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"Princesinha Dourada" e os pioneirismos de atletas gays
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Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, desde 2018, é editor de Esportes. Trabalhou na cobertura das copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Cidades do O POVO. Assinou coluna sobre cultura pop no Buchicho, sobre cinema no Vida&Arte e, atualmente, assumiu espaço sobre diversidade sexual e, agora, escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO. Twitter: @andrebloc

André Bloc esportes

"Princesinha Dourada" e os pioneirismos de atletas gays

Washington Duarte Souza, natural do Amapá, é o primeiro homem lutador de MMA assumidamente homossexual
Washington, a
Foto: Reprodução / TV Globo Washington, a "Princesinha Dourada", é o primeiro homem lutador de MMA assumidamente homossexual

Laranjal do Jari, no Amapá, provavelmente apareceu pela primeira vez na história em rede nacional na TV Globo. O motivo foi um filho corajoso da cidade de pouco mais de 50 mil habitantes: Washington Duarte Souza, a "Princesinha Dourada", primeiro homem lutador de MMA assumidamente homossexual.

A gente precisa sublinhar o termo homem porque os preconceitos com as mulheres são outros. Na realidade, a luta é contra o estereótipo e o machismo. Pra se ter ideia, a primeira luta entre atletas homossexuais foi ainda em 2013, quando a brasileira Jéssica "Bate-Estaca" Andrade venceu a norte-americana Liz Carmouche por nocaute técnico no UFC, maior evento de MMA do mundo.

À Globo, a ex-campeã do peso-palha diferencia. "Para a mulher é mais fácil, a mulher já nasceu cheia de tabus, de preconceitos de profissão, que mulher tem que ser só dona de casa e mãe, então, pra gente, assumir é motivo de força. De mostrar que sou forte, sou decidida na minha vida, sou gay e não tenho problema de expor isso pro mundo porque não me importo com o que as pessoas vão dizer, porque a vida inteira eu sofri preconceito”. Além dela, a atual campeã do peso pena e ex-detentora do cinturão do peso galo, Amanda Nunes, também é assumida, tal qual nomes como Raquel Pennington e Nina Ansaroff — esta, casada com a "Leoa".

Em coluna durante a Olimpíada de Tóquio-2020, recitei os nomes de todos os atletas assumidos do Time Brasil. E nesse machismo da língua portuguesa, as 17 mulheres viram "eles" pela simples presença de Douglas Souza, do vôlei, único homem assumidamente gay da delegação.

Washington não vem de grande centro ou participa de grandes eventos. Quem sabe um dia? O treinador Ricardo Macaco e o ex-lutador do UFC Tiago Trator garantem que existe potencial para tanto. De certa forma, estar escondido evita agressões maiores à "Princesinha", como as que o pioneiro do futebol, Justin Fashanu, enfrentou até a morte. Mas pelo simples fato de ser ele mesmo, Washington é atacado, conforme relatou ao "Fantástico".

É importante o registro do nome do atleta. A gente gosta de grandes histórias, mas elas começam pequenas. Não podemos esquecer de Washington, como devemos sempre nos lembrar do ex-goleiro Jamerson Michel da Costa, o Messi, que em 2010, quando jogava pelo Palmeira de Goianinha-RN, se assumiu gay. Eles fazem a história, cabe aos jornalistas a registrarem.

Por fim, registro ainda a linda a imagem de Washington sendo aceito pela mãe, ao se assumir durante a reportagem do "Fantástico". Porque tudo que alguém merece ao sair do armário é abraço de mãe.

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