Opa! Já é 2023 e mesmo assim é sempre bom rememorar conteúdo de qualidade, né? Por isso, a gente decidiu aproveitar os próximos domingos para relembrar algumas das nossas reportagens mais lidas em 2022 por aqui! Boa leitura.
"TOP 10: essa é a 9ª reportagem especial mais lida em 2022 no OP+."
É possível que você já conheça o OnlyFans e isso não quer dizer necessariamente que você seja uma pessoa pervertida, mas que certamente tem acompanhado, ou já tenha visto, notícias sobre esta plataforma. Nela, famosos e anônimos podem compartilhar para um grupo seleto de admiradores suas intimidades voltadas para o público maior de 18 anos. Além dela, vários outros espaços são usados para a produção, consumo e comercialização de conteúdos adultos de maneira virtual.
Esta reportagem percorreu redes sociais e sites onde é possível escolher gênero, rosto, cor dos olhos ou da pele, tamanho do pé ou dos cabelos, e tudo mais aquilo que o agrade e faça parte de seu arcabouço de fetiches. Mas calma lá, não vai ser preciso abrir a aba anônima ou esperar ficar sozinho(a) para prosseguir na leitura que se segue nas linhas abaixo. Este começo de texto por si só já é o suficiente para causar algum tipo de constrangimento…
Ao lado de toda essa oferta de sexo virtual rápido e fácil, é importante atentar-se para os problemas que o excessivo consumo e produção de conteúdo desta natureza podem apresentar para a vida real. Especialistas em sexualidade apontam para eventuais transtornos que podem ser provocados desde suas questões individuais e amorosas até seu desempenho no trabalho e com diferentes grupos sociais.
Mesmo já tendo lido ou ouvido falar sobre o Onlyfans, será que você sabe, de fato, do que se trata e quem o utiliza? Essa é uma plataforma fundada em 2016 pelo empresário britânico Timothy Stokely. A ideia era desenvolver um site em que os criadores pudessem monetizar seu conteúdo livre de anunciantes. Assim, criadores podem receber dinheiro de quem assinar seu conteúdo, o que ocorre por meio de financiamento mensal direto dos fãs, pagamento em formato avulso para conteúdo específico (pay-per-view) e gorjetas.
O que Timothy talvez não imaginasse é que sua plataforma teria números tão expressivos de criadores de conteúdo e de usuários cadastrados em tão pouco tempo, e que iria movimentar bilhões de dólares anualmente. Com 1,5 milhão de criadores de conteúdo e mais de 150 milhões de usuários, o OnlyFans já chegou a pagar mais de US$ 5 bilhões (R$ 28,4 bilhões) aos seus criadores de conteúdo. Estes ficam com 80% de seus ganhos, enquanto o site reserva 20% para si, a fim de cobrir serviços como processamento de pagamentos.
Embora não fosse o foco, tendo em vista que a plataforma abrange conteúdos variados, fotos e vídeos sensuais passaram a se sobressair e serem a primeira ideia que muitas pessoas têm quando leem ou escutam a palavra “OnlyFans”. O boom do site ocorreu em 2020 e, em janeiro de 2021, segundo a própria plataforma, mais de 100 milhões de usuários tinham conta na plataforma.
Várias pessoas encontraram uma oportunidade de lucrar em nível milionário com conteúdo sensual no OnlyFans. Uma delas foi a usuária do perfil GEM 101, que é a pessoa mais bem paga do site, faturando valor estimado em US$ 29,6 milhões (R$ 165 milhões) em ganhos totais. Confira abaixo, o ranking das pessoas quem mais arrecadam cifras milionárias na plataforma:
No Brasil, a situação não é muito diferente. O OnlyFans se tornou bastante popular e várias pessoas se tornaram criadoras de conteúdo para a plataforma. Segundo o portal G1, no Brasil a busca pelo site quintuplicou entre março de 2020 e o mesmo mês de 2021. Veja alguns dos famosos brasileiros e estrangeiros que estão faturando muito dinheiro com o OnlyFans.
Nunca foi tão fácil encontrar conteúdo adulto como atualmente. Esqueça o desgastante (ou seria constrangedor?) ato de sair de casa rumo a uma banca ou uma locadora na busca por revistas ou DVDs eróticos para se satisfazer. Hoje em dia, após poucos cliques no computador ou toques no celular, é possível encontrar de tudo no amplo universo de produções sexuais.
Em buscas rápidas na internet você encontra uma infinidade de sites, plataformas e redes sociais em que é possível produzir e consumir fotos e vídeos íntimos de pessoas de todos os tipos, cores, tamanhos e formas, sem burocracia e às vezes até de forma lucrativa.
Se você está pensando que estamos falando tão somente de baixaria, pode ficar tranquilo(a). A gama de conteúdos desse tipo vai dos clássicos nudes explícitos e artísticos a imagens de partes curiosas do corpo humano e que muita gente sequer já imaginou ser o desejo excitante para alguém.
Afora o já mencionado OnlyFans, conseguimos listar pelo menos outros seis espaços em que o conteúdo erótico tem sido compartilhado de maneira a beneficiar financeiramente os seus produtores. Isto é, são plataformas que permitem com que as pessoas fabriquem por conta própria seus conteúdos, de maneira livre, inclusive sem o aval de uma produtora pornográfica.
Ok, você chegou até aqui e agora sabe (se é que já não sabia antes) das inúmeras plataformas e formas de consumir os mais diversificados tipos de conteúdos sexuais pela internet. Mas e agora: a curiosidade fará com que você vá pesquisar mais e consumir alguma dessas redes?
Independentemente daquilo que você vá fazer, ouvimos especialistas em sexologia que alertam para os eventuais riscos que o consumo exagerado desse tipo de conteúdo pode trazer para sua vida pessoal e até profissional. Mas também analisam que há meios-termos nessa história que podem, inclusive, serem benéficos.
A sexóloga Zenilce Bruno afirma que a facilidade ao acesso a conteúdos eróticos passou a acostumar as pessoas nesse tipo de consumo. “Antigamente os adolescentes, principalmente os homens, pegavam revistas ou alugavam DVDs para ver erotismo em casa, escondidos. Mas hoje, em qualquer lugar em que nós estejamos, nós temos acesso a isso”, explica, complementando que não há distinção de faixa etária, nível social, político, econômico, cultural.
Colunista das Rádios O POVO CBN e Cariri, Zenilce é autora dos livros “Patrimônio afetivo” e “Reserva de felicidade”. Também terapeuta sexual, ela analisa que é preciso equilíbrio e que a sexualidade deve ser uma das faces da vida de alguém, mas nunca o maior objetivo de sua vida.
“Isso porque aquilo que você coloca na sua vida como prioridade e exclusividade, nunca vai ser o suficiente para você. Sempre será preciso melhorar. Então quando coloca-se a sexualidade como sendo objetivo de vida, é óbvio que isso vai levar ao fracasso”, determina.
Já a psicoterapeuta Priscilla Costa afirma que o consumo, por si só, de conteúdo não pode ser considerado um vício. Mas é importante ficar atento(a) a algumas características específicas, que são utilizadas como parâmetro nessa identificação:
“O excesso pode trazer consequências como qualquer outro vício. O mais comum é que a pessoa busque, na própria vida, o desempenho ou estética propagado nas plataformas de conteúdo adulto, levando à insatisfação constante, autocobrança e infelicidade nos relacionamentos, além de poder gerar ansiedade e/ou depressão”, completa.
Assim como em um filme de ação, por exemplo, em que formas e efeitos produzidos são evidentemente irreais, muito daquilo oferecido pela indústria de conteúdos sexuais também é, como o aspecto e o tamanho de órgãos genitais, tempo de uma relação sexual, sons, posições, diálogos, fantasias e por aí vai. É preciso ter em mente que tudo aquilo mostrado é gravado, filmado, fotografado – podendo ainda contar com o poder da edição digital.
Para Priscilla, há ainda outra problemática envolvida na relação entre quem consome e quem produz algum tipo de conteúdo, sobretudo nas plataformas de assinatura, como as mencionadas no começo da reportagem. “Se a pessoa tiver dinheiro o suficiente, ela pode pedir o que quiser a fim de satisfazer as próprias fantasias e fetiches. Não há uma negociação baseada no diálogo e no afeto, mas uma troca puramente comercial”, aponta.
Para alguém consumir determinado tipo de conteúdo é preciso que alguém ofereça aquela demanda. E o que não faltam são pessoas dispostas a produzir e lucrar nesse mercado milionário das plataformas sexuais. Por outro lado, se alguém que consome de forma exacerbada pode sofrer com isso, as pessoas que produzem ficam como?
Para a sexóloga Zenilce Bruno, existe uma primeira razão para alguém ingressar nesse mundo – para além da tentação das cifras –, que é o exibicionismo. “As pessoas que se colocam desta forma tão íntima nas redes sociais estão exibindo o que elas querem que as pessoas vejam. Então quando você começa a trabalhar, principalmente, com a sexualidade, já é um campo garantido que todo mundo tem”, ressalta.
Desta forma, as pessoas que começam a vender seus próprios corpos passam a se colocar em “vitrines”, expondo-se a elogios mas também a críticas. “E essa é a minha grande preocupação. Nem todo mundo suporta as críticas, então os índices de pressão e de depressão podem aumentar bastante. Sendo assim, as críticas podem fazer com que esse ego que a pessoa colocou na vitrine desça por água abaixo pelo ralo”, pontua.