O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro: nem ele nem o PT nacional deverão intervir nos caminhos do partido para a eleição deste ano no Ceará. Em entrevista à Rádio Progresso FM, de Juazeiro do Norte, o líder maior petista destacou - entre muitos elogios rasgados ao governador - que é Camilo Santana (PT) que escolherá seu candidato a sucessor, destacando ainda a necessidade de respeito às "conveniências" locais.
"Camilo tem que fazer a política que é conveniente para o estado do Ceará. Eu acho que ele pode compor, não sei com quem ele vai compor", diz Lula. Por outro lado, o ex-presidente destaca que Camilo deverá também "convencer" o partido da escolha. "Acho que ele pode compor, não sei com quem ele vai compor. Sei que ele vai ser candidato ao Senado, vai escolher o candidato para sucedê-lo e que será uma pessoa que confia. Se ele confia, precisa convencer o PT a confiar e aí nós estaremos juntos", diz.
A fala de Lula acaba sendo um verdadeiro "banho de água fria" nos planos dos deputados Luizianne Lins e Zé Airton, hoje vozes minoritárias no PT na defesa de que o partido rompa com o PDT local e lance candidato próprio à sucessão de Camilo. No início do mês, o grupo dos parlamentares chegou até a fazer um ato público com militantes sobre o tema, que apostava todas as fichas em uma possível intervenção nacional do PT no Ceará em prol de uma candidatura com palanque único para Lula no Estado.
"É um equívoco histórico, em um momento em que nós podemos ter um candidato a governador do PT, eleito para governar com o modo petista, a gente insistir num candidato do clã Ferreira Gomes (...) eu defendo que o PT tenha candidato, me coloque como nome, mas, infelizmente, a maioria do PT está vacilando demais, porque fica todo mundo preocupado com quantos votos o prefeito do fulano do governador vai fazer o prefeito dele dar pra mim, candidato a deputado federal. Então fica uma coisa pequena", disse Luizianne na última terça-feira, 15, em entrevista ao jornalista Breno Altman, do Opera Mundi.
Agora, se nem Lula faz tanta questão do palanque único…
Apesar das falas de Lula, o clima no PT é de "só termina quando acaba" e a impressão é que petistas deverão seguir em ritmo de disputa interna até o fechamento das urnas da convenção do partido, entre julho e agosto. Ao longo de ontem, diversas lideranças das igla se manifestaram publicamente rebatendo falas uns dos outros à imprensa.
Pela manhã, o deputado Acrísio Sena (PT) enviou nota à coluna respondendo fala de Luizianne sobre candidatura própria do PT. Ávido defensor da manutenção da aliança com pedetistas, Acrísio destaca que a tese da deputada serviria apenas para "dividir as forças progressistas" no Estado e "abrir caminho para o bolsonarismo" chegar ao poder.
O argumento do deputado, no entanto, é rebatido pelo ex-vereador Deodato Ramalho (PT), próximo de Luizianne. Classificando a tese como "conversa fiada" e "chantagem política", o petista destaca que diversas partidos da base aliada de Camilo Santana - incluindo PSD, PP e outros - "também são da base bolsonarista". "Portanto, mude o argumento porque senão estará agindo com hipocrisia, numa chantagem política que não cola". O debate vai longe.
Chamou a atenção elogios "acima da média" que Camilo tem feito à sua vice de chapa em 2014 e 2018, Izolda Cela (PDT). Em evento na Uece na última terça-feira, além dos tradicionais "vice dos sonhos de qualquer governador", Camilo também destacou características pessoais de Izolda, assim como participação na gestão.
"Nós conversamos há sete anos. Eu sempre coloco que o governo é o governo do Camilo e da Izolda (...) é uma pessoa extraordinária, uma mulher de fibra, inteligente, sensível, uma referência hoje não só no Ceará. É uma mulher que deu grande contribuição para a educação". Nos últimos tempos, a vice-governadora tem crescido na preferência de deputados pedetistas pelo posto de candidata do PDT ao Governo.
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