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Quem era quem? Quem merecia a vaga na semifinal da Copa do Brasil?
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Colunista do O POVO, Alan Neto é o mais polêmico jornalista esportivo do Ceará. É comandante-mor do Trem Bala, na rádio O POVO/CBN e na TV Ceará. Aos domingos, sua coluna traz os bastidores da política e variedades.

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Quem era quem? Quem merecia a vaga na semifinal da Copa do Brasil?

Henriquez comemora gol da vitória do Fortaleza diante do São Paulo pela Copa do Brasil no Castelão.  (Foto: Aurélio Alves/O POVO)
Foto: Aurélio Alves/O POVO Henriquez comemora gol da vitória do Fortaleza diante do São Paulo pela Copa do Brasil no Castelão.

ANTES de a bola rolar ontem à noite no Castelão, Fortaleza x São Paulo, o primeiro candidato a semifinal já havia se antecipado, um dia antes, caso do Athletico-PR. A Copa do Brasil ingressa na sua quinta fase e, quem passar, fatalmente, terá passaporte carimbado para a penúltima etapa desta competição.

APESAR de a Copa do Brasil ser um torneio feito em pedaços, ou seja, jogo aqui, outro não se sabe quando, ela chega a ser excitante, não só pela gorda cota recebida pelos clubes. O mata-mata aumenta a excitação. Sou adepto de tal sistema, muito melhor que a légua tirana do Brasileirão. O Fortaleza chegou a este patamar, não por obra do acaso, sim pelo item da competência.

ALIÁS, Tricolor galopa também no Brasileirão, entre os quatro primeiros, a ponto de ser apontado como a grande e salutar surpresa da Série A. Não se chega a esta competição por obra do acaso, nem aborto do destino. Chega-se, precisamente, pelo segmento da competência. Justiça seja feita — o técnico Vojvoda tem participação preponderante em todo este quadro.

BASTA dar uma espiada rápida para trás e sentir a diferença gritante entre o Fortaleza de antes da sua chegada e depois que ele aportou no Pici. A mudança foi radical, não através de reforços, que foram poucos, nem titulares são, sim, pela mexida geral, somada a injeção de ânimo dada no elenco, antes amorfo, desmotivado e anêmico.

DESDE o sistema tático que ele trouxe em seu alforje, da Argentina. Chega até ser muita coincidência que tal cartilha seja a preferida no futebol de lá. São Paulo, adversário de ontem à noite, também atua montado num 3-5-2. Cabe perguntinha débil. Se tal modelo dá certo na Argentina, por qual razão não se reflete aqui? No Brasil, o modelo usado por 9 entre 10 clubes, é aquele do 4-2-3-1, aquele onde, quase todo time, sabe como o outro joga. Mil vezes mais o 4-3-3 tão em desuso, disparadamente o melhor de todos.

SEQUÊNCIA VITORIOSA

RÁPIDO retrospecto da campanha do Fortaleza, para desaguar nas quartas de final, ontem à noite, em partida decisiva, revelam números salutares em sequência vitoriosa. Reparem? Antes do São Paulo, contra o qual empatou, na primeira no Morumbi (2 a 2), o Tricolor deixou para trás Caxias-RS, Ypiranga-RS, Ceará e CRB-AL.

CAIXA FORTE.

ATENTEM, também, para este pormenor, ainda mais apetitoso, caso do somatório de cotas que abasteceram os cofres do Pici. Da primeira fase, até antes do jogo de ontem à noite, o Fortaleza já tinha faturado algo acima de R$ 9 milhões. Uma fatia de dar água na boca, resolvendo muitas pendências financeiras, deixando o clube no verde. Neste tocante a diretoria do Fortaleza não vai além da sola do sapato, um dos quesito mais elogiados na gestão Marcelo Paz. Que clube não gostaria de estar gozando, hoje, deste privilégio? Na decisão, estava em jogo a bolada de R$ 7,3 milhões. Os dois esfregaram as mãos.

NO contexto da Copa do Brasil há distorções que chegam a ser gritantes. Reparem, apenas pra servir de exemplo, a situação do São Paulo. Ele só entrou na dança do torneio na terceira fase, enquanto o Tricolor pena desde a primeira. O clube paulista já encontrou o prato feito para ser servido. Tem explicação para tal distorção? Sim. A geografia que, no futebol, também, é massacrante e impiedosa.

QUEREM ver? ENQUANTO o Fortaleza teve de enfrentar quatro pedreiras para desaguar na quarta de final, o São Paulo teve pela frente apenas dois adversários, primeiro dos quais, o fraco 4 de Julho, de Piripiri, interior do Piauí. Logo depois deparou-se com o Vasco da Gama, que faz uma das piores campanhas da sua história de tantos feitos memoráveis.

DA Copa do Brasil que em seus primórdios (que palavra!) o critério era bem mais simples e mais justo. Nela ingressavam apenas o campeão e vice de cada Estado. Depois daí, com as cotas aumentando, os demais clubes resolveram então gozar dos mesmos privilégios, especialmente do eixo Rio-São Paulo.

O BOLO inchou tanto e de tal maneira que hoje o torneio comporta nada mais, nada menos, que 92 clubes, faltando apenas mais 8 para atingir a casa dos 100. Não demora muito a chegar lá. Deve ser a chamada lei do mais forte, também parecida — caso aí CBF — com a casa de Noca onde todos gritam e mandam.

SOMATÓRIO DE todas as Copas, chegamos a 33ª edição. Quem pensar que um dia terá fim, favor tirar o cavalo da chuva. O futebol brasileiro é assim mesmo. Feito aos trambolhões e do quem for podre que se quebre.

 

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