Os traficantes cearenses escondidos na comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro, teriam ordenado pelo menos mil mortes em dois anos no Ceará. A informação é do procurador-geral de Justiça Antonio José Campos Moreira, do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).
Uma operação integrada entre as forças de segurança do Ceará e do Rio de Janeiro foi deflagrada na manhã desse sábado, 31, para cumprir 29 mandados de prisão e 14 de busca e apreensão na comunidade da Rocinha.
Os alvos são chefes cearenses da facção criminosa Comando Vermelho (CV). Os criminosos se esconderam na região, mas, mesmo de longe, continuam liderando o tráfico, ataques e homicídios no Ceará.
Os mandados foram expedidos pelo Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE), com base em investigação conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco/MPCE). Eles incluem o sequestro de bens dos investigados.
De acordo com o procurador-geral Antônio José, além do objetivo de cumprir os mandados, a operação visa desarticular a aliança criminosa que entre lideranças do CV do Rio de Janeiro e do Ceará que, a partir do território fluminense, teêm comandado a criminalidade no Estado.
Conforme O POVO mostrou anteriormente, chefes do Comando Vermelho do Ceará pagam para receber estadia e proteção dos criminosos do Rio de Janeiro. Os alugueis chegam no valor de R$ 100 mil para se esconder no território carioca.
Os imóveis usados pelos criminosos podem ou não ter luxo e são compartilhados. Tanto com outros faccionados do Ceará como do Rio e de outros estados. Nos locais, ainda há vigilância, desde olheiros a circuitos de câmeras, e fica disponível para eventuais rotas de fuga.
O valor pago e o requinte do local seguem o status do foragido. Os que não podem bancar as quantias viram “soldados do tráfico”.
Na operação, foram apreendidos armamentos, celulares e rádios transmissores da organização criminosa interestadual, “sendo quatro armas de guerra retiradas de circulação”, conforme divulgado pelo Governo do Rio de Janeiro.
As ações policiais conta o efetivo de aproximadamente 80 agentes da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ) e de diversas estruturas do Comando de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ), que reúne o Batalhão de Operações Especiais (Bope), o Batalhão de Choque e o Primeiro Comando da Área.