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Cremec investiga se houve erro médico no caso do menino que morreu após ter braço amputado em 2017
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Cremec investiga se houve erro médico no caso do menino que morreu após ter braço amputado em 2017

Diego Rauãn Silva dos Santos fraturou os dois braços após uma queda em casa. Entre a procura por ajuda médica, a internação, a cirurgia de amputação de um dos membros e a morte do garoto, apenas seis dias separam uma criança saudável de uma morte que não foi aceita pela família até hoje
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No hospital, Dhaliete tirou foto com o filho, Diego, que tinha fraturado os dois braços (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal No hospital, Dhaliete tirou foto com o filho, Diego, que tinha fraturado os dois braços

Corrigida em 31/01/2020 às 16h40min

Prestes a completar três anos desde a morte do filho de apenas nove anos, uma mãe recebe a notícia de que pode ter havido erro médico durante o tratamento da criança. Entretanto, a genitora já esperava por esse resultado desde janeiro de 2017. Diego Rauãn Silva dos Santos fraturou os dois braços após uma queda em casa, nos últimos dias de 2016, em Fortaleza. Entre a procura por ajuda médica, a internação, a cirurgia de amputação de um dos membros e a morte do garoto, apenas seis dias separam uma criança saudável de uma morte que não foi aceita pela família até hoje.

No dia 29 de dezembro de 2016, Diego caiu em casa. Segundo a mãe, em reportagens da época, os dois assistiam televisão quando a criança levantou para ir ao banheiro. Ainda da cama, a mãe questionou o filho quando ouviu um barulho. Ele explicou que tinha caído e já voltou para o quarto com o braço quebrado. Levado inicialmente ao Hospital Distrital Maria José Barroso de Oliveira, o Frotinha da Parangaba, Diego recebeu os primeiros atendimentos. Depois disso, foi encaminhado ao Instituto Doutor José Frota (JF), para realização de exames e cirurgia.

Conforme o relato da mãe, foi nesse momento que a situação começou a se agravar. Sem fraturas expostas e sem nenhum dano identificado em tomografia, Diego teve que aguardar pela cirurgia. Eles chegaram na unidade em uma sexta-feira, mas, por não estar no mapa cirúrgico - previsão das operações realizadas no dia -, a criança só seria operada na quarta. Com o passar do tempo, a dor que Diego sentia só aumentou. A mãe observou que o braço dele começou a ficar preto - uma bactéria teria infectado a criança e se espalhado rapidamente. Os médicos optaram por amputar o braço.

Além do membro superior, entretanto, outras parte do corpo do menino acabaram necrosando e precisaram ser amputadas também. Apenas algumas horas depois da cirurgia, Diego teve uma parada cardíaca e morreu. Imediatamente, a mãe, Dhaliete Souza, começou a denunciar uma negligência médica que teria levado o filho de uma simples fratura até a morte.

Foram feitas denúncias ao Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), ao Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará (Cremec), o próprio Sistema Único de Saúde (SUS) e o secretário de saúde do Estado, acusando o IJF de homicídio culposo, quando não há intenção de matar. No dia 16 de dezembro do ano passado, quase três anos desde o ocorrido, o advogado de defesa, Gaudenio Santiago, recebeu decisão do Cremec sobre a sindicância aberta sobre o caso. Após apurações iniciais, foi aberto um Processo Ético Profissional (PEP), através do qual haverá a específica apuração para a aplicação da penalidade ao profissional médico. Ainda não é possível concluir que houve erro médico, como O POVO publicou anteriormente.

Em conversa com O POVO, Gaudenio afirmou que a decisão do Cremec, que foi oficialmente enviada a ele ainda em dezembro, pôde dar mais celeridade na resolução do caso. "Registramos uma notícia-crime no MPCE, que ainda não se posicionou. Com o reconhecimento do possível erro médico, espero que o MPCE se pronuncie".

Conforme o advogado, essas informações serão levadas ao MP para que o mesmo avalie, agora baseando-se na decisão do Cremec, e entenda que houve o homicídio. "A decisão com certeza vai, de certa forma, iluminar os órgãos judiciários e o MP para responsabilizar o IJF. É uma decisão muito importante e que coloca o hospital e os médicos em uma situação mais difícil", colocou Gaudenio.

O POVO entrou em contato com o IJF, buscando um posicionamento sobre o caso e sobre a decisão do Cremec. A direção do hospital esclareceu que não recebeu nenhuma notificação oficial sobre o caso em questão e que só vai se pronunciar quando tiver acesso às informações oficiais do processo.

Em nota, o MPCE informou que a notícia-crime instaurada pelo advogado de defesa junto ao órgão foi encaminhada para a 16ª Promotoria de Justiça Criminal. "Os autos foram encaminhados pela Promotoria à Superintendência da Polícia Civil. No entanto, até esta segunda-feira (27/01), o MPCE ainda não recebeu o inquérito da autoridade policial. Por isso, ainda nesta segunda (27/01), o MPCE vai peticionar a Polícia Civil solicitando informações sobre o caso para continuidade do inquérito", conclui a nota.

'Um vazio que nunca será preenchido'

Três anos completados desde o falecimento de Diego Rauãn não serviram para apagar a dor do luto da mãe, Dhaliete Souza. Durante conversa com O POVO sobre a decisão do Cremec, ela indicou que a conclusão de erro médico já era esperada, o que tornou a passagem dos últimos três anos ainda mais difícil

"Um simples braço quebrado se tornou uma complicação toda. Agora, foi comprovado que houve um erro e eu espero que isso sirva para que não aconteça com nenhuma outra criança. É uma dor imensa que eu não posso nem descrever. É muito triste", conta Dhaliete.

Sobre o futuro, ela apenas define que "está aguardando" o desenrolar do caso. "Quero justiça. Apesar do tempo, a dor continua a mesma. Um vazio que ficou e que nunca vai ser preenchido", lamenta.

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