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Não consegue desligar do celular? Você pode ser um nomofóbico
Reportagem Especial

Não consegue desligar do celular? Você pode ser um nomofóbico

A nomofobia descreve o medo de ficar sem contato com o smartphone, sendo derivada da expressão "no mobile phone phobia" e afeta principalmente os mais jovens

Não consegue desligar do celular? Você pode ser um nomofóbico

A nomofobia descreve o medo de ficar sem contato com o smartphone, sendo derivada da expressão "no mobile phone phobia" e afeta principalmente os mais jovens
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A internet, desde sua criação, gerou impacto enorme na vida das pessoas. Ao longo dos anos, as nossas relações com a tecnologia foram se estreitando cada vez mais. Em paralelo ao fortalecimento desses laços, porém, não houve o crescimento da estrutura educacional para lidar com os problemas decorrentes do uso inadequado das ferramentas digitais.

O resultado é grupo de pessoas as quais não consegue mais viver sem passar boa parte das 24 horas do dia conectado às redes sociais ou aos aplicativos de mensagens. A condição foi apelidada de "nomofobia" — o medo de ficar sem contato com o smartphone, em expressão advinda do inglês "no mobile phone phobia" (fobia da falta de telefone móvel).

Nomofobia: o medo de ficar sem celular. Vários celulares ligados filmam uma cidade ao fundo(Foto: Gerd Altamann / Pixabay)
Foto: Gerd Altamann / Pixabay Nomofobia: o medo de ficar sem celular. Vários celulares ligados filmam uma cidade ao fundo

De acordo com Mara Dalila de Freitas Silva, psicóloga cognitivo-comportamental, a nomofobia pode ser destacada como uma doença relativamente recente. Segundo ela, trata-se de uma fobia específica, muito relacionada com o consumo abusivo, o que a caracteriza na definição da Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma adicção — um vício, portanto.

“O acesso à tecnologia móvel avança rapidamente, quanto maior a dependência digital, maior a fobia. Considerando a faixa etária, há destaque para os jovens de 9 a 24 anos que são mais nomofóbicos, mas há sintomas da doença também entre pessoas com 25 e 34 anos e idosos a partir de 60 anos. Existe um medo irracional de ser separado do seu smartphone e aparelhos eletrônicos”, explica.

 

 

Comportamentos que a pesssoa com nomofobia apresenta

  • Incapacidade de desligar o eletrônico mesmo para ir dormir;
  • Checagem obsessiva de notificações;
  • Necessidade de carregamento constante de eletrônicos para evitar risco de descarregamento;
  • Incapacidade de ir ao banheiro sem levar o eletrônico;
  • Pausas frequentes nas atividades para utilizar o celular;
  • Acordar no meio da noite para usar o eletrônico.

Fonte: psicológa Mara Dalila

A depender do nível do vício, é possível que o indivíduo chegue a desenvolver sintomas físicos de ansiedade, como aumento dos batimentos cardíacos, sensação de transpiração excessiva, agitação e respiração rápida.

Ana Tomé, de 33 anos, é estudante de Direito e foi diagnosticada com nomofobia e conta como apareceram os primeiros sintomas: “Meu primeiro sintoma foi chegar aos locais e pedir a senha do wi-fi. Eu me sentia desconfortável se meu celular não estivesse com internet. Em seguida, quando meu celular descarregava, eu sentia um vazio, sentia que minha ansiedade aumentava e meu coração batia forte”, disse.

 


Como atenuar a dependência

Mara Dalila avisa que cabe aos indivíduos a percepção de que estão passando por uma crise momentânea. A partir disso, fica mais fácil tentar controlar os pensamentos até que os sintomas passem.

Outra estratégia é controlar a respiração. “O certo é concentrar-se em inspirar e expirar profundamente pela boca, da seguinte forma: puxe o ar lentamente contando até quatro; segura a respiração por um segundo e solte o ar novamente, contando de novo até quatro”, ensina.

Também é possível controlar os sintomas concentrando a atenção em um objeto — físico ou imaginário. É recomendável fechar os olhos pois será mais fácil focar a atenção.

 

 

Por que procurar terapia

Antes de buscar ajuda, Ana Tomé relata que chegava a passar mais de 15 horas por dia com o celular, sempre conectada. Por conta do uso abusivo desenvolveu Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e teve de iniciar um tratamento com um ortopedista. “Comecei terapia quando percebi que meu uso de celular estava acima do normal. Agora também realizo atividade física três vezes por semana”, conta.

Nomofobia: o medo de ficar sem celular. Na foto, ondas coloridas saem de um celular(Foto: Gerd Altamann / Pixabay)
Foto: Gerd Altamann / Pixabay Nomofobia: o medo de ficar sem celular. Na foto, ondas coloridas saem de um celular

Mara Dalila ressalta que buscar terapia para tratar a nomofobia é uma etapa importante para o alívio dos episódios de crises. E alerta para o uso abusivo de tecnologias. “Dose o uso de tecnologias no cotidiano. Verifique se seu desempenho acadêmico, no trabalho, na família ou pessoal estão sendo prejudicados pelo uso abusivo das tecnologias. Não troque atividades, compromissos ou encontros ao ar livre para ficar conectado às tecnologias”, diz .

 “O acesso à tecnologia móvel avança rapidamente, quanto maior a dependência digital, maior a fobia. Considerando a faixa etária, há destaque para os jovens de 9 a 24 anos, os quais são mais nomofóbicos”, aponta a psicóloga, que acrescenta que os núcleos pessoais do indivíduo são a chave para superar uma crise. “Valorize as relações pessoais, sociais e familiares. Não troque estas relações no dia a dia para ficar utilizando as tecnologias. Prefira uma vida social real à virtual. Escolha relacionamentos e amizades reais ao invés de virtuais”, ressalta.

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