A paradisíaca Praia do Preá, localizada no município de Cruz, é um dos principais polos de kitesurfe do mundo. A 245 km da capital Fortaleza, o local tem o turismo alavancado pelo esporte, atraindo atletas de várias nacionalidades para competições, períodos de treinos e também lazer no litoral cearense.
Point mundial de kite, a praia tem 15 km de extensão e dois fatores fundamentais para o velejo: fortes ventos e temperatura agradável da água. Entre julho e fevereiro — ou seja, durante a maior parte do tempo —, há ventos de 20 a 35 nós; na baixa temporada, varia entre 10 e 20. Já a água se mantém entre 26ºC a 28ºC — suficiente para se refrescar do calor ambiente e não tão gelada em horários mais amenos.
"Aqui é o melhor lugar do mundo, na minha opinião, para velejar. Vento constante, um mar perfeito para aprender, que não tem ondas grandes, são ondas pequenininhas, o que facilita o aprendizado; uma escola com professores capacitados, equipamento de alta qualidade... Tudo chama, né? Tudo faz a pessoa se motivar para vir velejar aqui", avalia a jovem carioca Sophia Abreu, campeã brasileira.
Com o maior fluxo de turistas na região em razão do esporte, a vila precisou se adequar para receber os visitantes: a exemplo de Jericoacoara, que fica a 12 km de lá, a Praia do Preá passou a ter investimentos para construções de hotéis e restaurantes de alto padrão para atender o público.
Um dos principais empreendimentos da localidade é o hotel Rancho do Peixe, onde os atletas de kitesurfe costumam se hospedar. Os bangalôs estão localizados à beira-mar e o hotel é totalmente funcional para os praticantes do esporte: há uma guarderia e também oficina para reparos de pranchas, pipas e velas. Além disso, há a opção de aulas de esportes de vento e mar ou aluguel de equipamentos.
"Eu sinto como minha segunda casa. Quando eu treinava para campeonato, ficava muito tempo aqui, um mês, e digamos que é um dos melhores lugares do mundo para praticar kitesurfe, principalmente strapless: tem vento forte, água quente, a logística também é perfeita, porque fica logo à frente da praia", explica o multicampeão Mitu Monteiro, de Cabo Verde, que é figura frequente no hotel.
A Praia do Preá também é um dos palcos do Surfin Sem Fim. O evento, que costuma ocorrer nos últimos quatro meses do ano, é uma aventura pelo litoral brasileiro, percorrendo o país velejando de kite. A experiência surgiu da paixão dos atletas pelo esporte e pela vontade de descobrir as mais diversas praias.
Os organizadores são responsáveis por traçar as rotas e cuidar da logística dos participantes - isto é, hospedagem e alimentação. O Rancho do Peixe recebe os atletas no percurso. Um dos grupos, por exemplo, sai de São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte, e cruza Ceará e Piauí até chegar a São Luís, no Maranhão.
A iniciativa nasceu de Marco Dalpozzo, um dos sócios do hotel, ainda em 2012, quando soube de downwinds feitos por nativos e partiu do Cumbuco ao Preá. A primeira edição ocorreu em 2014, após dois anos de estudos e avaliações para viabilizar o projeto.
"O Surfin Sem Fim é muito especial para mim porque foi meu primeiro contato com um downwind de longa distância. Você ter a possibilidade de viajar de um lugar para outro de kite, com toda uma infraestrutura de segurança, suporte, é incrível. É realmente incrível você poder passar por lugar que não consegue passar de carro, você passa pela água, de kite, com seus amigos... É muito maneiro. Essa foi minha primeira experiência e eu guardo no fundo do coração. Até o Delta (do Parnaíba), que é um lugar incrível, passar por dentro do mangue de kite... É muito legal. Sempre que eu posso e tenho a oportunidade de convidar as pessoas para o Surfin Sem Fim, eu convido porque vale muito a pena", relembra Sophia.
Próxima do Preá, a praia de Jericoacoara, um dos principais pontos turísticos do Ceará, recebeu em dezembro de 2022, a final do campeonato mundial e brasileiro de wingfoil — esporte semelhante ao kitesurfe, mas com uma vela diferente — em três modalidades: wing race, freestyle e wave.
O torneio internacional foi promovido pela International Wing Sports Association (IWSA) e World Cup Race em parceria com o Governo do Estado do Ceará e a pousada Vila Kalango. "A terra do vento já está consolidada internacionalmente como destino brasileiro que mais atrai turistas e velejadores do mundo inteiro", diz Marco Dalpozzo.
Atletas de diversas partes do mundo desembarcarão em solo cearense. Os brasileiros Kauli Seadi, Levi Lenz, e Fernando Mizo foram alguns dos destaques nacionais do wing e estiveram presentes na competição na disputa do título entre as modalidades.
O italiano Francesco Cappuzzo, campeão da categoria wing race e o venezuelano Gollito Estredo, também velejaram no litoral cearense, além de Paula Novotna, da República Tcheca, campeã mundial de wingfoil freestyle 2022.
O repórter viajou a convite do hotel Rancho do Peixe