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Moroni ativo constrange plano de Capitão Wagner para o DEM
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O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política

Carlos Mazza política

Moroni ativo constrange plano de Capitão Wagner para o DEM

Tipo Opinião
Moroni é trunfo para Roberto Cláudio tentar segurar o DEM (Foto: MAURI MELO/O POVO)
Foto: MAURI MELO/O POVO Moroni é trunfo para Roberto Cláudio tentar segurar o DEM

Até então discreto em sua atuação política recente, o vice-prefeito de Fortaleza, Moroni Torgan (DEM), arregaçou as mangas e entrou para valer na campanha do pré-candidato do PDT à Prefeitura de Fortaleza. O movimento começou logo na primeira semana de agosto, quando Moroni participou de uma transmissão ao vivo ao lado do prefeito. A live tinha como pano de fundo oficial uma conversa sobre projetos de segurança pública tocados pela Prefeitura de Fortaleza e coordenados pelo ex-deputado, mas acabou ganhando mais ares de demonstração da boa relação entre o prefeito e o vice, com vários agradecimentos e elogios mútuos.

Na última semana, Moroni participou de novos eventos ao lado do prefeito, e chegou a mediar uma das rodadas de debates entre os cinco pré-candidatos do PDT à Prefeitura de Fortaleza. Como não poderia deixar de ser, sobrou rasgação de seda para o trabalho do vice em projetos como das torres de segurança da Guarda Municipal, com a candidatura do oposicionista Capitão Wagner (Pros) virando saco de pancadas entre Moroni e os pedetistas. A estratégia é clara: usar o currículo do vice-prefeito, ex-deputado e ex-prefeiturável com trajetória no discurso da segurança, para anular falas na mesma linha de candidaturas da oposição.

A tática não é nada nova e chegou até a ser utilizada na campanha de 2016, quando Roberto Cláudio se reelegeu contra Capitão Wagner. Desta vez, no entanto, há um novo contexto que chama a atenção. Não é segredo para ninguém: desde o ano passado, Wagner tem tentado puxar para o seu lado da disputa o partido de Moroni. Faria até certo sentido, visto que o DEM sempre foi dos opositores mais radicais ao PT no plano nacional, enquanto a gestão de Fortaleza possui aliança leal com o governador Camilo Santana, petista.

Contra-ataque

A estratégia é motivo de resposta do lado pedetista da equação. Desde o ano passado, quando a ala pró-Capitão Wagner quase conseguiu "tomar" as rédeas do DEM no Ceará através da direção nacional do partido, interlocutores de Ciro Gomes (PDT) em Brasília têm se aproximado de lideranças do Democratas nacional.

A aproximação é vantajosa para o próprio Ciro, sempre pré-candidato à Presidência, e para uma das principais lideranças nacionais do DEM, o prefeito de Salvador, ACM Neto, que sonha com o governo da Bahia em 2022. Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, do início deste mês, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chegou inclusive a "confessar" ter votado em Ciro em 2018.

Movimento de Moroni sinaliza que, ainda que consiga apoio do partido, Wagner ficará sem a maior liderança do partido. Ou pelo menos o atual vice estaria em uma situação bastante constrangedora, após tantos elogios ao companheiro de chapa de 2016. Vale lembrar: os últimos vice-prefeitos de Fortaleza, Gaudêncio Lucena (2012), Tin Gomes (2008), Carlos Veneranda (2004) e Isabel Lopes (2000), todos romperam com os prefeitos durante a gestão.

Campanha segura

O deputado André Figueiredo (PDT) afirma que defenderá no Congresso uma proibição legal para a realização de carreatas, comícios e eventos que gerem grandes aglomerações durante a eleição deste ano. A razão é óbvia: evitar que o clima de "vale tudo" da disputa eleitoral acabe colocando em risco a vida da população no contexto do novo coronavírus. Neste ano, é esperada uma redução nas atividades de rua das campanhas em todo o País.

Quase de graça

Pré-candidato a prefeito de Fortaleza, o deputado Renato Roseno (Psol) planeja ter gastos de entre R$ 300 mil e R$ 400 mil na campanha deste ano. Segundo ele, cerca de 60% desse valor viria por transferências do Fundo Eleitoral, financiado com dinheiro público, e 40% através de projetos de financiamento coletivo. O valor representa só cerca de 2% do teto de gastos para candidatos a prefeito em Fortaleza, em torno de R$ 14 milhões. Em 2012, Roseno teve 11,8% de toda a votação da Capital, com 148,1 mil votos.

 

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