Os movimentos Proparque e Igreja em Saída realizaram no sábado, 27, o Encontro pela Democracia. Evento contou com as presenças do médico psiquiatra e psicanalista Valton Miranda e do filósofo e sacerdote Manfredo Oliveira. O evento ocorreu no auditório da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC).
No encontro, mediado pela professora Sandra Helena, especialista em Filosofia do Idealismo Alemão pela Universidade Estadual do Ceará (Uece), os participantes discutiram sobre a conjuntura brasileira e a defesa da democracia, abordando temas, como o capitalismo e as novas tecnologias.
Manfredo pontuou que é impossível analisar a situação de qualquer país como se fosse uma ilha, visto que todos os acontecimentos são globais e resultam em consequências, dependendo do contexto. A partir disso, o filósofo refletiu sobre a atual conjuntura da sociedade, considerando "profundamente complexa" e diferenciada.
“A democracia pressupõe uma participação forte das pessoas e as pessoas são tomadas com algoritmo sem perceber. Inteligência artificial quer dizer exatamente isso. A gente não devia nem chamar de inteligência, porque inteligência significa compreender as coisas. E aqui não há compreensão, há um processo mecânico que age independente da nossa compreensão e arranca a nossa cabeça, o nosso cérebro sem que a gente perceba”, afirmou
Manfredo chegou a considerar que, de certa forma, os novos meios digitais podem representar uma ameaça à democracia.
“Levantam problemas altíssimos de ordem ética. Você tem aqui um um algoritmo que funciona como algo mecânico e sem levar em consideração que os seres humanos não são mecânicos. São pessoas capazes de pensar, argumentar. Quer dizer, tudo isso passa para o segundo plano. O primeiro plano é aquilo que se acontece automaticamente pela combinação de dados e nós temos uma invasão de dados, as pessoas ficam sem saber o que fazer muitas vezes, sem a capacidade de poder exercer a sua consciência crítica”, avaliou.