Certamente você já deve ter ouvido que "a internet é terra de ninguém", certo? A frase, quase autoexplicativa, geralmente é utilizada para dizer que no meio virtual leis e regras não são seguidas – muito menos aquelas que dizem respeito aos direitos autorais.
Afinal, não é difícil ver uma foto ou mesmo uma frase circularem pelas redes sociais sem se ter a mínima ideia de quem é o seu autor. Da mesma forma acontece com músicas, vídeos, livros, desenhos, textos, memes...
A lista é imensa e a situação é complicada sobretudo para aqueles que trabalham com a produção de conteúdos para a internet, o velho oeste onde todos podem dar um Ctrl + C e Ctrl + V em tudo.
Mas será que é possível uma solução para evitar o velho "copiar e colar"? Antes de dar uma resposta, vamos raciocinar sobre uma situação do mundo real:
Isso vale para vários outros itens como uma foto, uma pintura, um disco, um livro, uma escultura, um lenço... A lista é infinita e cada uma dessas coisas terá valor atribuído a depender de sua autenticidade e de sua importância histórica, cultural, filosófica.
O problema é no ambiente virtual, onde a cópias conseguem superar as mais altas camadas de proteção utilizadas pelos produtores de conteúdos. Um músico, por exemplo, que lançar agora um trabalho em uma plataforma verá réplicas de suas produções instantes depois.
Por mais que as plataformas e os próprios artistas atuem para tentar blindar seus trabalhos, dificilmente conseguirão controlar essa controvérsia do universo online.
Por isso que só há, por exemplo, colecionadores no mundo físico, onde é possível conferir se algo é verdadeiramente original, como uma obra de arte ou mesmo uma camisa autografada. Mas em breve isso pode se tornar uma realidade também na internet.
Quem pretende resolver os problemas de autenticidade – e consequentemente dos direitos autorais – na internet é o Non-Fungible Token (NFT), que em tradução livre significa "token não fungível". Este é um certificado desenhado com base nas criptomoedas com a tecnologia "blockchain", inviolável e que não pode ser duplicada.
Considerado um ativo digital, o NFT dá o mesmo caráter de unicidade daquela camisa autografada agora também para vídeos, imagens, músicas e o que quer que seja produzido no ambiente virtual.
Deixando ligeiramente o tentador e curioso universo desses bilionários mundiais, a NFT chega como uma esperança para os produtores de conteúdos. No Brasil, o nome que tem se aventurado nesta onda é o cantor Supla.
O roqueiro recentemente colocou à venda um vídeo do TikTok e seis imagens em versão limitada como NFT. É possível neste exato momento ir ao perfil do cantor na rede social, por exemplo, e fazer o download do vídeo, porém você lembra da camisa autografada? Pois é... assim como ela, o vídeo agora é único!
O copiar e colar do vídeo poderá acontecer livremente, mas a questão é que graças ao blockchain, Supla vai conseguir rastrear todas as vezes que ele for reproduzido e com isso ter uma noção maior de seus números.
Tá bom, ainda assim você acha isso uma excentricidade? Então digamos que você tenha publicado um vídeo no YouTube. Seu contrato com a plataforma é: quanto maior o número de visualizações, maior a quantia a ser recebida.
Atualmente, o YouTube só contará as visualizações obtidas no seu canal. Se outra pessoa tiver feito o download de seu vídeo e publicado em qualquer outro canal ou plataforma, aquelas visualizações não contarão para você. Ou seja, seu trabalho poderá ser reproduzido inúmeras outras vezes e você não ganhar nada com isso.
Mas caso ele esteja em NFT isso não aconteceria, porque justamente seria possível verificar os números reais da sua produção em toda a web. E esta é a ideia dos entusiastas dessa tecnologia.
Levar para o meio digital a possibilidade de rastrear a originalidade de uma produção, trazendo a noção de valor. Isso pode ajudar os produtores de conteúdo que veem suas produções viralizarem em diferentes lugares, mas não (necessariamente) acabam ganhando com isso.