O Poder em Transição
Se as transições entre Juraci Magalhães e Luizianne Lins e entre Luizianne e Roberto Cláudio foram tumultuadas e estrepitosas, a de RC para José Sarto foi tranquila e fluida. Na história recente de Fortaleza, só há paralelo dessa calmaria na passagem de governo de Antônio Cambraia para Juraci, em 1996. E com ressalvas, já que, mesmo aliados, prefeito eleito e o então gestor tinham equipes diferentes.
De todas as transições políticas em Fortaleza, nenhuma talvez tenha sido tão tumultuada quanto a da então prefeita Luizianne Lins, do PT, para o sucessor Roberto Cláudio, à época no PSB e hoje no PDT. Tudo que podia dar errado naquele momento de fato deu.
Pela primeira vez desde que a reeleição havia passado a valer, um prefeito reeleito tentava fazer o sucessor em Fortaleza. O mandatário da hora era o médico Juraci Magalhães, do PMDB. O ano, 2004. Seu candidato no pleito, o então secretário de Finanças Aloísio Carvalho, sequer chegaria ao 2º turno, encerrando a corrida eleitoral em 5º lugar, com 7,06% dos votos. Naquele ano, mediram forças pelo controle do Paço Moroni Torgan, do PFL, e Luizianne Lins, do PT, que acabou por vencer essa queda de braço, tornando-se prefeita da quinta maior cidade do país.
Era 15 de novembro de 1988 quando a votação foi oficialmente encerrada e começaram as apurações para decidir quem era o novo prefeito da cidade de Fortaleza. Na edição daquele domingo, dia 20 de novembro de 1988, o jornal O POVO anunciava a vitória: "Ciro Gomes é o novo prefeito" de Fortaleza. Começava ali um tenso processo de transição entre os governos de Maria Luíza Fontenele, prefeita à época, e o do sucessor, que havia derrotado seu candidato com a ajuda crucial do governador Tasso. Era a primeira vez que um governador do Estado participava ativamente do processo de sucessão na capital cearense.