Logo O POVO+
Bandeiras, braçadeiras e o papel do arco-íris no futebol nacional
Foto de André Bloc
clique para exibir bio do colunista

Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, desde 2018, é editor de Esportes. Trabalhou na cobertura das copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Cidades do O POVO. Assinou coluna sobre cultura pop no Buchicho, sobre cinema no Vida&Arte e, atualmente, assumiu espaço sobre diversidade sexual e, agora, escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO. Twitter: @andrebloc

André Bloc esportes

Bandeiras, braçadeiras e o papel do arco-íris no futebol nacional

Colunista traça paralelo entre duas cenas recentes do futebol brasileiro para ilustrar a questão LGBTQIA+ entre homens e mulheres
O casal Kathellen Souza e Fernanda Palermo posa com a bandeira do arco-íris, que representa a população LGBTQIA+ (Foto: Reprodução / Instagram)
Foto: Reprodução / Instagram O casal Kathellen Souza e Fernanda Palermo posa com a bandeira do arco-íris, que representa a população LGBTQIA+

Cena 1. Interna. Estúdio fotográfico. Um grupo de jogadoras da seleção brasileira feminina de futebol posa sorridente com a bandeira do arco-íris, com as seis cores que representam as diferentes populações do espectro LGBTQIA+.

Cena 2. Externa. Campo de futebol. Após vitória por 2 a 0 sobre o Náutico na Arena Grêmio, em Porto Alegre (RS), o zagueiro Pedro Geromel é perguntado sobre a braçadeira com cores do arco-íris por repórter em campo. Com cara emburrada, o capitão gremista responde: "A gente tem que usar ela por 60 dias. E vou usar por esses 60 dias".

Esse texto não é sobre o Grêmio ou sobre Geromel, que inclusive fez uma boa nota de esclarecimento e se posicionou de forma menos fragmentada sobre inclusão. É sobre o orgulho das meninas e o orgulho que elas causam.

As duas cenas, sobrepostas, mostram os lugares diferentes do futebol feminino e do masculino. Não há, de forma oficial, qualquer LGBTQIA+ nos campos entre os homens no Brasil. Em mais de 100 anos do esporte no Brasil, só dois jogadores nacionais se declararam gay (no caso do goleiro Messi) ou bissexual (no caso do lateral/volante Richarlyson). Na modalidade feminina, a bandeira é parte da identidade de muitas.

A começar pela maior delas. Nem sei se Marta se considera homo ou bi. Fato é que ela é assumida e fala publicamente sobre o assunto. Cristiane, outro ícone do futebol brasileiro, sempre foi aberta quanto aos relacionamentos. Dos 15 atletas nacionais assumidos na Olimpíada de Tóquio-2020, 14 era mulheres. E dessas 14, sete eram do futebol (Marta, Andressa Alves, Bárbara, Formiga, Letícia, Aline Reis e Debinha).

A homossexualidade feminina no futebol enfrenta um estereótipo diferente da masculina. É o "histórico" da mulher-macho. Como o esporte é tratado como questão de virilidade, a suposta dissonância acaba naturalizada. E são meninas acostumadas a esses estigma desde cedo.

Ou talvez as mulheres só sejam mais evoluídas e fazem da dor fortaleza. Daí os sorrisos sob o arco-íris da diversidade.

Foto do André Bloc

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?