Ana Márcia Diogénes é jornalista, professora e consultora. Mestre em Políticas Públicas, especialista em Responsabilidade Social e Psicologia Positiva. Foi diretora de Redação do O POVO, coordenadora do Unicef, secretária adjunta da Cultura e assessora Institucional do Cuca. É autora do livro De esfulepante a felicitante, uma questão de gentileza
Exemplo de empresa chinesa deveria ser tarefa de casa do empresariado brasileiro
Foto: Divulgação/Pexels/Kaboompics.com
Empresa chinesa adota medidas para preservar saúde mental de funcionários
Vem da Pang Dong Lai, empresa privada da China, uma inovação na área da saúde mental do trabalhador. A rede de varejo chinesa implementou a “licença por infelicidade” para seus sete mil funcionários.
Quem estiver se sentindo triste, estressado ou desanimado não precisa ir trabalhar. A pessoa tem até dez folgas para usar em dias de energia mais baixa. A empresa criou outras políticas inovadoras na área. É dela o “Prêmio de Reclamação”, em dinheiro, dado a quem enfrenta situação de estresse diante de clientes mal educados. Os funcionários trabalham sete horas/dia, folgam nos fins de semana, chegam a ter até 40 dias de férias anuais e descansam por cinco dias na passagem do Ano Novo chinês.
O assunto não é novo. Foi anunciado ano passado durante o China Supermarket Week. Mas é importante evidenciar decisões assim, ainda mais na China, que oferece um dos salários mais baixos entre os países desenvolvidos.
A notícia me foi relembrada pela jornalista Ana Claudia Lemos, ex-aluna e amiga. Como tenho um perfil nas redes sociais em que abordo a felicitância (gostar do processo de viver, refletir, ajustar-se e celebrar) as pessoas me enviam informações sobre comportamentos e atitudes que indiquem qualidade de vida.
É fundamental saber, para além de dados econômicos, como está a vida do brasileiro no campo da felicidade. Existe um Relatório Mundial da Felicidade, sob responsabilidade da Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU). A primeira edição foi divulgada em 2012.
No ranking global da felicidade de 2024, que avaliou a situação de 143 países, o Brasil figura na 44ª posição, o que representa melhoria quando comparado ao ano anterior, em que se estava na 49ª. Na primeira posição está a Finlândia e, na última, o Afeganistão. Os dados foram coletados ao longo de três anos.
No site do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos é explicada a metodologia que resulta no ranking. São realizadas duas pesquisas. Uma sobre a avaliação de vida e outra de emoções. Na primeira, as pessoas classificaram sua satisfação com a vida em aspectos como liberdade de escolha, suporte social e percepção de corrupção. Na segunda, as perguntas abordavam experiências positivas (risos e interesses) e negativas (tristeza e preocupações).
Voltando à inovação chinesa, em reportagens que circularam o mundo, o fundador, Yu Donglai, justificou sua decisão, de que “queremos que nossos empregados tenham uma vida saudável e sem estresse, assim a empresa também pode prosperar”. Em outras palavras, a proposta é contribuir para o equilíbrio da vida pessoal e profissional. E é isto que dá relevância à licença.
O trabalhador, cada vez mais, tem se confundido com o trabalho, a ponto de a empresa virar quase sobrenome. A questão é que, quando o trabalhador está estressado, tem sido mais recorrente ser demitido do que ser cuidado. Nessas horas, o tal “sobrenome” vira um e-mail cancelado, a rede de relacionamentos reduzida e um estresse ainda maior com o desemprego.
As empresas brasileiras precisam criar uma forma de reconhecer a necessidade do funcionário, aquele ser humano que adota o sobrenome da empresa, parar de trabalhar nos seus dias de infelicidades. É justo nestes dias que mais se precisa de acolhimento da organização, onde se passa a maior parte das 24 horas de cada dia.
Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página
e clique no sino para receber notificações.
Esse conteúdo é de acesso exclusivo aos assinantes do OP+
Filmes, documentários, clube de descontos, reportagens, colunistas, jornal e muito mais
Conteúdo exclusivo para assinantes do OPOVO+. Já é assinante?
Entrar.
Estamos disponibilizando gratuitamente um conteúdo de acesso exclusivo de assinantes. Para mais colunas, vídeos e reportagens especiais como essas assine OPOVO +.