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Cangayceiros, seis temporadas e um filme
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Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, em 2018, virou editor-adjunto de Esportes. Trabalhou na cobertura das Copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Esportes do O POVO, depois de ter chefiado a área de Cidades. Escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO

André Bloc esportes

Cangayceiros, seis temporadas e um filme

Dirigido e produzido pelos jornalistas Pedro Mairton e Hellen Queiroz, documentário sobre time LGBTQIA+ cearense teve exibição nesse sábado, em Fortaleza
Público da exibição pública do documentário Cangayceiros: Ocupando Espaços em Campo (Foto: Lucas Bertullino / Acervo pessoal)
Foto: Lucas Bertullino / Acervo pessoal Público da exibição pública do documentário Cangayceiros: Ocupando Espaços em Campo

No Campeonato Cearense de Fut7, um dos times é formado por atletas LGBTQIA+. É um espaço que foi galgado e ocupado pelos Cangayceiros — que promovem ainda um racha do qual participei um ano atrás.

O time representou o Ceará na Ligay. Contratou uma técnica, uma psicóloga, promoveu ações sociais, ganhou títulos. E virou filme, dirigido e produzido pelos jornalistas Pedro Mairton e Hellen Queiroz:"Cangayceiros: Ocupando Espaços em Campo". O documentário teve exibição gratuita nesse sábado, 26, no Kuya — Centro de Design do Ceará, equipamento no Complexo Estação das Artes.

Houve ainda um debate, com a secretária da Diversidade do Estado, Mitchelle Meira, com o secretário executivo do Trabalho e Empreendedorismo — e cofundador do time — Renan Ridley, com o presidente dos Cangayceiros, Lucas Bertullino, com os dois diretores e mais dois jornalistas convidados — minha vizinha Iara Costa, que ocupa este espaço às terças-feiras, e eu. Em suma, foram quase quatro horas discutindo LGBTfobia e o papel de vários entes para criar ambientes acolhedores dentro do futebol, um campo demarcado por uma masculinidade hostil.

Retomo o que pude falar lá. Jornalismo é trazer luz a alguns temas e acho bonito, hoje, o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de jornalistas poder ser uma obra audiovisual. Porque a comunicação é múltipla, multimídia, e com esse obra talvez uma "criança viada" saiba que tem direito a jogar bola. Penso em mim, que na adolescência só conhecia homossexualidade como xingamento e usava uma (limitada) perícia no futsal para me sentir incluído, dando um olé no risco de bullying homofóbico.

Vendo o filme, acho que finalmente compreendi a forte cena de crianças emocionadas ao verem o trailer do "A Pequena Sereia" de 2023, cuja protagonista é Halle Bailey, uma mulher negra. O fenômeno vai além do que a obra é em si. É sobre pertencimento, sobre reconhecer um espaço que você pode ocupar. Seja criança viada que se vê numa final de Copa do Mundo, seja uma menina que se permite querer ser sereia.

A realidade é habitada desses sonhos. Que ninguém tenha direito de dizer quem você é, que espaço você pode ocupar.

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