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Sete fósseis da Bacia do Araripe são "repatriados" da Colômbia para Museu no Rio de Janeiro
Reportagem Especial

Sete fósseis da Bacia do Araripe são "repatriados" da Colômbia para Museu no Rio de Janeiro

Sete fósseis apreendidos de traficantes pelo polícia colombiana são devolvidos para museu no Rio de Janeiro. Paleontólogos da Urca afirmam que material deveria ter vindo para o Museu de Paleontologia de Santana do Cariri

Sete fósseis da Bacia do Araripe são "repatriados" da Colômbia para Museu no Rio de Janeiro

Sete fósseis apreendidos de traficantes pelo polícia colombiana são devolvidos para museu no Rio de Janeiro. Paleontólogos da Urca afirmam que material deveria ter vindo para o Museu de Paleontologia de Santana do Cariri
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O governo da Colômbia devolveu sete fósseis originários da Bacia do Araripe, no sul do Ceará, para o Brasil. As "pedras de peixes" e de planta (pinheiro), no entanto, não tiveram o destino do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri. Foram entregues pelo Serviço Geológico Colombiano (SGC) nesta terça-feira, 10, para o Museu de Ciências da Terra (MCTer), no Rio de Janeiro.

As sete amostras apreendidas na Colômbia são procedentes do Geopark Araripe/Unesco. São duas espécies de peixes (Tharrhias e Vinctifer) e um ramo de árvore (Brachyphyllum obesum).

Em entrevista ao O POVO, o professor Allysson Pontes Pinheiro, diretor do Museu de Paleontologia de Santana do Cariri, afirmou que irá pedir a transferência dos fósseis para o Ceará. "Vou fazer uma solicitação de esclarecimentos para saber por que não vieram para a Universidade Regional do Cariri (Urca)", disse o paleontólogo.

Os fósseis, de acordo com o site Serviço Geológico do Brasil - CPRM, foram apreendidos pela polícia metropolitana de San José de Cúcuta, em dezembro de 2017, no Aeroporto Internacional Camilo Daza, na capital do departamento do Norte de Santander.

A apreensão das mãos de traficantes teria motivado debates e revisões na legislação colombiana a respeito dos fósseis e patrimônio geológico, resultando no decreto 1353 de 31 de julho de 2018 do Ministério de Minas e Energia, do Governo da Colômbia. O que teria permitido a "repatriação" das pedras de peixes para o Brasil.

Atualmente, a coleção paleontológica do Museu de Ciências da Terra possui mais de 10 mil amostras de minerais e meteoritos, 12 mil rochas e 35 mil fósseis catalogados. Segundo informações do Serviço Geológico do Brasil, parte significativa do acervo fossilífero do MCTer é oriundo da Bacia do Araripe.

LABORATÓRIO DA URCA

Quem também defende a volta dos fósseis para Santana do Cariri, no Ceará, é Álamo Saraiva - coordenador do Laboratório de Paleontologia da Urca (LPU). "Esse material é proveniente da Bacia do Araripe. Eu esperava que viesse para o Museu no Cariri. Mais uma vez fomos passados pra trás. Por sorte, não é nada importante, já temos muitos exemplares dessas espécies", explica.

 

De acordo com Álamo Saraiva foi o LPU que emitiu o laudo sobre os sete fósseis a pedido do Ministério Público Federal. "Era para ser depositado aqui. Vamos pedir a transferência porque nos sentimos com direito para isso. Esperamos respeito do judiciário e o reconhecimento como o principal projeto de desenvolvimento sustentável do Brasil, que é o território Geopark Araripe Unesco, cujo mote principal é o fóssil", observa o paleontólogo.

O Museu de Ciências da Terra (MCTer), no Rio de Janeiro, é o antigo Museu do Departamento Nacional de Patrimônio Mineral (DNPM) . É detentor de peças de de todo o Brasil. Material coletado, por exemplo, por pesquisadores importantes como Ivor Price e Diógenes de Almeida Campos. "Foi entregue a CPRM e vive em dificuldades. Só nós é que somos vistos atravessados e não reconhecidos por alguns setores de Brasília e Sudeste. Pra mim, puro preconceito. Exclusivo de Paleontologia, somos o maior do Brasil aqui em Santana do Cariri", afirma Álamo Saraiva.

Atualmente, o Museu de Ciências da Terra está fechado para reforma. Desde dezembro do ano passado, vem desenvolvendo o projeto de itinerância “Museu em Movimento” e uma parceria com a Caravana da Ciência. Amostras do acervo da instituição são levadas às escolas e outros espaços de exposição.

O Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri, é um equipamento do Geopark Araripe/Unesco e tem 6 mil peças catalogadas. Este ano, deverá assinar um convênio com a China para colaboração científica e com o Senckenberg Institute da Alemanha.

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