Durante o ano de 2020, no ápice da crise social, econômica e sanitária gerada pela pandemia, 4,1 milhões de cearenses viviam com renda mensal de, no máximo, R$ 522, valor equivalente a meio salário mínimo. O número representa 44,7% da população. Para outros 1,6 milhão de cearenses, a renda individual não passou de R$ 261.
Os dados são da Síntese de Indicadores Socioeconômicos divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A pesquisa considera a soma de todas as rendas das famílias cearenses divididas pelo número de membros de cada núcleo familiar. Na análise da renda familiar, o IBGE destaca que durante o ano de 2020 as famílias cearenses viviam em média com renda de R$ 980. Nível é abaixo da média nacional de R$ 1.349 por mês, mas fica acima do rendimento médio das famílias nordestinas, estimado em R$ 891 ao longo do ano passado.
Ainda devido os impactos da pandemia de Covid-19, mais da metade de toda população em idade apta ao trabalho no Ceará estava desocupada, ou seja, sem emprego formal e sem nenhum tipo de atividade no mercado informal durante 2020. Foi o primeiro ano desde o começo do monitoramento em que a proporção de pessoas trabalhando no Estado ficou abaixo de 50%.
Nesse contexto, a atuação no mercado informal de trabalho foi o principal meio trabalhista dos cearenses ao longo de 2020. Levantamento feito pelo IBGE destaca que ao longo do ano passado, 1,8 milhão de pessoas, número representa 54,1% de toda população ocupada no Estado no ano de 2020.
Entram neste recorte, aqueles que exerciam atividades informais como empregado e trabalhador doméstico sem carteira assinada, trabalhador por conta própria, empregador não contribuintes para a Previdência Social e trabalhador familiar auxiliar.
A pesquisa destaca ainda que, em 2020, houve redução de 16,5% no número de pessoas trabalhando sem carteira assinada no Ceará e queda de 13,5% dentre aqueles que trabalhavam por conta própria. Com esse saldo, o Ceará encerrou o ano de 2020 com 503 mil pessoas em busca de trabalho, dos quais 10,4% eram brancos e 14,5% para pretos ou pardos, destacando a questão racial da desigualdade social no Estado.
Além disso, a pesquisa do IBGE destaca que o impacto social foi amenizado pelas políticas de transferência de renda com os auxílios emergenciais estaduais e federais. Com o pagamento de tais benefícios, a incidência de extrema pobreza, ou seja, famílias com renda mensal de até R$ 89, saiu de 12,9% em 2019 para 9,3% em 2020.
Também houve redução de famílias pobres, saindo de 43,1% em 2019 para 40,6% no ano passado. Com isso, 3,72 milhões de cearenses encerraram o ano como pobres, ou seja, com renda diária de no máximo US$ 5,50 (dólares).