A Arquidiocese de Fortaleza confirmou que há um caso de padre afastado por pedofilia na Capital desde 2018. Durante o evento de lançamento da Campanha da Fraternidade 2019, na manhã de ontem, o arcebispo de Fortaleza, dom José Antonio Aparecido Tosi Marques, reiterou que a Igreja Católica adota procedimentos investigativos para combater abusos sexuais cometidos por religiosos no mundo todo.
"Todas as Igrejas do Brasil estão investigando e encaminhando os casos. Não só investigando, encontrando se tem algum caso e encaminhando pela justiça da Igreja, em primeiro lugar. E, se confirmado, também pela Justiça Civil. Isso se faz no Brasil e no mundo inteiro", afirmou dom José Antonio.
Questionado sobre investigações na Cidade, ele respondeu: "Aqui no Brasil e aqui em Fortaleza também".
De acordo com a assessoria de imprensa da Arquidiocese, o próprio arcebispo teria afastado um sacerdote acusado de pedofilia, no ano passado. "O processo está sendo analisado em Roma", comunicou a entidade ao O POVO na tarde de ontem, sem revelar a identidade do denunciado.
Ao receber denúncias como abuso sexual, a instituição averigua a veracidade da informação, diz a assessoria da Arquidiocese. Se a queixa é confirmada com provas, o religioso denunciado é levado ao Tribunal Eclesiástico e, em seguida, afastado de suas atividades na Igreja. Dando direito de defesa e de acusação, o processo pode chegar ao Vaticano, sede mundial da Igreja Católica.
Sendo condenada, a pessoa recebe sanções da Justiça da Igreja e também da própria Justiça Civil. "Aconteceu uma denúncia, tem que averiguar. Crime é crime dentro ou fora da Igreja", informou a Arquidiocese.
No fim de fevereiro, o Vaticano realizou uma cúpula sobre combate a pedofilia. No encontro, o papa Francisco prometeu "luta em todos os níveis" contra a prática criminosa. Denúncias de abuso sexual de crianças por membros da Igreja Católica vieram à tona em vários países ao longo das últimas décadas.
Em 2013, o papa Francisco criou uma comissão especial para proteger as crianças e os adolescentes vítimas de abusos sexuais e combater os casos de pedofilia no clero. No ano seguinte, o Vaticano indicou ter expulsado cerca de 400 sacerdotes durante o pontificado de Bento XVI, após denúncias de práticas sexuais abusivas. (Igor Cavalcante e Wanderson Trindade/ Especial para O POVO. Colaborou Heloisa Vasconcelos)
Clero
Em um dos casos mais recentes, o cardeal australiano George Pell foi condenado por abusar sexualmente de duas crianças. Ele, além de assessorar o papa, atuava como tesoureiro do Vaticano.