Logo O POVO+
SAF é "caminho irreversível" para Ceará e Fortaleza brigarem no top-10, avalia especialista
Foto de Afonso Ribeiro
clique para exibir bio do colunista

Coordenador do Esportes O POVO. Jornalista curioso sobre os bastidores do mundo da bola e apaixonado pelo jogo nas quatro linhas

SAF é "caminho irreversível" para Ceará e Fortaleza brigarem no top-10, avalia especialista

Pedro Daniel, diretor executivo da EY, alerta que Vovô e Leão precisarão de injeção financeira de investidores para manter competitividade no futebol brasileiro
Tipo Notícia
FORTALEZA-CE, BRASIL, 08.02.2025: Pedro Henrique e Bruno Pacheco. Clássico rei Fortaleza vs Ceará. Arena Castelão. foto: Fabio Lima/ OPOVO) (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA FORTALEZA-CE, BRASIL, 08.02.2025: Pedro Henrique e Bruno Pacheco. Clássico rei Fortaleza vs Ceará. Arena Castelão. foto: Fabio Lima/ OPOVO)

Novamente juntos na elite do futebol brasileiro, Ceará e Fortaleza terão de estar abertos à venda de ações para investidores como Sociedade Anônima do Futebol (SAF) para competir com as principais potências do País, opina Pedro Daniel, diretor executivo de Esportes e Entretenimento da Ernst & Young — empresa big four de auditor e consultoria do mundo —, que elaborou relatório sobre os balanços financeiros de 2024 dos clubes.

Na Série A desde 2019, o Tricolor do Pici constituiu SAF no segundo semestre de 2023, mas 100% das ações ainda pertencem à associação. Já o Alvinegro de Porangabuçu, que ficou na principal divisão do Campeonato Brasileiro de 2018 a 2022 e retornou na atual temporada, ainda não debate o tema internamente.

+ Siga o canal do Esportes O POVO no WhatsApp

"Se o planejamento é ser top-10, por exemplo, do mercado brasileiro, esse é um caminho irreversível. Dentro da própria realidade da associação, olhando seus pares e seus concorrentes, não há como competir no nível orçamentário. Por mais eficiente que você possar ser, vai ser eficiente um, dois, três anos. Agora, num horizonte maior, com maior amostragem, você não compete", ponderou Pedro Daniel.

O executivo da EY explica que Botafogo, Cruzeiro e Vasco, por exemplo, aderiram ao modelo por urgência financeira, em razão do volume de dívidas, mas que as outros clubes já adotaram outra linha de negociação para chegar a um acordo (Bahia com o City Football Group, por exemplo) ou ouvir propostas com a estrutura já constituída, como Fortaleza, América-MG e Atlético-GO. Por este motivo, não há grandes movimentações neste momento.

"Na verdade, não é que o mercado está mais morno, é que a gente mudou o ciclo de SAFs. O primeiro ciclo foi baseado em necessitados, feito através da necessidade, e não por movimentos estratégicos", afirmou. "Aí, nós iniciamos um segundo ciclo, de clubes que gostariam, dentro do seu planejamento estratégico, de mudar o seu tier (nível, em português) dentro do futebol brasileiro", disse, apontando o Leão do Pici como exemplo.

Pedro acredita que o segundo semestre de 2025 e os primeiros seis meses de 2026 devem ser marcados por mais vendas de SAFs, unindo alinhamento de projetos entre clube e investidor e também a necessidade de injeção financeira nas equipes para competir com rivais bilionários. Mas o diretor da multinacional não crê em sócios minoritários, modelo desejado pelo Fortaleza.

"A gente não tem nenhuma restrição de regulação: não tem fair play financeiro, background check (verificação de antecedentes, em português) dos investidores... Ou seja, a gente tem diversos riscos que um investidor sério olha e pensa: 'Não sei se vale a pena estar atrelado a isso'", relatou. "O clube pode até mitigar, em termos de governança, esse risco, mas é muito elevado no mercado brasileiro. Na minha opinião, é muito pouco provável que a gente traga grandes investidores sérios sendo minoritários em clubes com a regulação atual no Brasil", completou.

Das principais SAFs do Brasil, o Botafogo foi campeão do Brasileirão e da Libertadores em 2024; o Bahia conseguiu retornar à Copa Libertadores; o Cruzeiro deixou a Série B e foi vendido por Ronaldo para Pedro Lourenço; e o Vasco viu a 777 Partners sofrer problemas financeiros e retomou a administração através da Justiça.

Foto do Afonso Ribeiro

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?