Sensação das quadras, João Fonseca, de apenas 18 anos, desponta no cenário nacional como uma das maiores promessas do tênis brasileiro. Natural do Rio de Janeiro (RJ), o jovem vem chamando atenção em sua primeira temporada na categoria profissional do circuito mundial.
Com a maturidade de um atleta experiente, vasto repertório em quadra e uma distinta qualidade técnica, João Fonseca é considerado por muitos o “sucessor de
Para coroar a surpreendente temporada 2024, João Fonseca se classificou para o Next Gen ATP Finals 2024, torneio que reúne os oito melhores do mundo de até 20 anos. Ele é o primeiro brasileiro a participar da disputa.
A competição, que já revelou nomes como o italiano Jannik Sinner (líder do ranking mundial), Carlos Alcaraz (3º do mundo) e Stefanos Tsitsipas (ex-top-3), acontecerá entre os dias 18 e 22 de dezembro e será sediada em Jeddah, na Arábia Saudita.
Após ter encerrado a temporada de 2023 como campeão mundial do circuito júnior da Federação Internacional de Tênis (ITF, sigla em inglês) — outro feito inédito para o tenista brasileiro — e campeão simples do US Open Juvenil, o jovem carioca iniciou o circuito profissional deste ano como 727º colocado no ranking da ATP, mas não demorou muito para despontar na classificação.
Hoje, ele é 145 do mundo, sendo o único com até 18 anos de idade a figurar no top-150 da ATP.
Logo em janeiro, Fonseca chegou à sua primeira semifinal de Challenger, em Buenos Aires (Argentina), onde acabou eliminado pelo cazaque Dmitry Popko. Em fevereiro, disputando o Rio Open ATP 500, João Fonseca atraiu os holofotes para si ao superar o francês Arthur Fils, então 36º colocado do ranking mundial. Os dois vão se reencontrar na estreia do Next Gen Finals, nesta quarta-feira, às 14h10min.
O bom desempenho em casa não apenas chamou atenção das principais personalidades do tênis, como também solidificou sua posição entre os principais nomes da nova geração do esporte.
Sob constantes comparações com o maior nome do tênis brasileiro, o lendário Gustavo Kuerten, João Fonseca parece não se intimidar com a pressão e as expectativas nele depositas. Harmonizando sua vida entre a rotina de um jovem comum e a dedicação de um atleta de alto rendimento, o tenista encanta até mesmo os olhos mais aguçados, como os do próprio Guga.
"Quando a gente olha os números: Alcaraz, Sinner, o João, a gente fica meio assim: 'Nossa, caramba, será?' Eu fico muito feliz porque o garoto, quando bate na bola, é diferente. É lindo de ver. De longe, pela TV, emociona, de perto então, é fascinante. João tem condições de levar o tênis brasileiro para um nível que a gente nunca viu", elogia Guga, em entrevista ao ESPN.
Para além do otimismo no cenário nacional, Fonseca já é destaque também aos olhos do maior tenista da história, o sérvio Novak Djokovic. Em abril deste ano, ao ser questionado sobre sua aposta no saibro de Roland Garros, Djokovic não hesitou em falar o nome do brasileiro. "Eu o assisti jogando e ele é muito bom. Seu estilo de jogo lembra o meu", confessou o sérvio.
Nascido em 21 de agosto de 2006, no Rio de Janeiro (RJ), João Fonseca teve sua trajetória atrelada ao esporte desde cedo. Filho de atletas amadores, o tenista cresceu observando seus pais, Roberta e Christiano, dedicarem tempo aos mais variados esportes.
Amante das modalidades aquáticas, o pai de João pratica surfe e kitesurfe rotineiramente, além de se aventurar com o ciclismo. Enquanto sua mãe, Roberta, é atleta de vôlei desde a juventude e, em 2023, foi campeã do Vôlei Master na categoria acima de 50 anos com a equipe AABB-RJ.
Assim, de forma natural, os filhos do casal seguiram o exemplo dos pais, adotando a prática esportiva como estilo de vida. Além de João, os dois irmãos dele praticam surfe e tênis, porém de forma amadora.
Criado em Ipanema, bairro da Zona Sul da capital fluminense, João Fonseca cresceu a dez minutos de distância do Rio Country Club, clube poliesportivo onde começou a praticar tênis aos 4 anos de idade. Aliás, foi na quadra de saibro da agremiação onde Fonseca viu seu ídolo Rafael Nadal vencer o ATP 500 do Rio Open em 2014 — o brasileiro tinha 8 anos.
Frequentando as quadras de tênis apenas como recreação, João Fonseca também dividia atenções com o futebol. Mesmo gostando de praticar tênis, o jovem atleta tinha uma maior afeição pelo futebol, e, por pouco, não seguiu carreira nos gramados.
Flamenguista fanático, João treinava futebol quase diariamente, porém o fascínio pelo esporte bretão foi deixado de lado após uma séria lesão que o desencorajou a seguir no esporte. Desde então, o garoto passou a se dedicar integralmente ao tênis, já intencionando uma trajetória com a raquete.
Focado em ganhar notoriedade no cenário esportivo, João Fonseca passou a ser treinado por Guilherme Teixeira, técnico que o acompanha desde os 11 anos de idade. Reservado e avesso aos holofotes, Guilherme é o principal responsável por lapidar o estilo agressivo do tenista nas quadras.
Em entrevista à ATP, Teixeira comentou sobre preparação de João para disputar o Next Gen Finals. “Estamos fazendo nosso melhor todo dia para manter o ritmo dele, pois estamos crescendo rapidamente. Estamos tentando prepará-lo para estar lá e ser capaz de lutar por isso, por esses títulos grandes”, disse o treinador.
“O bom relacionamento é muito importante, ele pode falar sobre tudo comigo, todo o crédito para os pais dele que confiam em mim. Todo esse sucesso vem com responsabilidade, sou muito orgulhoso dele e estamos curtindo muito e seguimos evoluindo", concluiu Guilherme Teixeira.
Após uma temporada de destaque em 2023 entre os juniores, Fonseca tem enfrentado de maneira positiva a transição para o circuito profissional. A pressão das inúmeras comparações — com Guga, com Alcaraz, com Djokovic — e o aumento do grau de dificuldade dos adversários não afetam o desempenho do jovem tenista, conforme avaliam especialistas.
Jornalista e colunista do UOL Esporte, Alexandre Cossenza explica a razão de tantas expectativas sobre o João Fonseca e o que faz do jovem uma promessa do tênis brasileiro.
“Se fizéssemos uma lista de características que todo grande tenista deve ter, o João marcaria todas as caixinhas. Ele é humilde, talentoso, corajoso em quadra, ele não fica esperando o adversário errar, além de ser bem orientado pela família e pelo técnico. Então, se juntarmos tudo isso, vemos que ele tem muitas coisas para ser um grande tenista, acho que essa é a maior esperança. Todos os aspectos dessa jovem carreira dele são positivos”, comenta o jornalista.
Apesar da pouca idade, Fonseca demonstra foco total na carreira. Durante a semana de treinos que precede as competições, o jovem evita navegar pelas redes sociais para melhorar o desempenho em quadra, conforme revelou em entrevista coletiva.
Após uma campanha positiva em seu primeiro ano no circuito profissional, João Fonseca terá na disputa do Next Gen Finals a chance de iniciar de forma favorável a preparação para a próxima temporada. Em 2025, a previsão é de que o brasileiro alcance uma posição ainda maior no ranking.
“Tem uma expectativa de ele entrar no Top 100 em 2025, ele não está tão longe disso. [...] Ele tem um ano inteiro para jogar torneios maiores do que jogou ano passado, é natural que ele entre em mais chaves de ATPs e tenha chances de pontuar em torneios maiores”, explica Alexandre Cossenza.
Seja como herdeiro do legado de Guga ou como criador de sua própria trajetória, João Fonseca já é um nome para se acompanhar de perto. Aos amantes do esporte, basta acompanhar e vibrar com o início do que já é uma carreira de sucesso no tênis brasileiro.
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