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Pavimentação como política pública de acesso à Cidade
Reportagem Especial

Pavimentação como política pública de acesso à Cidade

Dificuldade de acesso.

Pavimentação como política pública de acesso à Cidade

Dificuldade de acesso.
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"Quando você não tem ruas pavimentadas, você diminui o fluxo de pessoas e de veículos. Falar sobre pavimentação é além dos veículos, é saber se a via está viável para que o idoso caminhe, assim como pessoas com deficiência e para que as pessoas voltem a usar a cidade de forma mais democrática", avalia a mestre em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e pesquisadora sobre Direito à Cidade, Josileine Araújo.

A especialista ainda afirma que há um déficit do olhar público para as zonas periféricas relacionadas à manutenção desses espaços, que impacta na vivência de quem mora nesses locais. Morador do bairro Parque Dois Irmãos, o aposentado Francisco José Linhares, 68, enfrenta diariamente um trecho da rua Padre Wilson completamente esburacado.

Os problemas são registrados em frente à residência do aposentado, no qual relata que a situação dificulta a entrada e saída de veículos, o acesso de pedestres na rua e o incômodo de não poder frequentar a via onde mora.

"Desde quando começou a chover, em janeiro, está desse jeito, com muito buraco. Os vizinhos chegaram a chamar a prefeitura, mas nada foi feito. Eu tento me livrar daqui o máximo que eu posso, mas para quem mora e passa por aqui com frequência atrapalha muito. Eu moro em frente a um buraco e aqui tem criança, é um perigo. Nem na calçada a gente fica porque não tem como, é uma rua esquecida", afirma o aposentado.

Para o padre Josenildo Campos, 57, morador do bairro Álvaro Weyne, há um sentimento de esquecimento pela falta de conservação da gestão municipal na zona periférica. Ele acessa diariamente as ruas Omar Paiva e Cruz e Sousa para ir de casa ao mercado e afirma que os buracos sempre existiram nos trechos. "Você vê a diferença daqui para outros bairros de Fortaleza, como Aldeota e Meireles. São diferentes, não têm buracos. Aqui, que é mais periferia, é entregue a Deus-dará", disse.

Ainda na avaliação da socióloga, quando as políticas de pavimentação são, de fato, executadas as pessoas se sentem mais pertencentes aos espaços que moram. "Você vai ter uma circulação maior de pessoas e uma maior movimentação econômica. Às vezes, você vai em uma rua que é muito esburacada e começa a ficar abandonada, isso também aumenta a criminalidade e violência e com os serviços executados muda a realidade dessas zonas", explica.

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