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Probióticos: as bactérias do bem-estar intestinal
Reportagem Especial

Probióticos: as bactérias do bem-estar intestinal

Você sabe o que são e para quê servem as bactérias do bem? Conhecidos como probióticos, esses alimentos acarretam inúmeros benefícios para a saúde gastrointestinal e até mesmo à saúde mental; entenda

Probióticos: as bactérias do bem-estar intestinal

Você sabe o que são e para quê servem as bactérias do bem? Conhecidos como probióticos, esses alimentos acarretam inúmeros benefícios para a saúde gastrointestinal e até mesmo à saúde mental; entenda
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Os chamados probióticos são culturas de microrganismos, a partir das quais é possível elaborar bebidas fermentadas que podem ser usadas livremente, como o kefir e a kombucha. Também conhecidos como “bactérias do bem”, os probióticos podem ser encontrados em produtos vistos com facilidade em supermercados, como o iogurte grego ou o yakult, e já fazem parte das compras de vários brasileiros.

O que muitas pessoas não sabem, porém, são os potenciais benefícios à saúde destes microrganismos vivos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), quando ingeridos em quantidades adequadas, os probióticos proporcionam o aumento das defesas do sistema imunológico, prevenindo doenças infecciosas e inflamatórias, como diarreias, úlceras, bronquites e alergias. A palavra “probiótico”, inclusive, parte do termo “pro-bio”, que significa “a favor da vida”.

Kombucha, bebida com probióticos(Foto: Reprodução/Freepik)
Foto: Reprodução/Freepik Kombucha, bebida com probióticos

Esses alimentos podem atuar de várias maneiras, seja diretamente na mucosa intestinal — incluindo efeitos de barreira competindo com patógenos que se aderem a ela —, seja atuando em outros órgãos como o sistema imunológico, cérebro e epitélio geniturinário.

O professor doutor Djalma Marques, PhD em Medicina e Cirurgia pela Universidade de Barcelona, explica que, no intestino, os probióticos fermentam substratos de difícil absorção, modulam a produção de gases, desconjugam sais biliares, agem acidificando ácidos graxos de cadeia curta e aumentam o trânsito intestinal.

“Na mucosa, eles atuam também como barreira, sendo bactericidas, inativando toxinas, diminuindo inflamações e estimulando imunologicamente complementos e Imunoglobulina A (IgA). A influência da microbiota intestinal, por sua vez, vai além do trato gastrointestinal desempenhando um papel importante bidirecional entre o trato gastrointestinal e o sistema nervoso central”, afirma.

 

Benefícios dos alimentos probióticos

 

 

Bactérias do bem x Bactérias do mal

Sobre o consumo dos alimentos probióticos, a mestre em Tecnologia de Alimentos e especialista em bactérias probióticas do gênero Lactobacillus pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP), Vanessa Bravo Bernardelli, destaca que todos podem fazer uso, desde que não sejam cepas isoladas — que nem sequer existem na natureza, sendo produzidas pela indústria farmacêutica.

Todavia, a especialista recomenda que o uso das “bactérias do bem” seja feito por pessoas a partir de 1 ano de idade e com quadro de saúde estável. Vale ressaltar que essas bactérias irão habitar o intestino e são passadas de mãe para filho no momento do parto normal ou são adquiridas por meio da amamentação com o leite materno — um dos motivos pelos quais o aleitamento é uma fase importante no desenvolvimento humano.

Segundo Vanessa, existem cientistas que são contra a simplificação gramatical que diferencia bactérias "do bem" e "do mal". “Eles colocam que existem as do bem e outras que não são tão boas assim, porque o nosso intestino é uma grande floresta, habitada por bactérias, leveduras, fungos, parasitas, vírus e todos eles convivem em harmonia, porém as bactérias do bem precisam estar vencendo, sendo predominantes”, comenta Vanessa.

 

 

Orientações sobre o consumo

O médico Djalma Marques reitera que é preciso estar atento a questões mais específicas de saúde para que a harmonia da “grande floresta” seja alcançada.

“Se você está tomando qualquer tipo de medicação imunossupressora ou está imunocomprometido (se você tem HIV, por exemplo), você deve perguntar ao seu médico sobre probióticos antes de tomá-los de qualquer forma. Porém, parece não haver interações documentadas com probióticos, especialmente em forma de alimentos”, disse o médico.

Kimchi, beterraba, iogurte, chucrute e picles são alimentos conhecidos por suas propriedades probióticas(Foto: Reprodução/iStock)
Foto: Reprodução/iStock Kimchi, beterraba, iogurte, chucrute e picles são alimentos conhecidos por suas propriedades probióticas

Enzo Neto, cozinheiro formado em Gastronomia e Vivências Culturais pelo Senac Águas de São Pedro desde 2010 e professor de cozinha há dois anos, afirma que, quando inseridas na dieta, essas bactérias auxiliam na conquista de equilíbrio intestinal e imunidade.

“Há duas formas principais de ingerir probióticos na alimentação de forma balanceada. Por meio do consumo de alimentos ricos em probióticos, como kefir ou kombucha, e por meio de suplementos com probióticos. É sempre fundamental contar com o apoio de um nutricionista”, pontua o cozinheiro.

Ele recomenda ainda o consumo moderado dos probióticos e, quando o cultivo das colônias for realizado de forma caseira, deve-se atentar ao cuidado com a luz solar direta, com o tempo de fermentação e com o recipiente em que o alimento/bebida é mantido, que deve ser apropriado para evitar contaminações.

“Ensino para os meus alunos que a fermentação ocorre de forma natural, sem precisar que os alimentos precisem ir para a geladeira ou para o forno, por exemplo. No entanto, é importante mantê-los em recipientes apropriados”, orienta Enzo.

FORTALEZA, CEARÁ, 16-11-2022: Na foto, Caren Miranda, terapeuta que consome kombucha, desde 2017. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo)(Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS FORTALEZA, CEARÁ, 16-11-2022: Na foto, Caren Miranda, terapeuta que consome kombucha, desde 2017. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo)

Consumidora de kombucha desde 2017, a terapeuta corporal Caren Martins, de 35 anos, recomenda aos interessados em iniciar o consumo que mantenham o recipiente em local adequado, sem agitá-lo, para que não percam o gás e, consequentemente, fiquem sem sabor.

Caren conta que começou a tomar kombucha por conta própria, pois queria experimentar novas bebidas gaseificadas que pudessem substituir os refrigerantes. "Em casa, já apresentei às minhas irmãs e à minha namorada, todas elas gostaram bastante. Já me mudei várias vezes de casa e, em todo local que vou, procuro lojas que vendam a bebida", diz a terapeuta.

 

Principais alimentos ricos em probióticos?

 

 

Probióticos no auxílio à reeducação alimentar

Para a frentista mato-grossense Kenia Mendes, de 48 anos, a descoberta dos probióticos se deu devido ao processo de reeducação alimentar com o acompanhamento de uma nutricionista. Kenia, que é hipertensa, estava passando por uma etapa em que teve de evitar o consumo de refrigerantes e de álcool quando viu um vídeo da profissional de saúde com uma taça contendo uma bebida então desconhecida por ela.

“Fiz um acompanhamento grupal com a nutricionista pelas redes sociais, eram várias mulheres participando da reeducação alimentar. Certa vez, ela estava preparando um prato para o final de semana e a vi com uma bela taça na mão e aquilo me chamou muita atenção, pois não podíamos consumir álcool ou refrigerantes. Foi então que ela nos apresentou a kombucha, mas sem dar muitos detalhes a respeito”, conta a frentista.

Alimentação rica em probióticos contribui para o bom funcionamento do intestino e é fonte de saúde (Foto: Reprodução/Freepik)
Foto: Reprodução/Freepik Alimentação rica em probióticos contribui para o bom funcionamento do intestino e é fonte de saúde

A mulher, que sempre teve cuidado com a saúde, teve sua curiosidade despertada e buscou no mercado local pelo produto, mas — a princípio — não obteve sucesso na empreitada. “Apesar de não ter encontrado, não desisti de procurar. Perguntei às pessoas próximas se elas conheciam a kombucha e ninguém sabia nada a respeito. Até que um dia, estava na manicure e ela me ofereceu uma muda de kombucha, mas até então eu não sabia o que fazer com ela”, relembra Kenia.

Então, ela deu início a um novo processo de pesquisa sobre a bebida. Desta vez, os estudos sobre a fermentação e os cuidados com o produto foram intensificados. Kenia chegou a participar de cursos e grupos de consumidores de probióticos, nos quais pôde conhecer novos alimentos ricos nas bactérias do bem e experimentar os benefícios delas.

Iogurte tipo grego é fonte de probióticos(Foto: Reprodução/Freepik)
Foto: Reprodução/Freepik Iogurte tipo grego é fonte de probióticos

“Os probióticos tonificaram o meu bem-estar e a minha alimentação. Eu gostava muito de tomar uma cervejinha nos finais de semana e consegui substituir perfeitamente pela kombucha, que é uma ótima pedida para quem deseja abandonar o consumo de álcool, inclusive. Agora, consumindo alimentos probióticos, sinto o funcionamento do meu intestino melhorado e a digestão mais eficiente. Os probióticos mudaram a minha vida para muito melhor”, afirma.

Tamanha mudança fez Kenia se tornar empreendedora no ramo de bebidas probióticas. Após participar de formações sobre o tema, ela passou a produzir kombuchas tanto para consumo próprio, quanto para a venda. “Ofereço para quem chegar aqui em casa! Espero que todo mundo comece a experimentar”, concluiu a mulher.

 

Miniglossário para entender os probióticos

 

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