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Aumento dos combustíveis: todos precisam ceder
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Adailma Mendes é editora-chefe de Economia do O POVO. Já foi editora-executiva de Cidades e do estúdio de branded content e negócios, além de repórter de Economia

Aumento dos combustíveis: todos precisam ceder

Como podemos nessa estratificação achar que a responsabilidade recai só sobre um ou outro? Não podemos. O diálogo precisa ser conjunto: política monetária, fiscal e social
Tipo Opinião
Postos de combustível no Ceará chegam a bater R$ 7,209 no valor do litro da gasolina comum (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil Postos de combustível no Ceará chegam a bater R$ 7,209 no valor do litro da gasolina comum

Os constantes aumentos dos combustíveis no Brasil viraram também polarização política. De um lado quem ache e defenda que o Governo Federal vem fazendo tudo que pode para reduzir os preços nas bombas e que os impostos estaduais que são os vilões e de outro, quem culpe o poder central do Executivo por somente jogar nas costas de outros personagens dessa novela a culpa das altas desenfreadas, passando de R$ 7 o litro da gasolina, por exemplo.

No Ceará, o governo vem se pronunciando com frequência sobre o tema e defendendo que o Estado não está cobrando nada além do que sempre cobrou de ICMS seja sobre o Diesel, percentual estabelecido desde 1998, ou sobre a gasolina, desde 2016. Camilo Santana (PT) declarou na última terça-feira, 24, inclusive que : “São inverdades para enganar a população brasileira ao dizer que são os governadores que aumentaram o preço dos combustíveis. Nós não fizemos aumento algum”.

A afirmação não está errada. Os estados não têm como elevar o preço dos combustíveis, pois estes têm os valores calibrados pela Petrobras, com 98% da produção de petróleo bruto do Brasil e respondendo por 80% do que é consumido de seus derivados dentro do mercado interno.

No entanto, não é possível ignorar o que vem de impostos sobre a política de paridade de preços internacionais - os preços dos combustíveis variam acompanhando as cotações do dólar e do petróleo no mercado internacional - estabelecida pela Petrobras.

No fatiamento do que realmente fica para os consumidores, nós brasileiros, é um valor de combustível com 40%, em média, apenas de impostos, sejam estaduais ou federais. No resto da conta, são os valores que ficam na Petrobras, para as distribuidoras e para os postos de gasolina. No caso da gasolina tem ainda o que vai para adição de etanol no combustível, cerca de 16%.

Como podemos nessa estratificação achar que a responsabilidade recai somente sobre um ou outro? Não podemos. O diálogo aí precisa ser conjunto: política monetária, fiscal e social.

Atravessamos uma crise com a população indo de forma alarmante para a faixa de pobreza e ainda voltando a conviver com a fome. E ao falar de combustíveis, não estamos falando apenas de quem tem transporte próprio, falamos de transporte coletivo, custo de deslocamento de mercadorias que todos precisam.

O País merece mais que disputas políticas que só castigam os mais frágeis. Merece diálogo e concessões para que se pense em todos.

Passadas as eleições de 2022, a conta virá. Seja o governo federal ou estaduais terão que lidar com uma população sem poder de consumo, com uma economia estagnada e que em nada nos fez crescer e ser mais dignos.

 

A disparada  dos preços da gasolina no Brasil | Economia na Real

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