Você é uma pessoa boa de cama? Daquelas que, sem muita cerimônia, deitam e… dormem tranquilamente, sem qualquer dificuldade? Se sim, saiba que você pertence a um exclusivo grupo de pessoas que não sofrem com os distúrbios mais comuns do sono. Sobretudo durante a pandemia, o número de brasileiros que relatam dificuldades para gozar de uma boa noite de sono é alto.
É o que revela a pesquisa “O sono da população brasileira durante a pandemia. Como a Covid-19 está impactando seu sono?”, produzida pela Associação Brasileira do Sono (ABS) e publicada na Revista Sono. Realizado entre novembro de 2020 a abril de 2021, o levantamento mostra que 70% das 6.350 pessoas entrevistadas reclamam da qualidade do próprio sono.
Mas afinal de contas, o que é ter um sono de qualidade? É realmente preciso dormir 8 horas por dia para ter uma boa dormida? O que fazer para que as noites não sejam sempre longas e passar a dormir com "os anjos", como nossas mães diziam quando éramos crianças? O POVO foi em busca de respostas para essas e outras questões.
Bióloga e membro da ABS, Cláudia Moreno reconhece que a Covid-19 afetou a saúde da população, inclusive mesmo a de quem não foi infectado pelo vírus. Chefe do departamento de saúde, ciclos de vida e sociedade da Universidade de São Paulo (USP), ela afirma que os prejuízos são variados.
"É alarmante observar que a pandemia de Covid-19 trouxe diversos problemas de saúde. O prejuízo à saúde mental e sua associação a problemas e queixas de sono cresceram significativamente durante o período da pandemia e, sem dúvida, podem ter deixado sequelas. Além disso, as dificuldades de sono podem agravar ou desenvolver outros problemas de saúde, como metabólicos, por exemplo", declara.
Conforme dados da ABS, além da piora, o tempo de sono, que já vinha sendo insuficiente para parte da população, caiu ainda mais durante a pandemia. Antes do período pandêmico, 44,5% das pessoas relataram dormir menos de 5 horas por dia. Com a chegada do vírus em território nacional, então, o número saltou para 72,7%.
A média geral dos brasileiros inclinou-se de 7,12 horas de sono diário para 6,23 horas, isto é, bem abaixo daquelas 8 horas que aprendemos que seriam ideias para uma boa noite de sono.
No fim de maio, uma postagem no Twitter viralizou após abordar o tema em tom humorístico. O perfil @mauricios_ compartilhou a seguinte mensagem:
Se por um lado, dormir pouco pode ser um problema, dormir demais seria, portanto, a solução? Ainda segundo o professor Manoel Sobreira, “se você dorme um pouco mais do que o habitual, não é problema. Agora se você passa o dia inteiro sonolento, cansado e fadigado, o sono que você tem não é um sono de qualidade”, aponta.
Desde sonolência excessiva durante o dia a dificuldades para iniciar e manter o sono, indo do acordar durante a noite e não conseguir voltar a dormir até ter grande frequência de pesadelos por dias seguidos. São inúmeros os distúrbios que fazem com que as pessoas se queixem de uma noite mal dormida. Contribuindo com isso, alguns hábitos passaram a agravar esses problemas durante a pandemia, conforme a 27ª edição da Revista Sono.
Para tentar evitar que essas dificuldades se mantenham, o professor de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Manoel Sobreira, menciona o termo “higiene do sono”, que são várias práticas e hábitos que auxiliam na melhoria da qualidade do sono. Confira o que é essa série de atividades a serem desenvolvidas antes de deitar a cabeça no travesseiro.
Caso você identifique apresente dificuldades para dormir ou se manter acordado, para ter uma noite bem dormida ou foca o dia com sonolência excessiva, é possível buscar ajuda médica especializada. Em Fortaleza, além das inúmeras clínicas particulares, o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) mantém o Ambulatório do Sono par atender pacientes com distúrbios do sono. Para conseguir atendimento, é preciso encaminhamento médico pela rede pública ou particular.