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Os cursos superiores nota 5 do Brasil e por que esse resultado importa
Reportagem Especial

Os cursos superiores nota 5 do Brasil e por que esse resultado importa

A UFC tá na mesa — e no hospital, na clínica, na fazenda: Zootecnia, Farmácia, Fisioterapia e Enfermagem da UFC estão entre os cursos mais bem avaliados do Brasil, segundo indicadores do Inep. Com excelência, Universidade mostra seu impacto na saúde, no campo e na formação de profissionais que atuam no cotidiano de todos nós

Os cursos superiores nota 5 do Brasil e por que esse resultado importa

A UFC tá na mesa — e no hospital, na clínica, na fazenda: Zootecnia, Farmácia, Fisioterapia e Enfermagem da UFC estão entre os cursos mais bem avaliados do Brasil, segundo indicadores do Inep. Com excelência, Universidade mostra seu impacto na saúde, no campo e na formação de profissionais que atuam no cotidiano de todos nós
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A zootecnista Thatila Ellina não esconde o orgulho ao falar do curso que a permitiu unir seu enorme interesse por animais e pelo campo — “mas com um olhar diferente, um olhar produtivo”: “Na sua mesa do café da manhã, do almoço, do lanche e do jantar tem o trabalho de um zootecnista”.

Aos 26 anos, enquanto dedica-se ao mestrado em nutrição animal de não ruminantes "Animais não ruminantes, também conhecidos como monogástricos, são aqueles que possuem um estômago simples, sem a capacidade de ruminar (regurgitar e remasticar o alimento). Isso significa que a digestão ocorre em um único compartimento estomacal, ao contrário dos ruminantes que possuem um estômago complexo com quatro câmaras. Exemplos de animais não ruminantes são aves, peixes e mamíferos como cães, gatos, cavalos e coelhos." pela Universidade Federal do Ceará (UFC), ela recorda que até os 19 fazia parte da considerável parcela da população brasileira que desconhece a Zootecnia "A zootecnia é uma ciência multidisciplinar que busca otimizar a produção animal de forma eficiente, sustentável e ética, contribuindo para a segurança alimentar e gestão sustentável de atividades agropecuárias." — e por isso nunca havia nem cogitado estudar essa graduação.

Mas Thatila encontrou-se no curso que a permite “estudar o bem estar dos animais e desenvolver tecnologias para que sejam saudáveis, bem nutridos, livres de sofrimento e produtivos”. Nesse caminho, vivenciou tudo o que a Universidade poderia lhe proporcionar: pesquisa, ensino e extensão. Hoje, já como mestranda, carrega consigo a certeza de ter escolhido uma profissão fundamental

Sua história ilustra o valor que muitos estudantes atribuem ao que fazem todos os dias: são parte de uma instituição pública de ensino superior com reconhecimento de excelência. A Zootecnia da UFC, por exemplo, ficou em quarto lugar nacional entre os 111 cursos avaliados pelos Indicadores de Qualidade da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Outros três cursos da UFC conquistaram a nota máxima, de acordo com os dados divulgados em abril de 2025 pelo Inep: Farmácia (2º lugar entre 590 cursos), Fisioterapia (2º lugar, entre 711) e Enfermagem (5º lugar, entre 976) — todos ofertados no campus de Fortaleza.

No Brasil, apenas 3,2% das instituições de ensino superior (IES) alcançaram conceito máximo e a UFC integra o seleto grupo das 33 públicas com esse desempenho. No Ceará, apenas mais uma instituição — Centro Universitário Christus (Unichristus), unidade particular — obteve a mesma nota.

 

UFC aparece entre 33 Instituições de Ensino Superior públicas com nota máxima no Índice Geral de Cursos

 

Para o professor Davi Romero, à frente da Pró-reitoria de Graduação (Prograd) da UFC, os resultados “refletem o compromisso coletivo da comunidade acadêmica, docentes, técnicos administrativos, estudantes e gestores, com a formação de excelência, a pesquisa de impacto e a extensão socialmente relevante”.

“A Universidade se destacou nacionalmente com oito cursos entre os dez melhores do Brasil. Além de Farmácia, Fisioterapia, Zootecnia e Enfermagem, temos Arquitetura e Urbanismo e Odontologia, tanto de Sobral quanto de Fortaleza, em destaque.”

E assegura: “Seguimos com a certeza de que estamos no caminho certo, honrando o papel da UFC como referência nacional em educação pública gratuita e de qualidade”.

 

Os cursos de Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia e Zootecnia em destaque entre os melhores do Brasil

 

“Embora a estrutura não seja perfeita e tenhamos muito o que melhorar, a UFC e o corpo docente me proporcionaram um espaço seguro para me desenvolver. Tive experiências dentro da Universidade como melhoramento genético de aves, suinocultura e abelhas”, reconhece a zootecnista Thatila Ellina.

“Além disso, pude estagiar na maior produtora de suínos da região. Tudo isso moldou minha experiência profissional e me proporcionou mais segurança após a formação.”

Thatila acredita que uma pessoa deveria optar por estudar Zootecnia na UFC por diversos fatores, mas os principais deles são “a possibilidade de ter bons professores, que são educadores respeitados e intelectualmente muito competentes”, e “o aparato estrutural que a instituição proporciona”.

Visita técnica de estudantes do curso de Zootecnia da UFC ao hotel para cães Ada Training(Foto: Reprodução/Instagram/Centro Acadêmico Quatro de Dezembro)
Foto: Reprodução/Instagram/Centro Acadêmico Quatro de Dezembro Visita técnica de estudantes do curso de Zootecnia da UFC ao hotel para cães Ada Training

A professora e médica veterinária Andrea Pinto, coordenadora do curso de graduação em Zootecnia, complementa que um dos maiores diferenciais da formação na UFC em relação a outras instituições do País é o impacto social.

“Pois a grande maioria dos zootecnistas formados na UFC ou estão inseridos no mercado de trabalho ou em programas de pós-graduação. Isso ocorre devido aos discentes, desde os primeiros semestres, serem incentivados a participarem de projetos de iniciação científica, monitoria de projetos, estágios e programas de extensão”, garante.

A coordenadora explica que, no curso, a comunidade acadêmica tem acesso a fazendas experimentais próprias, com sistemas de produção animal variados (bovinos, ovinos, caprinos, aves, suínos, aquicultura, entre outros), bem como laboratórios modernos e especializados em nutrição animal, reprodução, genética e outras áreas centrais da Zootecnia.

A professora e médica veterinária Andrea Pereira Pinho é coordenadora do curso de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da UFC(Foto: Andrea Pinho/Acervo pessoal)
Foto: Andrea Pinho/Acervo pessoal A professora e médica veterinária Andrea Pereira Pinho é coordenadora do curso de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da UFC

Com a bagagem que adquirem na graduação, analisa Andrea, os zootecnistas são rapidamente inseridos no mercado de trabalho.

“Atuam em propriedades rurais, empresas de nutrição animal, reprodução, genética, consultorias, agroindústrias, zoológicos, cooperativas e instituições públicas. Muitos assumem posições estratégicas como gestores de produção animal, técnicos responsáveis, representantes técnicos comerciais ou consultores especializados que, muitas vezes, fundam suas próprias consultorias.”

 

Geografia da excelência no Ceará: cursos com nota máxima no Enade

 

 

Enfermagem: do banco da universidade aos corredores do SUS

O curso de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará (UFC) tem sido destaque nacional ao figurar entre os melhores do Brasil — reconhecimento que reflete uma formação sólida, com base em ensino de qualidade, compromisso social e preparação prática rigorosa.

Ainda assim, profissionais egressos da graduação enfrentam entraves para a inserção no mercado de trabalho cearense.

Para a coordenadora do curso, professora Maira Di Ciero Miranda, e a vice-coordenadora, professora Joselany Áfio Caetano, o diferencial da Enfermagem da UFC está no modelo de formação integral e progressiva, centrado na relação próxima entre professores e estudantes e na conexão constante com a realidade dos serviços de saúde.

Laboratório de Habilidades de Cuidado do curso de Enfermagem da UFC, que funciona no campus do Porangabuçu(Foto: Guilherme Braga/UFC)
Foto: Guilherme Braga/UFC Laboratório de Habilidades de Cuidado do curso de Enfermagem da UFC, que funciona no campus do Porangabuçu

“Trabalhamos com pequenos grupos, priorizamos práticas supervisionadas em diferentes cenários e buscamos desenvolver no aluno a criticidade necessária para lidar com os desafios do SUS e do cuidado em saúde”, afirma Joselany.

Outro destaque é a forte integração com a extensão e a pesquisa, que permite ao estudante atuar desde cedo em projetos comunitários, atividades científicas e iniciativas interdisciplinares.

Além disso, a UFC tem investido em melhorias estruturais como a reforma do prédio do departamento de Enfermagem, aquisição de novos equipamentos e o fortalecimento de parcerias com hospitais, maternidades, unidades básicas e instituições de longa permanência.

A enfermeira Maíra Di Ciero é coordenadora do departamento de Enfermagem da UFC(Foto: Maíra Di Ciero/Acervo pessoal)
Foto: Maíra Di Ciero/Acervo pessoal A enfermeira Maíra Di Ciero é coordenadora do departamento de Enfermagem da UFC

A preparação dos estudantes da UFC também inclui ações específicas voltadas ao Enade, como mentorias, estudos dirigidos e apoio psicológico.

A intenção da coordenação é ampliar ainda mais esse cuidado com os estudantes, em especial diante dos desafios emocionais enfrentados na graduação.

“Estamos atentos à saúde mental dos alunos. O acolhimento é parte essencial da formação de um bom enfermeiro”, reforça Maira.

O compromisso com uma formação que vai além da técnica é o que move a Enfermagem da UFC.

“Queremos formar profissionais com olhar crítico, ético e humano. Enfermeiros capazes de transformar o cuidado e de se posicionar de forma qualificada em qualquer cenário”, completa Joselany.

Esse ecossistema formativo é um dos motivos pelos quais o curso é constantemente reconhecido.

Mas os bons indicadores não garantem automaticamente um caminho profissional fácil.

De acordo com Natana Pacheco, presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Ceará (Coren-CE), um dos principais obstáculos enfrentados pelos recém-formados é a dificuldade de inserção no mercado.

“A formação é um diferencial, pois a UFC prima muito pela excelência através de professores capacitados e que possuem vasta expertise na área. O setor exige isso, mas é preciso também dedicação desse profissional nas suas atividades para adquirir experiência”, destaca.

Apesar disso, o cenário da Enfermagem no Ceará tem se expandido. O estado conta com uma ampla rede pública de saúde, além de um setor privado em crescimento.

Segundo Natana, também há uma valorização crescente de novas formas de atuação, como o empreendedorismo: “Temos incentivado os profissionais a criarem seus próprios negócios e serviços de cuidado, o que amplia o campo de atuação e fortalece o cuidado com a nossa população”, pontua.

 

 

Fisioterapia: formação de qualidade faz diferença no mercado de trabalho

O mercado de trabalho para fisioterapeutas no Ceará vive um momento de equilíbrio entre as esferas pública e privada. Segundo Jacques Esmeraldo, presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 6ª Região (Crefito-6), a empregabilidade tem se expandido impulsionada por concursos, seleções públicas e a abertura crescente de clínicas e consultórios na Capital e no Interior.

Atualmente, segundo Esmeraldo, cerca de 12 mil fisioterapeutas estão em atividade no Estado. A maioria está empregada no setor público, por meio de concursos estaduais, federais e municipais.

Nas prefeituras do Interior, é comum que ao menos uma seleção pública ou concurso seja realizado por mandato, aponta ele. Já em Fortaleza, a contratação se dá principalmente por meio de seleção da Fundação de Apoio à Gestão Integrada em Saúde (Fagifor).

O fisioterapeuta e osteopata Jacques Esmeraldo é presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 6ª Região (Crefito-6)(Foto: Divulgação/Crefito-6)
Foto: Divulgação/Crefito-6 O fisioterapeuta e osteopata Jacques Esmeraldo é presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 6ª Região (Crefito-6)

No setor privado, conforme Esmeraldo, o crescimento é perceptível. “Temos observado um aumento nas solicitações de registro de novos CNPJs de clínicas e consultórios, o que demonstra aquecimento”, aponta.

O presidente do Crefito-6 ressalta que esse movimento favorece profissionais recém-formados, que encontram oportunidades tanto no serviço público quanto na iniciativa privada.

A busca por concursos públicos ainda é a principal meta de muitos recém-formados — especialmente entre egressos de cursos de alta qualidade, como o da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Jacques destaca que a formação 100% presencial da UFC é um diferencial importante. “Essa presença contínua em sala de aula impacta diretamente na qualidade da formação e na preparação para o mercado de trabalho”, diz.

Contudo, o presidente do Crefito-6 chama atenção para um dos maiores desafios da profissão: a qualificação. Apesar da ampla área de atuação da fisioterapia, há vagas ociosas em segmentos específicos, como a fisioterapia do trabalho, pela falta de profissionais especializados.

“Muitas vezes, o desconhecimento sobre essas áreas ou a ausência de formação mais direcionada impedem a ocupação dessas posições”, afirma.

Para enfrentar esse gargalo, Esmeraldo diz que o Crefito-6 tem investido em programas de capacitação e atualização profissional. Seminários, eventos e parcerias com universidades — como a UFC — têm sido promovidos para levar conhecimento de ponta aos fisioterapeutas, especialmente no interior do Ceará.

“Com essas ações, conseguimos reduzir o tempo entre a produção de conhecimento científico e sua aplicação prática, o que fortalece o atendimento à população”, diz Jacques.

Segundo o presidente do Crefito-6, o fisioterapeuta Jacques Esmeraldo, o Conselho tem investido em programas de capacitação e atualização profissional(Foto: Divulgação/Crefito-6)
Foto: Divulgação/Crefito-6 Segundo o presidente do Crefito-6, o fisioterapeuta Jacques Esmeraldo, o Conselho tem investido em programas de capacitação e atualização profissional

O Conselho, segundo ele, ainda atua na conscientização da sociedade e das empresas sobre o papel da fisioterapia não apenas no tratamento, mas também na prevenção de doenças.

“A presença de um fisioterapeuta pode reduzir o número de afastamentos no trabalho, aumentar a qualidade de vida e diminuir custos para o sistema de saúde”, defende.

Entre as principais bandeiras atuais do Crefito-6 está a luta pela aprovação do piso salarial nacional da categoria, que já passou pelo Senado e está em fase final de tramitação na Câmara dos Deputados.

Atendimento da Liga do Pulmão, do curso de Fisioterapia da UFC, no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC)(Foto: Reprodução/Instagram/Liga do Pulmão da Fisioterapia)
Foto: Reprodução/Instagram/Liga do Pulmão da Fisioterapia Atendimento da Liga do Pulmão, do curso de Fisioterapia da UFC, no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC)

Outro ponto de atenção é a resistência ao avanço da modalidade EAD nos cursos de graduação em Fisioterapia.

“Somos contra a formação à distância. Nossa profissão exige prática, presença e responsabilidade com a saúde da população”, alerta.

Uma das iniciativas mais recentes apoiadas pelo Crefito 6 foi o projeto de indicação aprovado por unanimidade na Assembleia Legislativa do Ceará, que prevê a presença de fisioterapeutas 24 horas em UTIs.

A proposta aguarda o envio de mensagem pelo governador Elmano de Freitas para se tornar projeto de lei.

Jacques ressalta que, além de melhorar o cuidado com os pacientes, a medida traria economia aos cofres públicos.

“Em um estudo realizado no Hospital Regional do Sertão Central, mostramos que a presença contínua de fisioterapeutas nas UTIs pode gerar uma economia de até 12,5% nos gastos com leitos”, afirma.

Mesmo com avanços, o presidente do Crefito-6 diz que ainda há muito a conquistar. “Estamos apenas no começo. A fisioterapia tem mostrado sua força e importância para a saúde pública e privada, e vamos continuar lutando por mais valorização, estrutura e reconhecimento para a nossa categoria.”

 

 

Farmácia: alta dose de qualidade

A segmento farmacêutico tem ocupado um papel cada vez mais estratégico na promoção da saúde no Ceará, o que se traduz na ampliação das atribuições do profissional farmacêutico e a crescente presença da categoria em diversos campos de atuação.

Seja no cuidado direto com a população, na indústria de medicamentos, na área estética ou na vigilância sanitária, os farmacêuticos têm se tornado figuras essenciais para garantir o acesso seguro a tratamentos e contribuir para a qualidade de vida da sociedade — cenário que reforça a importância de uma formação sólida e alinhada com as demandas contemporâneas da saúde.

Para o Conselho Regional de Farmácia do Ceará (CRF-CE), os bons resultados do curso de Farmácia da UFC nos indicadores de qualidade da educação superior são consequência do compromisso da instituição com uma formação alinhada às diretrizes curriculares nacionais e à complexidade da atuação farmacêutica.

A Farmácia Escola da UFC, unidade que fica no campus do Benfica, dá suporte ao ensino farmacêutico na instituição nos níveis de graduação e pós-graduação(Foto: Ribamar Neto/UFC)
Foto: Ribamar Neto/UFC A Farmácia Escola da UFC, unidade que fica no campus do Benfica, dá suporte ao ensino farmacêutico na instituição nos níveis de graduação e pós-graduação

Segundo Arlandia Nobre, presidente do CRF-CE, o curso prepara o profissional para uma atuação generalista, com foco nos três eixos que estruturam a formação: o cuidado em saúde, a tecnologia e inovação em saúde e a gestão em saúde.

Ela destaca que o curso atende a esses princípios de forma integrada, com atividades teóricas e práticas realizadas desde o início da formação.

A presidente adiciona que a presencialidade é um diferencial importante, especialmente pela necessidade de simulação realística que possibilita ao estudante ter contato com a diversidade de áreas em que poderá atuar.

O curso de Farmácia da UFC é ministrado na Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem (FFOE), no campus Porangabuçu, no bairro Rodolfo Teófilo(Foto: Viktor Braga/UFC)
Foto: Viktor Braga/UFC O curso de Farmácia da UFC é ministrado na Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem (FFOE), no campus Porangabuçu, no bairro Rodolfo Teófilo

Arlandia lembra que o farmacêutico pode atuar em mais de 140 áreas distintas, e que essa multiplicidade exige o desenvolvimento de expertises, competências, habilidades e procedimentos específicos, o que se torna viável com a articulação entre teoria e prática.

No Ceará, a empregabilidade da categoria é avaliada como satisfatória, justamente por conta dessa diversidade de campos de atuação.

A presidente do CRF-CE afirma que a inserção no mercado é favorecida mesmo com a presença de farmacêuticos já atuantes, pois há surgimento contínuo de novas vagas.

A farmacêutica Arlândia Nobre é presidente do Conselho Regional de Farmácia do Ceará (CRF/CE)(Foto: Divulgação/CRF-CE)
Foto: Divulgação/CRF-CE A farmacêutica Arlândia Nobre é presidente do Conselho Regional de Farmácia do Ceará (CRF/CE)

Ela aponta, ainda, três áreas em franca expansão no estado: farmácia estética, farmácia veterinária e cuidado farmacêutico.

Além dessas, há um fortalecimento da atuação do farmacêutico nas farmácias comunitárias, que passaram a ofertar serviços além da venda de medicamentos. Arlandia observa que isso torna o farmacêutico um profissional mais acessível e disponível à população.

Em relação aos desafios, a presidente afirma que uma das principais dificuldades enfrentadas pelos recém-formados é a garantia de espaços de trabalho.

Para auxiliar nisso, segundo ela, o CRF-CE tem intensificado a atividade fiscalizadora, com o objetivo de assegurar que áreas que demandam a presença do farmacêutico estejam devidamente regularizadas.

A fiscalização é realizada de forma periódica e organizada, o que contribui para a criação de novos postos de trabalho.

Arlandia também destaca que o Conselho tem se preocupado com a qualificação contínua dos profissionais. Para isso, disponibiliza cursos por meio de duas plataformas: a Edufarma e a Academia Virtual de Farmácia.

Há ainda cursos presenciais realizados na Capital e em outras regiões do Estado, com foco em diferentes áreas de atuação.

Essas formações são oferecidas em formatos síncronos, assíncronos, presenciais e por meio da educação a distância. A proposta é permitir o aprimoramento contínuo das competências e habilidades dos profissionais, visando uma atuação cada vez mais qualificada e voltada à melhoria da saúde pública.

 

 

O sistema de avaliação do ensino superior no Brasil

Os Indicadores de Qualidade da Educação Superior divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) ajudam a entender o atual panorama do ensino superior no Brasil.

Em nota a esta reportagem, o Inep reforça que os parâmetros têm relação direta com o Ciclo Avaliativo do Enade, que determina as áreas de avaliação e os cursos a ela vinculados.

A análise mais recente, publicada em abril de 2025, confirma uma tendência consolidada: os cursos das instituições públicas apresentam, em média, desempenho 20% superior aos da rede privada.

 

Os principais indicadores

 

Ainda assim, o Ceará chama atenção por registrar uma das menores diferenças entre os dois sistemas e por abrigar algumas das melhores instituições privadas do País.

Entre os principais indicadores utilizados para avaliar os cursos estão o Conceito Enade (CE), o Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD), o Conceito Preliminar de Curso (CPC) — principal referência para comparação — e o Índice Geral de Cursos (IGC).

Esses dados são cruzados com informações como categoria administrativa, área do conhecimento, estado e modalidade de ensino.

 

Ranking das 10 melhores universidades por média de notas dos seus cursos, com filtro por estado ou categoria administrativa

 

O levantamento apontou que o Centro Universitário Christus (Unichristus) ocupa a 4ª posição nacional em média CPC, e dois cursos cearenses estão entre os dez melhores do País: Estética e Cosmética (Fametro) e Radiologia (Unichristus).

Já entre os cursos da rede pública no Ceará, Enfermagem (Unilab), Fisioterapia (UFC) e Enfermagem (UVA) aparecem no ranking dos 100 melhores.

A análise também revela que cursos presenciais têm, em geral, desempenho 17,4% superior aos ofertados a distância. Áreas como Segurança do Trabalho, Medicina Veterinária e Fonoaudiologia mostram as maiores disparidades em favor do ensino presencial.

 

Ranking dos melhores cursos no Ceará por área de avaliação

 

Com mais de 9.800 cursos avaliados, o relatório destaca ainda que, embora a rede pública tenha desempenho médio superior, instituições privadas dominam os primeiros lugares no ranking nacional.

 

 

Metodologia

Para esta reportagem, foram utilizados os dados públicos divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), referentes aos Indicadores de Qualidade da Educação Superior divulgados em abril de 2025.

Para garantir a transparência e a reprodutibilidade desta e de outras reportagens guiadas por dados, O POVO+ mantém uma página no Github na qual periodicamente são publicados códigos, metodologias, visualizações e bases de dados desenvolvidas.

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