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Ciro e PT: até onde a corda estica
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O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política

Carlos Mazza política

Ciro e PT: até onde a corda estica

A estratégia do pré-candidato Ciro Gomes de atacar o ex-presidente Lula e Jair Bolsonaro parece incomodar cada vez mais lideranças petistas de todo o País
Tipo Opinião
MAYRA PINHEIRO: homenagem do Sindicato dos Médicos (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado MAYRA PINHEIRO: homenagem do Sindicato dos Médicos

Até onde vai o limite do PT com críticas de Ciro Gomes (PDT)? A cada dia, a estratégia do pedetista para 2022 - de atacar o ex-presidente Lula e Jair Bolsonaro na busca em se viabilizar como uma "terceira via" na disputa - parece incomodar cada vez mais lideranças petistas de todo o País. Na última semana, ataques ciristas renderam até nova reação coordenada de vários deputados do partido, incluindo seus representantes no Ceará - onde a sigla mantém aliança importante com o PDT na base de Camilo Santana (PT). A dúvida que fica é: o incômodo tem chance de ir além das críticas e notas de repúdio? Duvido.

O mais recente embate entre Ciro e o PT teve episódio importante na última terça-feira, durante participação do prefeito de Sobral, Ivo Gomes (PDT), no programa Jogo Político, transmitido pelo O POVO nas redes sociais. Em entrevista aos jornalistas Ítalo Coriolano e Érico Firmo, o irmão caçula de Cid e Ciro Gomes fez duras críticas contra Lula e o PT, partido de sua vice, Christianne Coelho. Além de criticar "omissões" do ex-presidente com o sistema financeiro, disse que Ciro seria o real representante da esquerda em 2022.

A fala de Ivo despertou reações até de petistas que têm evitado os holofotes da polêmica, como José Airton Cirilo. Em entrevista ao O POVO, o deputado chegou a falar inclusive em um "inevitável divórcio" entre Ciro e o PT, destacando, no entanto, que a separação seria na relação com a "família Ferreira Gomes", e não com o PDT em si. No mesmo contexto, lideranças petistas de diversas regiões do País também disparavam críticas diretamente a Ciro, em resposta a críticas recentes do pedetista a Lula.

"São inaceitáveis (ataques de Ciro ao PT), só pode ser coisa de quem está a serviço da direita. Só servem para interditar e quebrar a aliança que temos desde 2006 e que hoje é liderada pelo Camilo. Isso não é comportamento de aliado e sim de inimigo", publicou nas redes sociais a principal liderança nacional do partido no Ceará, deputado José Guimarães. Em São Paulo, a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, subiu o tom das críticas, afirmando que Ciro "está competindo com Bolsonaro na mentira e na baixaria" e que "passou de coronel para jagunço da direita".

Rompimento?

Mesmo com a escalada cada vez maior de ânimos entre Ciro e PT, qualquer reação de petistas além das alfinetadas parece atualmente fora de questão. Até agora, tem sido maior na equação do partido a necessidade de se manter pacificada a relação com Camilo Santana, um dos principais quadros da sigla no País e, a preço de hoje, um político mais cirista que petista. Valeria a pena, na ânsia por responder ataques do pedetista, correr o risco de perder o governador para um PSB?

A tese de Zé Airton, de um rompimento com os Ferreira Gomes, mas não com o PDT, parece ainda mais improvável. No Ceará, é conhecido que um não existe sem o outro, sendo praticamente indissociáveis entre si. A preço de hoje, novas críticas de Ciro - e novas notas de repúdio de deputados petistas - parecem inevitáveis. É só esperar.

Cloroquina

 

MAYRA PINHEIRO: homenagem do Sindicato dos Médicos
MAYRA PINHEIRO: homenagem do Sindicato dos Médicos (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

Sindicato dos Médicos do Ceará homenageou neste fim de semana Mayra Pinheiro - a "Capitã Cloroquina" - como destaque da categoria em 2020. O Coletivo Rebento/Médicos em Defesa da Vida, da Ciência e do SUS lançou nota de repúdio contra a decisão, que chamam de "vergonhosa".

Eles acusam a diretoria do Simec de ter tomado a decisão de forma unilateral, sem consultar a categoria, e de censurar críticas contra a escolha nas redes sociais. Apontam ainda que o evento seria fechado como forma de evitar presença de críticos na cerimônia. Já o Simec justifica a homenagem afirmando que Mayra, ex-presidente do próprio sindicato, "assumiu protagonismo feminino no Ministério da Saúde" e "destacou-se no combate à pandemia, defendendo um dos princípios fundamentais da Medicina: a autonomia médica".

 

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