66,90).
Com apenas dois formatos, a Prime Vídeo têm o Mensal sem anúncios, por R$ 29,90, e o mensal com anúncios, por R$ 19,90. Eles são exibidos antes e durante as produções, as vezes mais de uma vez.
Nacional, o GloboPlay têm uma grande diferença, oferecer um plano gratuito com alguns conteúdos e claro, com anúncios. O padrão com anúncio sai por R$ 22,90, com interrupções antes e depois. O Premium básico tem valor de R$ 39,90.