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Mudança na CNH foi uma boa decisão?
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Boris Feldman é mineiro, formado em Engenharia e Comunicação. Foi engenheiro da fábrica de peças para motores Metal Leve e editor de diversos cadernos de automóveis. Escreve a coluna sobre o setor automotivo no O POVO e em diversos outros jornais pelo país. Também possui quadro sobre veículos na rádio O POVO/CBN

Mudança na CNH foi uma boa decisão?

Brasil está entre os países campeões de mortes no trânsito. Canetada do Contran vai levá-lo ao podium
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Com a mudança, o governo estima que o valor total para tirar a primeira habilitação deve cair até 80% (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Com a mudança, o governo estima que o valor total para tirar a primeira habilitação deve cair até 80%

Diz o José Simão que o Brasil é o País da piada pronta. Tem razão. Só que, às vezes, é o País da piada de mau gosto pronta. Como a canetada recente do Contran que dispensou a autoescola para o candidato à CNH.

Ou seja, nós estamos num País que está entre os campeões do mundo em mortes por acidentes de trânsito: são 40 mil anuais, número limitado às estatísticas no local da ocorrência, fora os óbitos nos hospitais nos dias seguintes.

O governo chama o novo sistema de “democratização” da habilitação, pois reduz significativamente o custo para a obtenção da CNH, realmente elevado, cerca de R$ 4 mil.

Com a canetada, caiu a exigência da autoescola. O curso teórico pode ser feito pela internet, os instrutores podem ser autônomos. Qualquer carro pode ser utilizado no curso prático e não mais o específico para autoescola com duplo comando de pedais. Mas, um dos pontos mais preocupantes é que, em vez de 20 horas mínimas, bastam duas horas de treino prático. Dá para acreditar?

O Detran continua responsável pelas provas e emissão da CNH e não se modificam as exigências para a habilitação. Não há dúvida de que o custo será drasticamente reduzido.

Mas, como a maioria dos acidentes de trânsito são provocados por deficiência do motorista, resta a certeza de que a CNH será concedida para um candidato ainda pior preparado e com maior probabilidade de provocar acidentes no trânsito.

No passado, o presidente da associação de autoescolas de São Paulo chegou a afirmar que nos cursos preparatórios para a CNH, o aluno fingia que aprendia, o professor fingia que ensinava...

Já se falou demais em aumentar o nível de exigência aos candidatos à habilitação mas, insensível à gravidade do problema e sob o frágil e inconsistente argumento de democratizar a obtenção da CNH, o governo afrouxa em vez de apertar as exigências.

Não torna obrigatório o simulador, nem mais rigorosos os exames. Nem se criam provas qualificatórias mais objetivas para designar os examinadores, tornando mais rígidos e confiáveis os critérios para a concessão da habilitação.

Alguém duvida de que, com estas novas e medíocres regras estabelecidas pelo governo, vai aumentar o número de acidentes de trânsito no Brasil?

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