Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, em 2018, virou editor-adjunto de Esportes. Trabalhou na cobertura das Copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Esportes do O POVO, depois de ter chefiado a área de Cidades. Escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO
A desgastada democracia se desfaz ante nossos olhos. Seria pedir demais que os clubes de futebol ajudassem a mostrar que, mesmo caprichosa, ela é aquilo que de melhor temos?
A ideia aqui era falar sobre a falta de transparência do Fortaleza, que lançou uma projeção orçamentária bem nutrida de cifras e desnutrida de detalhamento. E da forma oligárquica com que o Ceará decide quem será seu presidente — com votos restritos a uns poucos eleitos, numa fantasia de alternância de poder que sufoca novas lideranças.
Mas aí o pretenso homem mais rico do mundo, durante a posse do pretenso homem mais poderoso do mundo, sobe ao palco para fazer uma reverência aos neonazistas de toda a Terra plana e os arroubos autoritários dos clubes cearenses soam pequenos. Aliás, são de fato minúsculos, bem menores que as histórias centenárias das agremiações.
Ressalto, porém, que nem tudo é o que parece. O que não significa que passo pano para o bilionário escroque — o meu sobrenome judeu vem de meu avô, que sobreviveu ao Holocausto —, mas que a dificuldade dos clubes de ouvirem a voz do povo é um primo distante da mesma lógica de autoritarismo.
O mundo avançou a um ponto em que mulheres votam, negros são cidadãos, gays só precisam de armários para guardar roupas. Na maltratada democracia, pobres e bilionários, em tese, possuem o mesmo poder decisivo frente a uma urna.
Em tese. Em tese. Em tese. Em tese. Em tese. Em tese.
Eis que a terceira lei de Newton — ação, reação —, mirou justamente esses ideias mais inocentes da democracia. Nos Estados Unidos, me pergunto se buscam uma plutocracia de super-ricos ou uma cleptocracia de farsantes. Mas parece que grande parte do planeta se convenceu que era mais fácil quando tínhamos um rei, um príncipe herdeiro, um autocrata, um ditador, um führer. Aquele capaz de respostas simplórias para perguntas complexas.
Eu entendo. A democracia é cansativa. Ainda mais esta atual, na qual se cobra uma eterna vigilância. É horrível. É difícil como viver. E assim como viver, a democracia é melhor que a alternativa.
Queria, então, instar os clubes a serem do povo. Botar as mentes geniais que passam, passaram e passarão por lá para aproximar a população deles mesmos.
Talvez seja a chance de mostrar que a democracia ainda vale a pena. Porque no fim, um clube é feito por seus torcedores. Tal qual um país é feito por seus moradores.
Peço perdão pelo cansaço. Voltamos na próxima semana.
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