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Lucullus: o gourmand da Roma clássica
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Bernard Twardy, um chef de estirpe clássico, chegou ao Ceará há 32 anos para nunca mais deixar a terrinha. A acolhida e a semelhança com o Caribe, onde passou sete anos, o seduziram. Antes, viajou pelo mundo em busca de saberes novos e há mais de duas décadas se dedica à gastronomia do Beach Park e ao fortalecimento da identidade do alimento com pegada Cearense.

Bernard Twardy gastronomia

Lucullus: o gourmand da Roma clássica

|história|
Taças da época de Lucullus (Foto: reprodução)
Foto: reprodução Taças da época de Lucullus

Bacchus e Lucullus, Lúculo em português, são frequentemente associados ao bom vinho e ao alimento sofisticado ou saboroso. O divino Bacchus, conhecido aqui, fica para os nossos colunistas enólogos. Eu vou contar hoje um pouco sobre Lucullus, que deu o que escrever na época da Roma Antiga, já que ele é menos conhecido e citado por aqui.

Não mexi no nome dele em latim, ninguém mexeu no Bacchus até agora. Lucullus, o gourmand da Roma clássica, Lucius Licinius Lucullus, nasceu por volta de 117 a.C. Ele serviu sob o comando do ditador romano Sulla, foi militar, estadista e Cônsul da República Romana. Ele voltou das campanhas muito rico, tornando-se uma das maiores fortunas de Roma. O luxo e a opulência que o cercavam eram de tal magnitude que se tornou o paradigma de requinte.

A palavra inglesa "luxury" (não confundir com nossa luxúria), que é usada para expressar luxo, requinte e requinte, deriva de "Lucullian" ou "Luculiano", adjetivo do nome de nosso personagem.

Quase diariamente, ele tinha jantares suntuosos em uma das doze salas de jantar disponíveis em sua mansão. Essa é a origem da expressão "Jantares Luculianos".

A delicadeza à mesa era indissociável da promoção da cultura. A anedota mais conhecida de Lucullus dá origem à frase "Lucullus janta na casa de Lucullus". Essa frase é usada para indicar que alguém à mesa é requintado em todos os momentos, sem a necessidade de receber convidados, e que um epicureu o é de coração e não para fingir.

A anedota é a seguinte: uma vez que jantou sozinho, sem convidados, serviram-lhe um jantar medíocre, ele, chamando o seu mordomo, interrogou-o. O mordomo desculpou-se, dizendo que, como não havia convidados, não achara necessário servir um jantar mais suntuoso. Lucullus respondeu: "Então você não sabia que Lucullus jantava com Lucullus?" Em seguida, foi servido um esplendoroso banquete que ele desfrutou sozinho. Acredita-se que Lucullus tenha introduzido em Roma o consumo de cereja, a pera ou "maçã persa" e o damasco.

Encastelado como um monstro indolente em seus luxuosos palácios e jardins, cansado de tantas disputas, dedicou-se por inteiro ao exercício da Filosofia, entregue à investigação da verdade e à prática da meditação calma sobre as plácidas doutrinas de Epicuro. Ele era fluente em grego, o que para a época era remarcável.

Lucullus não sentia apenas prazer, mas também orgulho nessa forma de viver. Diz-se, por exemplo, que entreteve por muitos dias sucessivos alguns gregos que tinham vindo a Roma, e que, com escrúpulos genuinamente gregos, ficaram finalmente envergonhados de aceitar seu convite, com o fundamento de que estavam causando tantas despesas, ao que Lucullus respondeu com um sorriso: "Parte dessa despesa, meus amigos gregos, é de fato por vossa conta; a maior parte, no entanto, é por
causa de Lucullus…."

Cena Romana: "Ab Ovo Usque ad Mala" (do ovo até a maçã).

Os cardápios da época eram de, no mínimo, dez etapas. Servia-se peixes inteiros recheados, carnes de caça, aves, peças bovinas, tudo de preferência em cortes enormes e quando possível do bicho inteiro, múltiplas variedades de queijos, azeitonas, galetas de pães, as sobremesas ainda não tinham muita vez, umas receitas de tortas de queijo apenas, e suntuosas cestas de frutas e flores faziam parte do cenário.

O vinho era batizado com um pouco de água para durar mais, não por economia, mas por cuidado a tolerância ao álcool. O horário ideal era no final da tarde, o frescor da noite ajudando no conforto dos convidados e afastando insetos que de dia infestavam os locais para refeições... " In mensa omnia fiunt" na mesa tudo acontece !

 

Foto do Bernard Twardy

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