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A economia cearense: o elo entre o desafio e a oportunidade
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Alexandre Sobreira Cialdini é secretário do Planejamento e Gestão do Estado (Seplag-CE). É economista formado pela Universidade de Fortaleza (Unifor), com mestrado em economia pelo Caen, da Universidade Federal do Ceará(UFC). Também possui mestrado em Planificação Territoral e Desenvolvimento Regional, pela Universidade de Barcelona, especialização em políticas fiscais pela Cepal, pós-graduação em finanças públicas avançadas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), do Rio de Janeiro, e doutorado na Universidade de Lisboa. Já teve passagem na pasta de Finanças das prefeituras de Caucaia, Fortaleza, Eusébio e São Bernardo do Campo (SP). Cialdini é auditor fiscal concursado da Secretaria da Fazenda do Ceará (Sefaz-CE)

A economia cearense: o elo entre o desafio e a oportunidade

A Transnordestina e o Porto Seco de Quixeramobim podem transformar o Interior em um entorno geoeconômico estratégico, conectando-o ao Porto do Pecém. Ações que podem fazer o Estado gerar mercado para empregos qualificados
Quixeramobim, CE, BR 20.03.25 Porto Seco de Quixeramobim - Obras da Transnordestina (Fco Fontenele/O POVO) (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Quixeramobim, CE, BR 20.03.25 Porto Seco de Quixeramobim - Obras da Transnordestina (Fco Fontenele/O POVO)

A capacidade de ver os desafios como oportunidades sempre fará a diferença. A balança comercial do Ceará revela forte concentração em poucos mercados de destino e variedade restrita de produtos exportados. Em 2024, o Estado exportou US$ 1,47 bilhão, confirmando a trajetória de queda iniciada após o pico de 2021 (US$ 2,74 bilhões).

Os Estados Unidos se consolidaram como principal destino, com 45% do total exportado em 2024 (US$ 660 milhões). A Holanda foi a segunda colocada, com 4,3%, seguida por China, França e Argentina, todos abaixo de 4%. Essa configuração evidencia a dependência do Ceará em relação ao mercado norte-americano.

A experiência com as tarifas americanas oferece lições valiosas sobre a necessidade de monitoramento contínuo, adaptação rápida e diversificação. Com posição geográfica privilegiada e base industrial consolidada, o Ceará reúne condições de atravessar o período de turbulência comercial.

O governador Elmano de Freitas foi ágil ao adotar incentivos e subsídios imediatos, fortalecendo a ação coletiva institucional e planejada. O Ceará tem potencial para ampliar o mercado interno e abrir novas fronteiras de exportação.

A Transnordestina e o Porto Seco de Quixeramobim podem transformar o Interior em um entorno geoeconômico estratégico, conectando-o ao Porto do Pecém. Com a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) e uma política de industrialização no Interior, o Estado pode gerar mercado para empregos qualificados.

O Governo do Ceará atua como indutor desse processo, a exemplo dos principais dry ports (portos secos) do mundo. Nesse sentido, a Seplag criou um mapa dinâmico (https://mapa.up.railway.app/mapa), a partir de recursos de inteligência artificial, integrando Arranjos Produtivos Locais (APL’s), data centers, cabos submarinos e produtos Halal (permitidos pelas leis islâmicas), todos georreferenciados nas 14 regiões de planejamento.

Para viabilizar essa oportunidade, a Seplag uniu esforços com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, o Centec, a Universidade Federal do Ceará (UFC), a Funcap, a empresa Value Global Group, o empresário Amarílio Macedo e a Prefeitura de Quixeramobim na elaboração de um masterplan – plano diretor para guiar investimentos e diversificar a economia.

Com apoio dos pesquisadores do Programa Cientista Chefe – Raimundo Nogueira (Funcap), Gildemir da Silva (UFC), Fausto Nilo (arquiteto urbanista) e Elda Tahim (Centec) –, a Seplag está desenvolvendo um modelo de otimização da produção e da logística. Nesse contexto, Fausto Nilo redesenhou Quixeramobim para integrá-la ao Porto, inspirando-se em experiências internacionais de dry ports.

O futuro da economia cearense depende da capacidade de implementar efetivamente as estratégias recomendadas, mantendo a flexibilidade necessária para se adaptar às mudanças contínuas no cenário global.

 

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