Paris-2024: um terço dos atletas assumidos vão levar medalha para casa
Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, desde 2018, é editor de Esportes. Trabalhou na cobertura das copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Cidades do O POVO. Assinou coluna sobre cultura pop no Buchicho, sobre cinema no Vida&Arte e, atualmente, assumiu espaço sobre diversidade sexual e, agora, escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO. Twitter: @andrebloc
Terminados os Jogos Olímpicos de Paris-2024, podemos fechar para balanço. No mínimo 195 atletas competiram depois de ter saído do armário. No início da Olimpíada, o OutSports identificava 144 esportistas assumidos. E, conforme eu ressaltava — e reitero —, eram pelo menos 144 e são pelo menos 195.
O número real certamente é maior. Porque ninguém é capaz de conhecer a vida íntima de 11.216 atletas a ponto de cravar a sexualidade de cada um deles. E também porque nem todo mundo sai do armário, o que não faz da pessoa nem mais, nem menos LGBT.
Em Londres-2012, o mesmo OutSports apontava só 23 assumidos na competição. Na Rio-2016, eram 56. Em Tóquio-2020, o número disparou para 186. E, agora, acréscimo de 4,8% para chegar aos 195.
O número, apesar de relevante, subdimensiona a realidade. Porque 195 de 11.216 dá menos de 2%. Hoje, estima-se que cerca de 10% da população seja LGBTQIA+. A cifra varia muito de país para país, e só vêm aumentando nas últimas décadas, em que muitos tabus tombaram. Mas é emblemático o fato de apenas 26 países terem atletas assumidos vestindo suas cores.
E a resposta para isso está no 27º "país" na conta: o time olímpico de refugiados.
Cindy Ngamba, de 25 anos, é medalhista de bronze no boxe (até 75 kg). Nascida no Camarões, ela mora no Reino Unido desde os 11. Apesar de treinar com os britânicos, ela não pode representar o país que a acolheu por não ter um passaporte. Ao mesmo tempo, ela não pode voltar à sua terra natal, onde a homossexualidade é crime. Rende até cinco anos de prisão.
Foi assim que se fez a primeira medalhista olímpica da história do time de refugiados.
O Brasil fechou a conta com 30 atletas assumidos, logo atrás dos Estados Unidos, os líderes, com 33 e uma delegação com o triplo de competidores. Em fato, 11% dos esportistas brasileiros em Paris-2024 se identificam como LGBTQIA+, contra 5% dos americanos/norte-americanos/estadunidenses (escolha seu gentílico).
Quanto aos resultados, são ótimos. Foram 15 ouros, 13 pratas e 14 bronzes para o Time LGBT. Seria o suficiente para garantir um hipotético sexto lugar no ranking de ouros e sétimo no rol dos pódios. Ao todo, 64 dos 195 atletas do arco-íris vão levar uma medalha para casa. Isso dá 32% — um terço, vai — dos competidores assumidos. Isso porque muitos são de esportes coletivos, nos quais apenas uma medalha sobe ao quadro.
E, bem, medalha conquistada junto aos "simpatizantes" ainda vale, né?
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