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Beto Studart: "O Brasil vai dar certo"
Reportagem Especial

Beto Studart: "O Brasil vai dar certo"

Aos 74 anos, Beto Studart, presidente do Grupo BSPar, ex-presidente da Fiec e um reconhecido homem de negócios no Estado, fala de vitalidade, otimismo e fé no futuro do País.

Beto Studart: "O Brasil vai dar certo"

Aos 74 anos, Beto Studart, presidente do Grupo BSPar, ex-presidente da Fiec e um reconhecido homem de negócios no Estado, fala de vitalidade, otimismo e fé no futuro do País.
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Há poucos meses, aos 74 anos de idade, Beto Studart (Grupo BSPar) resolveu entrar no mundo das redes sociais. Abriu o perfil @betostudart no instagram, onde compartilha alguns momentos de sua intimidade. O empresário e homem público vem revelando, ali, facetas da personalidade pouco conhecidas, até então, pela maior parte das pessoas que já acompanhavam sua trajetória como homem de negócios. O que se vê pela tela do celular são pílulas de pura vitalidade! Declarações de amor aos amigos, entusiasmo pelo trabalho, cenas de exercício físico, cavalgadas, imagens da natureza em suas propriedades fora da Capital, alegria em família. Um sorriso permanente no rosto acompanha a mensagem sempre positiva em relação à vida e ao futuro. Em conversa com O POVO, o empresário conta de onde vêm a energia e a inspiração que movem sua jornada, mesmo num cenário tão desafiador. Seguem trechos.

O POVO - Depois de tanto tempo desde o advento das redes sociais, o que o levou a entrar há poucos meses no Instagram? Mesmo sendo uma voz pública, historicamente ouvida, havia algo que lhe faltava mostrar ou expressar por este canal?

Beto Studart: Entrar no instagram foi por pura curiosidade. Eu via uma vibração de pessoas, umas carentes de informações, outras querendo informar. Achei um ambiente muito agradável e passei a participar também de forma despretensiosa, como um companheiro, que pode trocar ideias, pode dizer as suas experiências, fazer comentário, pode mostrar um lado do final de semana, aquilo que você está inserido fazendo, quando está descansando.

Empresário Beto Studart
Foto: divulgação
Empresário Beto Studart

E como eu disse no post do último final de semana, empreender e trabalhar é uma forma de você merecer o descanso. Essa mistura de informações é gostosa porque ela é despretensiosa politicamente, ela apenas constrói, às vezes, entusiasmo e alegria para as pessoas. E tenho recebido muitos feed backs positivos. Impressionante como as pessoas estão me acompanhando, estão gostando de ver meus comentários. É um fato novo na minha vida em pleno momento dos 75 anos a gente encontrar companheiros novos, maravilha.

O POVO - Diante de um cenário tão desafiador para todos, seus posts são sempre muito positivos, com mensagens de incentivo e de amor à vida, à natureza, aos amigos. Beto Studart é sempre assim? De onde vem a inspiração e essa vitalidade?

Beto Studart:  Eu sou um entusiasmado. Acho que a força que nós temos, a determinação. Quando falo força é a disposição, a coragem de acordar cedo. De dormir tarde porque estava pensando. De ficar junto dos companheiros de trabalho, de fazer planejamento. De poder determinar estratégias, isso aí tudo são coisas motivadoras do meu cotidiano, dia a dia. Vivo assim. Vivo me auto inspirando e recebendo também inspiração dos outros e é por isso que vivo no trabalho, é para ter o privilégio ou a prerrogativa de ter perto de mim pessoas superdotadas, pessoas inteligentes, pessoas que fazem diferente.

"Então se eu me inspiro, espero também sempre poder inspirar os outros com uma palavra de otimismo real, não aquele otimismo que não reflete a realidade dos fatos econômicos e políticos."

Fazer diferente não é sair radicalmente de um ambiente para outro, não é isso. É porque elas estão sempre evoluindo da sua maneira de ser. Então viver com os outros é viver em congresso, é aprendendo e ensinando, e isso para mim é uma coisa extremamente inspiradora. Então se eu me inspiro, espero também sempre poder inspirar os outros com uma palavra de otimismo real, não aquele otimismo que não reflete a realidade dos fatos econômicos e políticos. A gente tem sempre que enxergar o lado bom das coisas.

 

Beto Studart, empresário cearense, acredita que o Brasil tem bons fundamentos macroeconômicos
Foto: Divulgação
Beto Studart, empresário cearense, acredita que o Brasil tem bons fundamentos macroeconômicos

O POVO - Qual foi para você o momento mais difícil no último ano, pessoalmente? Houve um patamar mais desafiador neste sentido?

Beto Studart: No último ano o que mais me abalou foi o primeiro decreto reconhecendo a pandemia global. Esse fato, que chegou no Brasil e de repente tomou conta de todos nós, foi aquela parada que aconteceu em março, abril, maio, junho. Aquilo me deixou muito abalado. Porque aquele momento era normal ficar parado porque você não sabia como as coisas iriam acontecer no amanhã. Esse desconhecimento deixa todo mundo muito preocupado e eu fiquei. Mas lhe confesso que trinta dias depois, por meio das reuniões virtuais que fazíamos com nosso pessoal, nossos executivos, passamos a adotar uma reforma proativa, de reformas, da forma de fazer, de recepcionar. Entender que era uma coisa passageira, embora continuemos, mas agora com mais conhecimento, recepcionar os nossos funcionários, como iríamos tratar da saúde.

" Então estamos bem sucedidos neste sentido. A construção civil, de certa forma, pelo que tenho de informações dos meus companheiros, está toda funcionando da mesma forma. Então é isso que faz a gente ir para frente."

Tudo isso foi muito importante para nós. Quando voltamos em junho, voltamos com tudo preparado. Não tivemos hiato entre a parada e o retorno. Acho que essas providências foram muito claras, objetivas, responsáveis e continuamos da mesma forma, com o mesmo cuidado. Aqui (no Grupo BSPar) o ponto alto é o cuidado com nossos funcionários.

Temos um protocolo que estamos seguindo a rigor, para que todo mundo possa trabalhar em paz. Parte deles está em casa, acho que 60% dos funcionários estão à distância. Os funcionários de obras, por exemplo, temos apenas cinco casos de afastamento, em uma obra, por exemplo, com mais de 270 funcionários. Então é uma coisa que demonstra o nosso rigor neste acompanhamento. Então estamos bem sucedidos neste sentido. A construção civil, de certa forma, pelo que tenho de informações dos meus companheiros, está toda funcionando da mesma forma. Então é isso que faz a gente ir para frente.

O POVO - E profissionalmente, em se tratando do seu grupo empresarial, como você tem lidado com a instabilidade pela qual passamos na condução dos seus negócios? Mesmo com todas as adaptações promovidas, após 12 meses, tem como segurar a vibração das equipes quando nos vemos entrando no segundo ano de pandemia?

Beto Studart: Segura-se a vibração das equipes com sua própria presença. Você não pode obrigar uma equipe a vir trabalhar se você como presidente ou diretor se sente no direito de ficar em casa. Não tem essa. A vibração da nossa equipe existe, ela é contaminante, e nós nos reciclamos juntos com essa vibração, mas eu tenho que estar presente, como presidente. Estou aqui todos os dias, de 8 da manhã até 19h30min todos os dias, almoço no escritório. Tudo num ambiente de muita responsabilidade, de distanciamento, de proteção, de máscara e gel em todo canto. Essa é a razão da vibração.

Beto Studart é ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará
Foto: JÚLIO CAESAR
Beto Studart é ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará

O POVO - Você é declarado um entusiasta do futuro, seja no País, no Estado, na Cidade. Sempre se declara confiante, apesar de qualquer circunstância. Como está seu sentimento hoje em relação ao Brasil? Estamos no rumo certo?

Beto Studart: Em relação ao Brasil, eu acho que estamos no rumo certo e isso não é otimismo, é questão de leitura. Estamos inseridos num ambiente oposto agora, um ambiente de direita e, no passado, um ambiente de esquerda. Este rompimento político, eu não vou falar aqui em problema de honestidade porque todos nós sabemos e fazemos as leituras. Mas uma coisa interessante que eu vejo é a seguinte. A esquerda ela quer todo mundo trabalhando, desde que esses trabalhadores sejam trabalhadores do Estado. A direita também quer todo mundo trabalhando. A direita também quer todo mundo trabalhando, mas na iniciativa privada.

" Por isso que eu acredito que estamos no rumo certo e que vai dar certo. Agora, os cristais quebram. Tem o rompimento de uma série de atitudes do passado que a gente tem que colocar em prática. Mas o Brasil vai dar certo."

Nós, da iniciativa privada, somos geradores de riqueza. Se você observar qualquer país do mundo, você não tem um histórico de sucesso quando você tem comunismo, excetuando a China, que tem um planejamento estratégico de longuíssimo prazo com suas sucessões bem planejadas. Então a direita e a esquerda no Brasil é isso. Por isso que eu acredito que estamos no rumo certo e que vai dar certo. Agora, os cristais quebram. Tem o rompimento de uma série de atitudes do passado que a gente tem que colocar em prática. Mas o Brasil vai dar certo. É bom salientar que o `está dando certo´ é num aspecto político que tem rompimentos, mas vamos avançar e chegar a um destino positivo.

No que diz respeito à economia, acho que toda a macroeconomia, todos os detalhes estão sendo montados para um futuro também estamos caminhando muito bem, com o Banco Central Independente, taxa de juros bem humanizada, o empresariado está neste aspecto. Agora no que diz respeito ao trato da pandemia, não. Eu não quero nem dizer que estamos certos ou errados, porque se estivermos certos, temos governadores errados também, temos governadores corretos, tem a Presidência da República que eu não fico aplaudindo porque tem alguns equívocos neste trato, talvez pelos interesses políticos, mas as coisas no fechar dos olhos, de repente, vamos nos encontrar, todos vacinados e com um futuro bem determinado.

"A solidariedade é um ponto alto, a compreensão, o respeito ao próximo, são duas coisas muito bem colocadas que a gente tem que enxergar como verdadeiro. E a outra é a nossa resiliência."

O POVO - Qual a grande lição que você tira quando tudo isso acabar, e estamos mais próximos.

Beto Studart: Em relativo à lição que nós teremos, acho que aprendemos muita coisa. Pelo menos no aspecto da tecnologia da informação, tivemos um avanço fantástico no mundo. Aprendemos toda esta categoria de profissionais da área, tanto é que o mercado está carente. Estão criando soluções para todos os empresários que querem se relacionar à distância com seus colaboradores. Agora a lição maior é a solidariedade, que não é uma retórica vazia. A solidariedade é um ponto alto, a compreensão, o respeito ao próximo, são duas coisas muito bem colocadas que a gente tem que enxergar como verdadeiro. E a outra é a nossa resiliência.

Beto Studart se engaja no Movimento Macarrão Amigo Fortaleza durante a pandemia do coronavírus
Foto: Divulgação
Beto Studart se engaja no Movimento Macarrão Amigo Fortaleza durante a pandemia do coronavírus

Tenho certeza que somos capazes de ultrapassar barreiras intransponíveis de um passado recente e que a gente chega lá. Desde que a gente não se desespere, que a gente fique pensando com maturidade, com equilíbrio e resiliência. Resiliência é o somatório de tudo. A calma também é um grande aprendizado. Então isso é a grande história que a pandemia vai nos deixar, que eu nunca pensei e ninguém pensou que poderíamos parar o mundo. Aí vem Raul Seixas e canta `O Dia que a Terra Parou´ e você vê a genialidade que ele, naquela época, há 44 anos, já retratava um dia de caos no nosso planeta Terra. Deixou uma boa história, mas vamos sobreviver. Somos todos sobreviventes.

 

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