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Conheça o cãozinho pastor alemão que atua contra o tráfico de droga no Ceará
Reportagem Especial

Conheça o cãozinho pastor alemão que atua contra o tráfico de droga no Ceará

Um filhote de cão pastor alemão virou a estrela de uma operação de apreensão de drogas no Aeroporto de Fortaleza. Kano é um dos dois cães que atuam na Polícia Federal no Ceará

Conheça o cãozinho pastor alemão que atua contra o tráfico de droga no Ceará

Um filhote de cão pastor alemão virou a estrela de uma operação de apreensão de drogas no Aeroporto de Fortaleza. Kano é um dos dois cães que atuam na Polícia Federal no Ceará
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30 de abril de 2023. Aeroporto Internacional de Fortaleza. Oito pessoas foram presas com aproximadamente 23 kg de cocaína. E um personagem foi o protagonista dessa ação: o novo cão farejador da Polícia Federal do Ceará, Kano, um filhote de 2 anos. Ele chegou em abril deste ano e vem atuando em operações na Capital e Porto do Pecém.

Em uma sessão de adestramento de Kano na PF, o filhote mostrou um temperamento brincalhão, bem interessado na recompensa, que era se divertir com uma bola, após ter que farejar sozinho uma pilha de malas para localizar drogas. Em nenhum momento se mostrou agressivo. E recebeu carinho do “operador” de cães que o treinava e, também, das repórteres.

Kano durante sessão de adestramento no canil da Polícia Federal(Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS Kano durante sessão de adestramento no canil da Polícia Federal

Além do filhote Kano, muitos outros cães atuam no Ceará e no Brasil. O serviço de operações com cães da Polícia Federal (PF) existe desde 1998, inicialmente trabalhando apenas com cães detectores de drogas. Desde 2007, os cães também passaram a ser utilizados para detecção de explosivos.

No Ceará, a PF teve momentos com canil funcionando e com canil inativo. Mas desde novembro de 2020, o canil vem funcionando sem interrupções, atualmente com dois cães: o novato Kano, de 31 quilos, e o veterano Inu, 35 quilos, um pastor-belga-malinois de 4 anos, que está aqui há 2 anos e meio. Desde que o canil da PF cearense voltou a funcionar até agora, foram apreendidos 680 quilos de drogas com a ajuda de cães.

 

 

Um perfil do Kano


 

Como é o treinamento de cães farejadores

No Brasil, todo o treinamento e reprodução de cães para ações policiais é feito no Canil Central da Polícia Federal, em Brasília. O trabalho começa quando o cão tem por volta de 45 ou 50 dias de vida, com brincadeiras para conhecer os cães e estimular o faro.

A partir de 60 dias, são realizados treinamentos individuais, para analisar a capacidade e temperamento de cada cão. A partir dos oito meses são feitos treinamentos com comandos e são selecionados os cães que têm o perfil adequado. Só então é feito o treinamento com odor para localizar drogas. Em média, o cão termina o adestramento com um ano e meio. Em nenhum momento do treinamento os cães entram em contato com a droga.

Inu é outro cão farejador que atua em operações da PF no Ceará. É um pastor-belga-malinois de 4 anos(Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS Inu é outro cão farejador que atua em operações da PF no Ceará. É um pastor-belga-malinois de 4 anos

Para operar os cães, os agentes precisam fazer um curso de cinco meses em Brasília, no qual acompanham um dos cachorros. A partir daí, os cães são enviados para sedes da PF em todo o Brasil. É o caso do agente Roberto Chaves, que concluiu o curso e trouxe Kano para o Ceará. “É gratificante, porque a gente sente realmente que eles trabalham junto com a gente. Existem situações em que se não houvesse o auxílio do cão a gente não conseguiria concluir o serviço com êxito,” afirma.

O trabalho de adestramento começa dos da PF por volta de 45 ou 50 dias de vida e tem duração de 1 ano e meio(Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS O trabalho de adestramento começa dos da PF por volta de 45 ou 50 dias de vida e tem duração de 1 ano e meio

As principais raças que são utilizadas para farejar drogas são os pastores, principalmente: o pastor-alemão, o pastor-belga-malinois, e o pastor-holandês. A escolha dessas raças se dá a sua capacidade e adaptação em relação às temperaturas, e disposição para trabalho.

A partir dos 7 anos, os cães passam a ser observados para a aposentadoria, o que vai depender de indivíduo para indivíduo. Em média, os cachorros se aposentam aos 8 anos, mas alguns cães podem trabalhar até 9 anos ou 10 anos de idade. Eles então são doados e se tornam companheiros domésticos. Se quiser, o operador responsável pelo cão tem preferência para ficar com ele.

 

 

O uso de cães em operações da PF no Ceará

Para o operador de cães Jardel Cavalcante, o trabalho dos cães é fundamental para a PF, devido à sua capacidade de olfato mais aguçada. “É uma ferramenta que tem sua importância consolidada, porque não é só aqui, é no Brasil inteiro, e é no mundo. Todas as forças policiais usam, a gente usa até pouco”.

 Jardel Cavalcante, operador de cães, explica que treinamento e brincadeira devem ser constantes(Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS Jardel Cavalcante, operador de cães, explica que treinamento e brincadeira devem ser constantes

Segundo Jardel, apesar do trabalho eficaz dos caninos, não é tão simples trazer mais cães para o Estado, já que os cachorros necessitam de uma rotina que os mantenha ativos. “Os cães têm que estar trabalhando o tempo todo, não é como um carro que você pode deixar uma semana parado. Um cão tem que estar trabalhando, tem que estar brincando, então você ter vários cães e não ter como fazer os trabalhos não é interessante.” 

Mas o operador acredita que o trabalho dos cães tem se consolidado no Ceará no último ano, e tem tudo para se fortalecer de acordo com a demanda da Polícia, já que existem vários locais onde os cachorros podem atuar. Em Fortaleza, as principais apreensões ocorrem no aeroporto e nos correios. Os cães também atuam nos portos da cidade, como no Porto do Pecém e no Porto do Mucuripe.

 

 

A história dos cães policiais

Os cachorros foram domesticados há cerca de 20 mil a 40 mil anos, e desde então têm auxiliado os humanos em diversos tipos de trabalho. Os romanos, por exemplo, já usavam cães para caça, segurança e suporte a soldados em guerras. O primeiro uso registrado de cães policiais foi no começo do século 14, em St. Malo, na França, onde os cães eram usados para defender píeres. A palavra inglesa “sleuth”, que significa detetive, teve origem na Escócia, onde se utilizava cachorros apelidados “sleuth-hounds”.

Nas forças policiais modernas, um dos exemplos mais antigos é o dos cães-de-santo-humberto, conhecidos como bloodhounds, que ajudaram a polícia inglesa na busca pelo serial killer Jack, o Estripador, em 1889. Infelizmente não houve sucesso, os cachorros fugiram e ainda morderam o comissário Sir Charles Warren, que virou piada.

Kano com a insígnia da Polícia Federal(Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS Kano com a insígnia da Polícia Federal

O departamento de polícia de Ghent, na Bélgica, criou o primeiro programa de serviço de cães policiais organizado em 1899, e os cães começaram a ser usados em larga escala em países da Europa continental como França e Alemanha no início do século 20. A polícia alemã selecionou o pastor-alemão como raça ideal para o trabalho policial, abrindo a primeira escola de treinamento de cães em 1920.

O código “K-9”, que tem a mesma pronúncia da palavra “canine” em inglês e que é comumente usado para se referir aos cães policiais, surgiu em 1942, quando a primeira divisão militar de K-9 foi criada pelo então Secretário de Guerra americano Robert P. Patterson. Em 1959, a expressão foi registrada como símbolo federal do exército americano, e desde então tem sido usada internacionalmente para se referir a cães policiais em todo o mundo.

Os principais serviços exercidos pelos cães são detecção de drogas e explosivos, busca e salvamento de suspeitos e pessoas desaparecidas, e apreensão de suspeitos.

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