Matéria atualizada com dados da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape-DF) a medida em que eles são disponibilizados. Última atualização às 15h de 18 de janeiro de 2023
Pessoas de meia de idade (50 a 59 anos) e idosas (a partir de 60 anos) são a maior parte dos bolsonaristas presos por envolvimento nos atos terroristas do último domingo, 8, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Entre os detidos, que devem responder por crimes como terrorismo, atentado ao Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e dano ao patrimônio, está um senhor de 73 anos. É o que mostra a lista divulgada pela Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape-DF) nesta terça-feira, 10.
A listagem traz 1.382 nomes (até o momento) de homens e mulheres que já foram ou serão transferidos pelo órgão para centros de detenção — homens para o Centro de Detenção Provisória II (CDP II), conhecido como Papuda, e mulheres para a Penitenciária Feminina do Distrito Federal (PFDF), conhecida como Colmeia.
Chama a atenção o número de detentos com mais de 60 anos e a relação evidencia que os jovens, considerados a maior parte dos eleitores de Bolsonaro, são o menor contingente de detidos até o momento.
De acordo com a última atualização, a média etária dos terroristas é de 48 anos, no caso dos homens, e 50 anos no caso as mulheres. O mais jovem entre os presos é Jamerson Cassimiro da Silva Alves, de 18 anos, e o mais velho é Julio Cesar de Oliveira Ciscouto, de 73 anos.
Ciscouto, que é aposentado, ofereceu dinheiro a um policial para evitar que o celular fosse apreendido e foi preso por tentativa de suborno. Ele teria dito que a filha faria uma transferência bancária de R$ 5 mil para o agente da Polícia Civil.
Já o mais jovem, Jamerson, de 18 anos, que é de Alagoas mas está em Brasília desde o fim de 2022, se apresenta nas redes sociais como "ativista político, completamente apaixonado por Jesus, patriota e cristão".
Na apresentação do Instagram o jovem também reproduz o slogan de campanha de Jair Bolsonaro: "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos". Um dia antes dos atos terroristas, o rapaz publicou um vídeo em que discursa para outros bolsonaristas acampados em Brasília.
A última publicação feita por Jamerson foi outro vídeo em que ele mostra os presos ajudando a desatolar um dos ônibus que os transportava até o galpão da Academia da Polícia Federal.
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Entre as acusações pelas quais responderão eles também estão os crimes de lesão corporal, porte de arma branca, corrupção ativa e roubo a transeunte, já que jornalistas que trabalhavam no local tiveram materiais de trabalho roubados no domingo.
A divulgação do nome e da data de nascimento das pessoas transferidas para o Sistema Prisional atende a uma determinação da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal para possibilitar o acesso de familiares e advogados a elas. Veja a lista:
Na avaliação da cientista social Lara Ezequiel, alguns fatores podem ser levantados para explicar a evidência do bolsonarismo nessa faixa etária. Por essa idade, explica Lara, “é interessante observar como eles acompanharam o governo Lula, Dilma e a cobertura midiática vergonhosa do impeachment”.
“Em relação a essa geração, é uma combinação explosiva por 1) não dominar os meandros da internet e serem facilmente cooptados; 2) já terem um pensamento conservador; 3) serem fortemente influenciados pelo antipetismo”, elenca.
A socióloga Paula Vieira, professora da Unichristus e pesquisadora do Lepem-UFC, reforça que a maioria desse público está ligada a valores conservadores e religiosos. “É um recorte geracional muito grande em relação ao que entendemos hoje como direitos humanos, então é uma faixa etária que acaba não se sentindo representada por essa nova forma de enxergar as relações sociais, que têm sido defendidas dentro dos aspectos democráticos”, pontua.
Nas redes sociais, internautas se mobilizaram para identificar terroristas a partir de imagens de vídeos, fotos e prints. No Instagram, o perfil "Contragolpe Brasil" lista nome, profissão, local de origem e até página pessoal das pessoas reconhecidas.
Além das informações básicas, a legenda das fotos informa se os envolvidos participaram dos atos como articuladores ou financiadores.
Entre elas estão servidores públicos, policiais, ex-BBB e até um parente da família do ex-presidente Jair Bolsonaro. Léo Índio é primo dos três filhos mais velhos do ex-mandatário e postou uma foto no próprio perfil exibindo sua participação da invasão ao Congresso Nacional.
Também não se preocuparam em esconder o rosto a médica veterinária Ana Carolina Guardieri; o servidor público do IML do Rio de Janeiro Carlos Eduardo Bon Caetano; a administradora Alessandra Faria Rondon, entre outros.
Em nota, a Polícia Federal informou que 1.843 foram conduzidas pela Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF) para a Academia Nacional de Polícia após determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).
Destas, 1.159 foram presas e 599 foram liberadas por “questões humanitárias” — em geral idosos, pessoas com problemas de saúde, em situação de rua e pais/mães acompanhados de crianças.
Esse grupo, que estava alojado na Academia da Polícia Federal, havia sido detido no acampamento de bolsonaristas em frente ao Quartel-General do Exército, que foi desmontado por determinação do ministro Alexandre de Moraes.
Lá, conforme informou o ministro da Justiça, Flávio Dino, eles seriam identificados e ouvidos pelas autoridades. Dependendo da avaliação, poderiam ser liberados ou encaminhados para detenção.
Segundo a PF, os detidos são submetidos aos procedimentos de polícia judiciária, e após os trâmites realizados pela Polícia Federal são apresentados à Polícia Civil do DF, responsável pelo encaminhamento ao Instituto Médico Legal e ao sistema prisional.
A PF garantiu, ainda, que todos estão recebendo alimentação regular (café da manhã, almoço, lanche e jantar), hidratação e atendimento médico quando necessário.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública criou um e-mail para receber denúncias e informações sobre os terroristas que praticaram os atos de vandalismo em Brasília. As informações podem ser enviadas para denuncia@mj.gov.br.
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