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Lider do MST, Stédile recebe cidadania cearense após polêmicas ideológicas
Reportagem Especial

Lider do MST, Stédile recebe cidadania cearense após polêmicas ideológicas

Segundo autor da proposta, Elmano de Freitas, o militante tem décadas de relação com agricultores cearenses que atuam por uma reforma agrária

Lider do MST, Stédile recebe cidadania cearense após polêmicas ideológicas

Segundo autor da proposta, Elmano de Freitas, o militante tem décadas de relação com agricultores cearenses que atuam por uma reforma agrária
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O economista e líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédille, estará nesta terça-feira, 24, em Fortaleza. Ele recebe título de cidadão cearense na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE), durante sessão solene que começa 15 horas. Os 30 anos do movimento também serão homenageados na Casa no mesmo dia. A proposta, de autoria do deputado Elmano de Freitas, foi aprovada na Assembleia. 

A condecoração vem na esteira de discussões ideológicas acaloradas no parlamento. Última quinta-feira, 19, a inclusão da Parada pela Diversidade Sexual no Calendário Oficial do Ceará ocasionou discussão acirrada entre Elmano de Freitas, também autor da proposta, e o deputado estadual Apóstolo Luiz Henrique (PP).  

Assentado em versículos bíblicos e segurando o livro cristão, o parlamentar evangélico classificou o evento como imundície. Elmano, então, disse que o adjetivo se aplicaria ao que ele apoia que, nas palavras do petista,  é a discriminação contra a população LGBT. A quinta-feira ainda reservaria discussão - menos intensa - sobre título de cidadã cearense à ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves. A proposta teve autoria da deputada Dra. Silvana (PL). 

Apesar disso, Elmano prevê dia tranquilo, já que a proposta já foi debatida e aprovada nas comissões e no plenário. "O que nós vamos realizar é uma sessão decidida pela Casa. É uma sessão decidida pelo plenário e a Casa tem de respeitar, mas cada um faz o discurso que quer", avalia o parlamentar.

A conexão de Stédile com o Ceará, prossegue Elmano, vem dos anos de atuação do MST junto aos agricultores da reforma agrária, além das escolas que a entidade organiza nos acampamentos. O parlamentar, advogado, trabalhou para o MST durante aproximados 20 anos. "Tenho relação de amizade, respeito, companheirismo e admiração", diz ele sobre Stédile.

"Não conversamos"

Elmano afirma ainda não ter conversado com Henrique após briga da última quinta-feira em plenário. O deputado, segundo diz, não o procurou. "Eu também não o procurei." Ao repercutir a vitória na votação para inserção da nova data oficial, ele ironizou a alcunha "Apóstolo", a qual o parlamentar carrega. "Pelo que sei, apóstolos são 12." Elmano entende que para que o respeito se restabeleça, Henrique não pode se sentir superior por andar frequentemente com a Bíblia em mãos. Católico, ele afirma que o deputado deve respeitar, inclusive, quem não tem religião. 

 
 
 
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Foi acalorada a sessão plenária na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE) nesta quinta-feira, 19, tradicional dia de votações. No centro da discussão, a inserção da Parada pela Diversidade Sexual no Calendário Oficial do Ceará, de autoria de Elmano de Freitas (PT), e o título de cidadã cearense à ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, ideia da deputada Dra. Silvana (PL). Os parlamentares saíram vitoriosos nas duas votações. Antes, contudo, houve muita discussão. A proposição do petista foi a primeira a ser apreciada na Casa e, depois de muita faísca, aprovada num placar de 18 a 12, com a abstenção de Antônio Granja (PDT). Entre os deputados que pediram para justificar o voto, o mais enfático foi Apóstolo Luiz Henrique (PP). Na tribuna, com fotos de supostos membros da comunidade LGBT degradando símbolos religiosos, Apóstolo Luiz Henrique (PP) referiu-se ao evento como "imundície”, questionando se o Estado financiaria a passeata. (Vídeo: Carlos Holanda/ O POVO)

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"Somos a luz do mundo"

Sobre as críticas de Elmano, o deputado Apóstolo Luiz Henrique afirmou que o que faz a diferença "em nossas vidas não é a Bíblia estar na mão, mas nos nossos corações." Ele analisa que os cristãos são perseguidos em função da palavra que levam às pessoas. "Mas essa perseguição só nos dá crescimento e vontade de amar", disse ele por meio de áudio enviado pela assessoria. O pastor ainda acrescentou que "nossa luta não é pessoal" e que "vamos sentar (pra conversar), sim". "Podemos pensar diferentes, porém a atitude de tratar com carinho contínua a mesma", pontuou.

 
 

 

 
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