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Camilo troca secretários, mas não mexe no time
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O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política

Carlos Mazza política

Camilo troca secretários, mas não mexe no time

As mudanças não vão alterar os rumos do governo no último ano da gestão petista
Tipo Opinião
Marcos Cals assume a Secretaria das Cidades (Foto: SARA MAIA 19/9/2012)
Foto: SARA MAIA 19/9/2012 Marcos Cals assume a Secretaria das Cidades

Após semanas de expectativa, o governador Camilo Santana (PT) enfim anunciou ontem quem serão os substitutos dos quatro secretários que pediram, de olho na campanha eleitoral deste ano, exoneração dos cargos no final de dezembro. A mudança, no entanto, pouco deverá alterar os rumos do governo no último ano da gestão petista: na prática, todos os indicados representam continuidade direta de seus antecessores, possuindo relação próxima com os antigos secretários ou com seus partidos.

PP nas Cidades

Entre os nomes confirmados ontem por Camilo, está o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Marcos Cals, que assumirá a Secretaria das Cidades. Presidente do PP de Fortaleza, Cals substituirá outro ex-presidente do Legislativo estadual, o deputado estadual Zezinho Albuquerque, que, apesar de pedetista, é hoje um dos principais articuladores do PP no Ceará.

Político de atuação marcante durante os governos do PSDB do Ceará no início dos anos 2000, Cals chegou a sair candidato ao Governo do Ceará em 2010 e à Prefeitura de Fortaleza em 2012, sempre pelo estandarte tucano. De lá para cá, o ex-deputado passou por diversos partidos, incluindo o Solidariedade, e chegou a ocupar a diretoria de cargos federais durante o governo Michel Temer (MDB). Desde 2019, no entanto, ocupava a secretaria executiva das Cidades.

PT na Agricultura

Outra nova secretária é a ex-prefeita de Jaguaruana, Ana Teresa de Carvalho (PT), que assumirá a Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA). Petista de carteirinha, ela é aliada próxima do deputado federal José Guimarães (PT), que já tinha indicado o antecessor da ex-prefeita, o sindicalista De Assis Diniz, para o cargo.

Até o final de dezembro, ela presidia o Instituto Agropolos, uma organização civil de direito privado que realiza uma série de parcerias com a SDA para obras de desenvolvimento agrário no Interior do Estado. Ela será a primeira mulher a comandar a área da agricultura do Ceará em mais de cem anos de existência de pastas semelhantes.

PCdoB e PDT

Os outros secretários também seguem o modelo de "continuidade" política. Indicado para suceder o ex-senador Inácio Arruda (PCdoB) na pasta de Ciência e Tecnologia, o engenheiro Carlos Décimo é membro antigo (e conhecido) do PCdoB, amigo próximo de Inácio e tinha sido levado para a secretaria a convite do ex-senador.

Já Ronaldo Borges, que assume o Planejamento, também é amigo próximo do antecessor Mauro Filho (PDT), que retomou vaga na Câmara dos Deputados. Na prática, as gestões de ambos deverá ser muito influenciada pelos interesses tanto dos antigos secretários quanto de seus partidos políticos. O time segue basicamente o mesmo.

Quem ficou de fora

Chama a atenção, no entanto, a ausência de nomes do Republicanos entre os nomes anunciados ontem por Camilo. Nas últimas semanas, a mudança no secretariado era vista por integrantes da base aliada como forma de "amarrar" apoio da sigla, vista como estratégica para as eleições de 2022, no Estado. Atualmente, o partido adota postura ambígua com relação ao governo, não fazendo oposição direta no parlamento, mas também não assumindo publicamente uma relação de aliança com Camilo.

A aliança com o Republicanos, no entanto, é muito cobiçada para 2022, uma vez que a sigla – umbilicalmente ligada á Igreja Universal do Reino de Deus – tem duas das lideranças evangélicas de maior expressividade no Estado, o vereador Ronaldo Martins e o deputado estadual David Durand.

Apesar disso, deputados da base de Camilo destacam que a indicação de Cals amplia a presença do PP no governo Camilo. A aproximação entre a sigla e a base aliada é vista como essencial para 2022, visto que ela é uma das legendas cobiçadas pelo candidato da oposição no Ceará, Capitão Wagner (Pros), para uma "frente ampla".

 

Foto do Carlos Mazza

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