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Camilo muda secretários para amarrar aliados e conter "ciumeira"
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O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política

Carlos Mazza política

Camilo muda secretários para amarrar aliados e conter "ciumeira"

Deputados aliados têm reclamado de "invasões" de integrantes da equipe de Camilo sobre suas bases eleitorais no Interior
Tipo Opinião
 Governador Camilo Santana antecipou saída dos secretários que serão 
candidatos em 2022 (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita  Governador Camilo Santana antecipou saída dos secretários que serão candidatos em 2022

Reclamações e mal estar entre deputados da base aliada de Camilo Santana (PT) contribuíram para a decisão do governador em antecipar a saída da gestão de secretários que disputarão as eleições de 2022 no Ceará.

Na semana passada, o governador emitiu circular interna informando que os secretários e dirigentes de órgãos vinculados que pretendem disputar mandatos devem se desincompatibilizar até janeiro deste ano. A ação, confirmada pela Casa Civil, deve permitir uma minirreforma na equipe do Palácio da Abolição já em janeiro do próximo ano.

Segundo deputados ouvidos pela coluna, a decisão ocorre em meio a uma série de queixas de parlamentares da base aliada, que estariam incomodados com a atuação política de secretários que devem disputar eleição. Pelo menos dois deputados reclamaram de "invasões" de integrantes da equipe de Camilo sobre suas bases eleitorais no Interior.

Projeção política

O principal alvo das queixas é Francisco De Assis Diniz, titular da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA). Pré-candidato a deputado estadual, o secretário tem mantido intensa agenda de visitas a municípios do Interior, o que tem incomodado colegas. Outros secretários que tem despertado "ciúmes" são Zezinho Albuquerque (Cidades) e Mauro Filho (Planejamento).

Procurado pela coluna, De Assis nega relação entre atividades da pasta e seu interesse em disputar vaga na Assembleia. "As agendas nos municípios ocorrem até pela própria natureza da Secretaria, que trabalha no Interior e em todo o Estado", diz o secretário, que já presidiu o PT do Ceará e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Estado.

Líder do governo Camilo na Assembleia, o deputado Júlio César Filho (PDT) evitou comentar os incômodos dentro da base aliada, mas confirmou que a antecipação da saída dos secretários busca tornar a eleição do próximo ano "mais competitiva".

Alianças

Além da busca por conter incômodos dentro da base aliada, a minirreforma da equipe de Camilo Santana (PT) prevista para janeiro de 2022 também deve ser utilizada para estreitar a aliança entre o governo e partidos aliados no Ceará.

Segundo a coluna apurou, a ideia é "amarrar" o apoio de siglas que têm sido procuradas por grupos de oposição no Ceará. Entre os principais alvos da estratégia, estão partidos como Republicanos e o Progressistas, que hoje apoiam Jair Bolsonaro (PL) no plano federal.

Amizade antiga

Atualmente, o Republicanos tem situação ambígua no Ceará, servindo de abrigo tanto para parlamentares de boa relação com o governo, como o vereador Ronaldo Martins e o deputado estadual David Durand, quanto para opositores como o deputado André Fernandes e o vereador Carmelo Neto.

A ala do Republicanos que faz oposição ao governo, no entanto, deve deixar o partido nos próximos meses para se filiar ao PL, acompanhando o movimento de Jair Bolsonaro em Brasília. Com isso, o bloco governista do Ceará quer "aproveitar a deixa" para oficializar adesão do Republicanos à base, com direito a indicação no primeiro escalão do governo.

Já o Progressistas é atualmente comandado no Ceará por aliados próximos do governo Camilo, incluindo o deputado federal AJ Albuquerque, filho do secretário Zezinho Albuquerque (Cidades). O bloco governista, no entanto, avalia ampliar a presença do partido no governo para "garantir" a aliança para 2022.

União Brasil

Além do Republicanos e do Progressistas, outro partido na mira do governo é o União Brasil, sigla que será criada a partir da fusão entre DEM e PSL. Atualmente, o comando da legenda no Ceará é objeto de disputa entre o senador Chiquinho Feitosa (DEM), que tenta puxar o partido para a base do PT e do PDT, e o oposicionista Capitão Wagner (Pros), que tenta disputar o Governo pela sigla. Para governistas, a disputa ainda vai longe.

 


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