Extrema-direita jogou cerveja e mochila em todos nós
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Ana Márcia Diogénes é jornalista, professora e consultora. Mestre em Políticas Públicas, especialista em Responsabilidade Social e Psicologia Positiva. Foi diretora de Redação do O POVO, coordenadora do Unicef, secretária adjunta da Cultura e assessora Institucional do Cuca. É autora do livro De esfulepante a felicitante, uma questão de gentileza
Foto: MARCO BERTORELLO/AFP
Marcelo Rubens Paiva foi agredido em bloco de Carnaval paulista que homenageava seu pai e o filme "Ainda Estou Aqui".
Ainda estou chocada com a lata de cerveja e a mochila que foram arremessadas no rosto de cada um dos que entendem a importância e defendem a democracia no nosso país. O ataque atingiu o escritor Marcelo Rubens Paiva, autor do livro autobiográfico “Ainda Estou Aqui”, quando desfilava em cadeira de rodas como porta-estandarte de um bloco na capital paulista, que homenageava o filme de mesmo nome. Mas não havia apenas ele como alvo. A mira está em todos nós.
Por conta do sucesso internacional do filme "Ainda Estou Aqui", que disputa o Oscar em três categorias (Melhor Filme, Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz), Marcelo Paiva foi um dos alvos mais representativos que a extrema-direita encontrou para lançar seu ódio contra o fato de o mundo inteiro estar conhecendo as atrocidades da ditadura no Brasil. O ataque, além de tudo, se revela dupla covardia: o escritor, de 65 anos, é cadeirante.
Não é difícil imaginar o que também podem vir a sofrer a atriz Fernanda Torres e o diretor Walter Salles, que já deram inúmeras entrevistas nos Estados Unidos sobre o tema do filme: o sofrimento que a repressão causou à família de Eunice Paiva, mãe de Marcelo Rubens Paiva, diante do desaparecimento do marido, Rubens Paiva, pelas mãos de ditadura militar brasileira. Ao ser agredido, Marcelo usava uma máscara com o rosto de Fernanda Torres. Será um recado do que o contínuo ódio insuflado pelos extremistas de direita nas redes sociais é capaz de fazer?
Uma postagem do senador Fabiano Contarato (PT-ES) na rede social X dá conta dessa teia de covardia: “O episódio de agressão retrata a personalidade perversa que infelizmente virou padrão na extrema-direita. Não existe diálogo, não existe respeito. É constantemente ódio, em sua forma mais bruta.”
O escritor, vítima desse episódio perverso, divulgou na mesma rede um trecho da música É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo, de Erasmo Carlos, que está no filme Ainda estou aqui:
Eu cheguei de muito longe E a viagem foi tão longa E na minha caminhada Obstáculos na estrada Mas enfim aqui estou
A canção é um poema-desabafo, lançada em 1971, durante a ditadura militar no Brasil, para expressar, de forma possível para a época, a vergonha diante da violência e arbitrariedades impostas à população. Eram tempos antidemocráticos que nenhuma pessoa emocionalmente sadia pode querer ver se repetir.
O extremista que atacou a democracia usando Marcelo Paiva como símbolo precisa ser encontrado urgentemente. As fotos estão em todas as redes sociais. Precisa ser preso e condenado para que sirva como prova de que todos os que atentarem contra a democracia serão severamente punidos na privação de sua liberdade de ir e vir.
Foto: Reprodução/X/laurasito
Autor da agressão jogou uma lata de cerveja e uma mochila na direção de Marcelo Rubens Paiva
Aproveitando o assunto, é preciso estar atento, “é preciso dar um jeito, meu amigo”, a duas questões: 1) não à anistia dos terroristas de 8 de janeiro, e 2) prisão para os que tramaram o golpe de Estado e a morte de Lula, Alexandre de Morais e Alckmin.
Polícia Civil trabalha para identificar agressor de Marcelo Rubens Paiva | O POVO NEWS
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