Começa nesta quarta-feira, 6, o julgamento dos três acusados de participação na chamada Chacina do Benfica, que deixou sete mortos em diferentes pontos do bairro de Fortaleza em 9 de março de 2018. Segundo o Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE), o julgamento durará dois dias, até quinta-feira, 7, devido “à quantidade de réus, vítimas e pela complexidade do caso”.
Sentam no banco dos réus Douglas Matias da Silva, Stefferson Mateus Rodrigues Fernandes e Francisco Elisson Chaves de Souza. Na denúncia, o Ministério Público do Ceará (MP-CE) havia arrolado 30 testemunhas do caso. Eles irão a júri popular pelos crimes de homicídio, homicídio tentado e organização criminosa.
A chacina ocorreu em 9 de março de 2018, em três pontos distintos do Benfica, em Fortaleza. Era noite de sexta-feira e o bairro, conhecido pelo clima universitário e boêmio, estava tomado por estudantes e frequentadores de bares da região. Por volta das 23h30min, um veículo Fiat Punto branco parou próximo à Praça da Gentilândia, e os ocupantes começaram a disparar.
Foram cerca de 20 tiros, que deixaram três mortos. O segundo front do massacre ocorreu em uma rua próxima, na Vila Demétrio, quando atiradores dispararam contra a sede da Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF), deixando dois mortos. O último ponto da chacina foi na rua Joaquim Magalhães, onde outras duas pessoas com camisetas da TUF foram assassinadas.
A Polícia Civil do Ceará apurou que a chacina ocorreu no contexto do conflito entre facções criminosas. Os autores do crime são da facção Guardiões do Estado (GDE). Além do trio de réus, um adolescente e, pelo menos, um outro homem não identificado participaram do crime, ainda de acordo com a investigação da Polícia Civil no caso.
Segundo a denúncia, o alvo principal da ação era Geovane Diogo Silva Oliveira, integrante da facção Comando Vermelho (CV) e autor do assassinato de Jorge Luiz, primo do réu Stefferson Mateus. Os homicidas não encontraram Geovane, mas, na Praça da Gentilândia, se depararam com um primo dele, José Gilmar Furtado de Oliveira Júnior. No local, passaram a disparar contra Gilmar, atingindo também pessoas sem qualquer relação com a disputa.
Conforme o MPCE, de lá os réus seguiram à sede da TUF, onde acreditavam que poderiam encontrar integrantes do CV. Ao sair do local, os criminosos ainda se depararam com outras duas pessoas em uma moto, que também identificaram como integrantes do CV. A investigação encontrou indícios de que essas vítimas foram confundidas com outras pessoas. A investigação descarta que o crime tenha relação com torcidas organizadas.
Dois dias depois da chacina, foi preso em um apartamento do Meireles, bairro nobre de Fortaleza, o primeiro acusado do crime, Douglas Matias da Silva. Sete meses antes da matança, ele já havia tido prisão preventiva decretada por suspeita de participação em outro assassinato na Praça da Gentilândia, mas estava foragido.
Quase dois meses depois, os outros dois suspeitos, Stefferson Mateus Rodrigues Fernandes e Francisco Elisson Chaves de Souza, foram presos em Paracuru, na Região Metropolitana de Fortaleza. Eles estavam cometendo crimes na região e foram capturados por tráfico de drogas e porte de armas. Os dois já tinham mandados de prisão abertos desde março pela chacina, e respondiam na Justiça por assalto a mão armada e furto de veículos.
Morreram na Praça da Gentilândia José Gilmar Furtado de Oliveira Júnior, Antônio Igor Moreira e Silva e Joaquim Vieira de Lucena Neto. No entorno da sede da TUF, foram mortos Carlos Victor Meneses Barros e Adenilton da Silva Ferreira. Já na Joaquim Magalhães, morreram Pedro Braga Barroso Neto e Emilson Bandeira de Melo Júnior.
Segundo a Polícia, quatro das sete vítimas, Joaquim Vieira, Carlos Victor Meneses, Emilson de Melo e Adenilton da Silva não possuíam antecedentes criminais. José Gilmar Furtado e Antônio Igor Moreira tinham passagens por posse de drogas. Pedro Braga Barroso respondia por crimes de roubo e associação criminosa.